Olá!
O resenhado de hoje é um recebido que eu deveria ter feito o post no mês passado, mas por causa do meu TCC, acabou ficando pendente - aliás, meu TCC me deixou longe de muita coisa, até mesmo do blog, mas a semana virou e cá estou de volta para contar que tive que incluir essa maravilha de livro nos meus favoritos. É o #2 da trilogia Desejo Proibido, o Paixão Libertadora, de Sophie Jackson.
Paixão Libertadora conta a história de Max O'Hare, um cara que está se recuperando de seu vício em cocaína. Depois de várias situações envolvendo drogas e tentativa de suicídio, ele está em uma clínica de reabilitação, vivendo um dia de cada vez, porque é assim que se vence o vício, dia após dia, sempre ocupando a mente com coisas interessantes, no caso de Max, a pintura e as consultas com dr. Elliot.
Max tem uma oficina mecânica e quem está cuidando dela é Riley, ao passo que Carter, protagonista do volume anterior, cuida da permanência de Max na clínica. O'Hare, aos poucos vai ganhando sua liberdade, até o dia em que está livre. Ele não queria voltar para Nova York, então resolve ficar na casa de veraneio de Carter e Kat - ah, as obras são independentes, mas não recomendo ler fora da ordem, com certeza você receberá um spoiler. Ele até aceita, mas se arrepende, ao ver a alegria. Max resolve ir até o condado de Preston, ficar na casa de Vince, um tio, que possui uma empresa de construção civil, ou seja, constrói casas.
Grace Brooks acaba de comprar uma casa caindo aos pedaços no condado de Preston. Ela está muito empolgada, mas Kai, seu irmão, tem receios de deixá-la sozinha: eles viveram juntos por um ano em Washington, depois do que aconteceu a Grace. Por fim, a empresa de Vince é contratada para consertar (reconstruir, diga-se de passagem) a casa. Apesar da casa estar em um estado deplorável, Grace estava orgulhosa, pois havia conseguido aquele lugar com seu próprio esforço, aquele seria o seu lar.
Max resolve trabalhar como ajudante de pedreiro na casa de Grace. E é lá que se conhecem. Em comum, apenas o fato de que estão hospedados na mesma pousada e que gostam de correr. E entre uma e outra corrida matinal, Grace propõe que eles façam sexo, para que ela volte a se sentir atraente. Sim, Grace tinha um grave problema de autoestima, mas não era frescura, ela foi vítima de violência doméstica e seu ex-marido estava em liberdade condicional do outro lado do país. Enquanto que Max sofria por ter sido abandonado por sua ex-noiva, Lizzie. Logo, temos duas pessoas que estão encontrando redenção. Será que duas pessoas com problemáticas tão pesadas conseguirão ser felizes?
Simplesmente não estou sabendo lidar com essa história! Se me apaixonei por Carter e Kat no primeiro volume, o que dizer de Max e Grace? Apesar de serem duas pessoas com passados tristes, eles fazem de tudo para buscar a felicidade - mesmo às vezes eu querendo socar o Max por ser idiota. Li muitos NAs em que os personagens buscavam a cura no sexo e em alguns deles, achei que havia sexo demais (sexo ainda vende, fazer o quê...). Mas não aqui. Neste livro, Grace foi física e mentalmente abusada por seu ex-marido, que praticamente a reduziu a lixo, inclusive na questão do sexo. Ela não se sente atraente e o sexo passa a ser tabu: jamais deixaria ser tocada por um homem, tampouco se apaixonaria. Só de pensar nisso, ela tinha crise de pânico.
Max é o clássico garanhão: pegava todas, bebia, curtia festas, enfim, o famoso bad boy. Mas ele se apaixonou por Lizzie, mas essa paixão durou até que o casal sofresse uma grave perda. Lizzie não aguentou e foi embora. Ele, então caiu na cocaína, esperando ela voltar, ou seja, caiu em declínio. Para Max, sexo passou a ser uma casualidade. Logo, a proposta de Grace o deixou encabulado, mas ele não cometeria o erro de se apaixonar, trataria Grace com carinho, mas continuaria sendo uma relação casual.
Deixando o casal de lado um pouco, preciso falar sobre algo que me deixou surpresa após a leitura. Quando você vê a capa (maravilhosa) de Paixão Libertadora, você vê um cara negro e uma moça que, aparentemente, passou por uma sessão de bronzeamento artificial. E qual foi minha surpresa ao constatar que Grace é negra! Há uma passagem no livro em que (sim, vou dar um spoiler, mas faz-se necessário para esta reflexão) Grace quer tirar algumas fotos das mãos de Max - ela é fotógrafa amadora - e a autora descreve o contraste entre "a pele dela deliciosamente escura, um caramelo quente, contra o branco levemente bronzeado dele" (pg. 146).
Você já parou para pensar quantos livros com mulheres negras existem por aí? Mas digo mulheres negras no século XXI, não as dos livros que tem escravidão como tema principal ou plano de fundo. Eu olhei na minha prateleira, que tem cerca de 100 livros, mas tirando as biografias, os Guias Politicamente Incorretos e os clássicos, são cerca de 85 livros de ficção. E nenhum, mas nenhum mesmo, a protagonista é negra. Eu tentei lembrar de algum outro que tenha lido via empréstimo, mas não me vem nenhum a mente. Sabe por que eu levantei esse ponto? Pelo simples motivo de que é raro termos negros protagonizando livros.
Independente da nacionalidade de quem escreveu, acredito que há um racismo velado até mesmo na literatura. Será que temos uma massa gigantesca de livros com personagens principais brancos pelo simples motivo de que vende mais? E a ausência de negros em papeis de destaque passa tão batido que, lendo três resenhas deste livro de blogs aleatórios que peguei na internet, nenhum dos textos citou esse detalhe. Resolvi bater nessa tecla porque estamos em um tempo em que tudo se discute e se reflete, principalmente na internet. Acho que vale a reflexão...
Como eu disse no início do post, recebi esse livro em parceria, logicamente com a Arqueiro. O trabalho de capa, revisão e edição, como sempre, impecáveis. Gostaria de ter postado essa resenha dentro do prazo, mas, como eu disse lá no início, não foi possível. Pelo que li, o próximo livro terá Riley como protagonista. Só resta qual será o próximo conto. Quem disse que vai ter conto 2.5 foi o
Goodreads.
Enfim, falei bastante mas o mais importante fica pro final: leiam, vocês vão se apaixonar por Grace e Max, agora já não sei quem é meu casal favorito, se são eles ou Carter e Kat, o jeito é esperar o livro derradeiro, rs. Ah, e por favor, deixem nos comentários suas opiniões sobre a representatividade negra na literatura atual, quero muito saber o que pensam!