Olá!
A Ani, do Entre Chocolates e Músicas, tem parceria com a Rocco e me cedeu gentilmente um exemplar de Marlena, primeiro romance da norte-americana Julie Buntin, em que duas personagens que se tornam amigas, mas de uma maneira bem obsessiva. Resenha original no EC&M.
SKOOB - Marlena é um relato autobiográfico da autora, que não é Marlena, mas Cat, uma jovem de 15 anos que acaba de se mudar para Silver Lake, uma cidade interiorana localizada no "polegar" do estado americano de Michigan, com sua mãe e seu irmão depois que foram abandonados pelo pai (que quis ficar com uma mulher muito mais nova).
Cat é uma menina ainda, estudava em escola particular, tinha uma melhor amiga, faziam coisas de adolescente burguesa, etc, até que sua vida mudou da água pro vinho. E conheceu Marlena, que tinha 17 e bebia, fumava, pintava e bordava. Uma vida que, logo de cara, impressionou nossa protagonista.
Marlena tinha vários "amigos", aqueles que só sugavam, quando estavam nas boas. Ela tinha um irmão pequeno, Sal, e seu pai era um traficante. Sua mãe sumira há alguns anos. Bolt, amigo do pai de Marlena, vivia rondando-a. Cat, que estava de saco cheio de ser a boazinha, resolveu ser amiga da jovem, mal sabendo ela que sua vida daria uma reviravolta. Drogas, álcool, problemas na escola foram as novas pautas na vida de Cat.
Tudo ia super bem, até que uma morre (eu até diria quem morreu, já que isso está na terceira página, mas mantenhamos o suspense). E a que fica viva se martiriza com a perda. Então, o livro, contado na primeira pessoa, vai oscilar entre Michigan e Nova York, que é onde a sobrevivente mora atualmente, casada, mas volta e meia caindo no vício.
A história de Marlena é mais comum do que imaginamos. Não que elas não estejam nas famílias ricas, mas é na periferia que meninas como ela (e como Cat também) se perdem nos vícios, nas ilusões, no abandono, seja da família ou do estado. Enquanto eu lia, ia me lembrando de várias coisas que vivi enquanto tinha menos de 15 anos e estudava na escola do bairro (depois me transferi para uma escola técnica estadual e tive um ensino melhor).
O livro em si é bem interessante, porém, senti que faltou algo para a Cat me convencer - da Marlena ora tinha raiva, por sua burrice, ora tinha pena, pois ela era vítima da situação - sei lá, era como se ela tivesse tudo na mão e jogou pro alto por pura birra. Porém, vale ressaltar que ela tem apenas 15 anos, e sua consciência está se formando, ela age sem pensar, da noite pro dia ela perde tudo, todos os seus conceitos sobre a vida sofrem uma cisma praticamente impossível de consertar.
Mas, por outro lado, Cat tinha consciência sim, pois ela via como os vícios destruíam Marlena dia após dia. Nossa protagonista experimentou todo tipo de droga, menos o Oxi, porque sua consciência alertou que, se ela o experimentasse, aí sim o beco não tinha saída. Ela viu isso acontecer com sua melhor amiga.
E o mais incrível nisso é que tudo isso aconteceu mesmo. Como está na capa de trás, é a própria história dela, mas que poderia ter sido minha, pode ser sua, de alguém que você conhece, por aí vai... Ao mesmo tempo que o livro traz à vida a memória de quem morreu, ele também é um alerta para os jovens, de como as drogas são o grande mal da sociedade e a melhor prevenção é não se aproximar (já dizia a apostila do Proerd).
A edição da Fábrica 231, selo da Rocco, está legal, não encontrei erros de nenhuma ordem e a capa, apesar de que a editora tinha capacidade de fazer algo melhor, fez uma arte até bacana, dando o ar de mistério que a obra necessita. Pra tentar entender a mente dos jovens, vale a leitura.