Olá!

Para o tópico de agosto do Desafio 12 Meses Literários, escolhi um livro que recebi da Ana, que tem parceria com a Universo dos Livros, detentora da hoo editora, selo voltado para o público LGBT.

SKOOB - Terezinha e outros contos da literatura queer é uma coletânea de 17 contos em que se exalta o amor e a vida, mas saindo da binaridade e da heterossexualidade. Não por isso ele não deve ser lido pelos héteros, pelo contrário, é uma obra em que qualquer pessoa, em algum momento, se identificará com algum dos textos.
E para quem gosta de métrica, tem para todos os gostos. São todos escritos em prosa, mas alguns mais parecem poesia, de tão delicados que são. Tem também quem escreve como o Saramago, que fugia das convenções tradicionais de escrita (Encabulada, pg. 105) inclusive, pra mim, é, disparado, o melhor conto do livro. E tem, claro, a boa e velha prosa, para os mais certinhos de plantão.

O livro também nos mostra como o preconceito permeia, mesmo que nas entrelinhas, nossas opiniões sobre o diferente. Numa sociedade que ainda não aceita o diferente, o novo, Terezinha é uma espécie de refúgio para aqueles que tentam entender as novas convenções, em textos de escrita simples, porém concisa, mostrando que todos merecem amar e ser amados, independentemente de sua opção/orientação sexual.

Como o livro é de contos e bem curtinho, vou deixar alguns quotes, um aperitivo do que esperar desse livro.

"Ouvir a batida de cada trilha de vida, como uma melodia gostosa de um único acorde, refazendo em notas, o fazer de novo, a outra chance de ser feliz. A vez." (Amor Irritante, pg. 73)

"Pra nova Vida nascida, nova poesia, ela escreveu a verdade do que sente e em favor do seu amor. Do amor de ambas. Em nova formação, a descrição do nascimento de novos sentimentos, em renovados três termos: Eu amo você!" (Rascunhos de Mim Mesma, pg. 44)

"Amor mais forte que a própria morte. Porque soube o que é amar e viver por alguém."  (Resquícios de Fantasia e Foliões, pg. 134)
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Olá!

Não sou de resenhar biografias, porque nunca tenho palavras para descrever o que a vida do biografado fez com a minha - no sentido de, a mensagem da vida da pessoa transformar a minha. Ou pelo menos me trazer alguma lição. A Ani, do Entre Chocolates e Músicas (a resenha original foi postada lá) me cedeu, em parceria dela com a Universo dos Livros, o livro Minha Vida com Pablo Escobar, cuja vida realmente me fascina - porque o que ele fez dificilmente será feito por outro.
SKOOB - Minha vida com Pablo Escobar é o relato brutal e verdadeiro de Jhon Jairo Velázquez, o Popeye, o braço direito do maior narcotraficante que a América Latina (e talvez o mundo) tenha visto. O livro começa com Popeye se apresentando e contando brevemente sobre sua vida antes de conhecer o Patrón. Vindo de um bairro pobre de Medellín, no departamento* de Antioquia, Jhon não teve muitas oportunidades, logo, caiu no crime e, de infração em infração, chegou no submundo do narcotráfico.

*A Colômbia possui 32 departamentos, que são equivalentes aos estados brasileiros. O que me surpreende, pois, o território colombiano não é tão grande como o brasileiro.

Popeye ascendeu sob o comando de Pablo, chegando no posto mais alto: lugar-tenente, que significa ser um homem de confiança do narcotraficante. O narrado conta com frieza como ajudou o Patrón nos mais diversos tipos de crimes, desde homicídios, como o do então ministro Rodrigo Lara Bonilla, até explosões, como a que derrubou o avião da Avianca em pleno voo.

A maioria das informações sobre Pablo descritas por Popeye eu já sabia, tendo em vista que li as duas outras biografias a respeito de Pablo, escritas por seu filho e publicadas no Brasil pela Planeta, e também porque assisti a série colombiana “Pablo Escobar – El Patrón del Mal”, disponível na Netflix – recomendo fortemente, principalmente pelas imagens reais da época, que enriquecem a trama. Então, o livro realmente ficou bom (não que antes não estivesse, mas é que, como disse, já sabia de muita coisa, então serviu mais para relembrar) quando Popeye se entrega a justiça e vai parar na cadeia.
Na cadeia, começa o calvário de Popeye, que vai passar de presídio em presídio, tentando sobreviver a cada dia, por 23 anos. Eu não consigo imaginar um ser humano trancafiado por tanto tempo numa cadeia. Não vou entrar no mérito do merecimento, mas 23 anos é uma vida. Eu tenho 23 anos. O que eu tenho de vida, esse homem tem de cadeia. Não estou dizendo que ele não mereceu ficar preso – claro que mereceu – mas o que pude perceber no decorrer da leitura é que ele foi uma espécie de bode expiatório – ele pagou por todo o cartel de Medellín.

Esse livro me lembrou o extinto jornal Notícias Populares, que circulou entre os anos de 1963 e 2001 e se popularizou por conter matérias de violência, crimes, etc. Era reconhecido porque o povo dizia que “se torcer sai sangue”. E o relato de Popeye é como esse jornal: você vai virando a página e alguém vai morrendo. É carnificina pra Datena nenhum botar defeito!

Outra coisa que, por incrível que pareça, foi como um tiro pela culatra: Pablo Escobar sempre lutou pelo fim da extradição de narcotraficantes para os EUA, para serem julgados naquele país. A primeira coisa que me chamou a atenção foi: se o tráfico nascia na Colômbia, porque raios os narcos teriam que ser julgados nos EUA? Claro que a droga chegava lá, mas ela também chegava na Europa, na Ásia, no Brasil... Escobar conseguiu, através de uma Assembleia Constituinte, que fossem proibidas as extradições. Mas, mais incrível ainda, os caras que mataram Pablo (os chefões do cartel de Cali, rival do de Medellín) fizeram com que essa lei fosse revogada. Em suma: o que Pablo conseguiu foi em vão, porque a galera que matou ele foi extraditada anos depois.

E essa parte da extradição me chama a atenção desde que comecei a saber sobre o Patrón: será que a Colômbia não tinha capacidade para julgar seus criminosos, mesmo que as Instituições de justiça estivessem contaminadas pela corrupção (e pelo paramilitarismo)? E porque diabos os Estados Unidos não sossegam o facho, com essa maldita mania de querer se meter nos assuntos (e na soberania) dos países alheios? Não à toa, tem tanto país em guerra...

O interessante também foi ver como Popeye amadureceu, se acalmou, firmou sua união com Deus e, assim, foi sobrevivendo às prisões, torturas, tentativas de assassinato e etc. Em nenhum momento ele se afastou de Deus, porém, Popeye credita as mudanças em sua vida a Deus no céu e aos profissionais, que, no presídio, o fizeram trabalhar, estudar, e melhorar como ser humano. Ele só esqueceu de dizer se voltou a falar com seu filho, de quem se separou quando ele foi transferido de presídio e acabou se afastando de toda sua família.

Por mais que tudo sobre Pablo Escobar tenha sido falado, escrito, virado filme, documentário e novela, a vida do narcotraficante mais famoso da Colômbia sempre será tema de conversas, estudos, investigações... enfim, um homem que teve uma vida incrível, que poucos tiveram. Só precisamos tomar cuidado para não endeusá-lo, como muita gente vem fazendo, achando que é legal ser traficante, porque ganha dinheiro, fama e poder. Não se esqueçam que foi a sede de poder que derrubou Pablo Escobar.

Jhon Jairo Velázquez, depois de viver tudo isso, saiu da cadeia recentemente, em liberdade condicional, e hoje vive em Medellín, de onde jura que não sai nem vivo nem morto.

Ani, novamente, obrigada por ceder o livro, em parceria dela com a Universo dos Livros. Foi uma grata leitura, principalmente pelas novidades trazidas por Popeye acerca do maior narcotraficante que a América Latina (e talvez o mundo) tenham visto.



Olá!

Mais uma sexta novinha em folha e nada como começá-la com uma resenha de um livro maravilhoso. Esse quem me deu foi a Ani, do Entre Chocolates e Músicas, que me cedeu gentilmente para resenha no fim do ano passado. Lembro que ela me deu numa sexta e, no sábado, já tinha devorado a obra, de tão linda que é. E o mais impressionante: é uma história real. Confiram a resenha de Cartas de Amor em Paris, publicado pela Universo dos Livros.
Cartas de Amor em Paris é o relato autobiográfico da norte-americana Samantha Vérant. Em 1989, aos 19 anos, durante uma viagem pela Europa com sua amiga Tracey, ela conhece o jovem Jean-Luc, em um belo restaurante de Paris. Jean-Luc estava acompanhado do amigo Patrick. Os quatro formaram um belo grupo, e resolvem passear pela Cidade-Luz mas, em dado momento do passeio, os casais se separam e Sam e Jean-Luc vivem momentos incríveis. Mas, como nem tudo são flores, ela precisa seguir viagem, deixando o jovem em Paris, mas levando consigo sensações únicas.

20 anos depois, Samantha vê seu casamento ruir. Seu fiel escudeiro é seu cachorro Ike. Além disso, ela perdeu seu emprego de diretora de arte. Pra você ver que não tá fácil, ela tá endividada até a alma. E desempregada. Tracey lembra de Jean-Luc, como uma forma de dar alguma alegria para a amiga. E ela se lembra de sete cartas que o francês escreveu para ela ainda em 89. A amiga dá a ideia para Sam criar um "blog do amor", onde as pessoas mandariam suas cartas de amor e, se fossem tão boas quanto as de Jean-Luc, elas seriam publicadas. Mas Samantha teve uma ideia melhor. Resolveu responder as cartas de Jean-Luc. 20 anos depois. Sim, ela não respondeu as cartas do cara.

Ela postou na internet alguns trechos de algumas das cartas. Nesse meio tempo, criou coragem e, após pesquisa no Google, encontrou o email de Jean-Luc. Enviou uma mensagem, em que pedia desculpas. E qual foi a surpresa quando, além dele ter respondido, ele ter respondido positivamente! Primeiro, foi a troca de emails, depois, vieram as ligações, onde eles falavam sobre tudo: desde o casamento ruim de Sam, em que chegou ao ponto de ela e seu marido dormirem em quartos separados até o divórcio de Jean-Luc, passando pela falência iminente dela e da ciência de foguetes dele.

Por incrível (e ficcional) que possa parecer, mesmo depois de duas décadas, Jean-Luc não tinha conseguido esquecê-la. E ela também não o esqueceu. Incrível. Ele, então, convida Sam para passar dez dias em Paris - ela mora na Califórnia. E ela foi, mesmo estando quase falida (ele pagou a passagem com milhas acumuladas). E quando se encontraram, nem parecia que tinha passado duas décadas, já que a chama da paixão ficou acesa todo esse tempo - e pegou fogo de vez quando chegaram ao hotel.
Estou apaixonada por esse livro! Além de ser super romântico, ainda é engraçado! Durante vários momentos, me peguei gargalhando cada vez que Samantha pagava algum mico, principalmente quando ia falar algo em francês - em uma das passagens, ela queria pedir um canudo (une paille) mas acabou pedindo sexo oral (une pipe). Mas, mesmo com essas situações engraçadas/bizarras/constrangedoras, Jean-Luc mostra-se um completo cavalheiro, um príncipe encantado.

Romance sempre será meu gênero favorito por excelência, mas adoro um relato autobiográfico. E se for um livro que junte as duas coisas, a chance de eu amar é enorme! Não conhecia esse livro, pesquisei por ele no site da Universo dos Livros e resolvi pedir apenas lendo a sinopse. E não me arrependo! A edição está impecável e a capa está bem bonita, mesmo tendo rostos, que é algo que não curto em capas. Só achei dois errinhos, que me deixaram confusa, mas relendo, deu pra entender perfeitamente.

Apesar de eu não acreditar que possam existir homens maravilhosos e perfeitos como Jean-Luc, o livro de Samantha é uma ode ao amor verdadeiro. É como se ele dissesse "ei, apesar de tudo, é possível sim ser feliz!". E olha que a moça sofreu, tanto com o pai biológico (um lixo de pessoa) como com o ex-marido (um idiota), mas com Jean-Luc, tudo é diferente, bonito e legal.

Pesquisando no site da autora, vi que em abril de 2017, ela vai lançar seu segundo livro "How to Make a French Family: a memoir of love, food and faux pas" (Como fazer uma família francesa: uma memória de amor, comida e gafes, em tradução livre). em que ela vai contar seu dia a dia na casa nova, no sudoeste da França, com seu marido e os dois filhos adolescentes dele (de um relacionamento anterior). Só espero duas coisas: 1) que ela tenha conseguido ter seu filho (o que acho difícil, já que ela reencontrou Jean-Luc beirando os 40) e 2) que a Universo dos Livros traga esse livro para o Brasil.

Essa é a leitura mais que adequada para curar uma ressaca literária. Uma história real, romântica e engraçada também. Daria um ótimo filme pra Sessão da Tarde (de preferência com Jennifer Aniston). Agora só me resta entender o que leva uma pessoa a ignorar cartas de amor. Por 20 anos. E como consegue aplacar a saudade todo esse tempo...

P.S.: as cartas são divulgadas ao longo da trama. E é uma mais linda que a outra.


Olá!

Finalmente o blog está voltando!!! O grosso do TCC foi feito, agora só faltam as correções pontuais, nada que não possa ser feito. E a revista está ficando tão linda *---*

Mas agora é hora de falar de um livro que me tirou o fôlego! Não conseguia não virar cada página, tamanho o suspense que cada linha trazia. O resenhado de hoje é o Arma de Vingança, do Danilo Barbosa, que tive o prazer de conhecer pessoalmente em um evento no começo deste ano. Eu peguei emprestado com uma amiga, mas me arrependo de ter demorado para ler (culpa do TCC), então confira logo abaixo a resenha de Arma de Vingança!
Arma de Vingança começa com o leitor sendo apresentado a Ana, uma mulher que, logo de cara, já diz que o livro não é uma história de amor. Brevemente ela conta um pouco sobre sua vida e, aí sim, já vamos para a história em si. Ana é uma menina que perde sua inocência depois da morte de seu pai e do abandono de sua mãe.

Ela foge de casa e muda de cidade. Consegue emprego em uma locadora e, aos poucos, refaz sua vida. Até conhecer Ricardo. Ele é o príncipe encantado, em forma de mortal. Só que não. Ricardo, que é um cara rico, vale ressaltar, faz de tudo para conquistar Ana, mas, lá no fundo, tem planos macabros para ela.

Mentiras. Terror. Medo. Ódio. Mas nem tudo é pesado, porque Ana tem ótimos amigos, como Adriana, Tiago, Paula e William. Porém, é óbvio que ela esconde segredos do passado. Segredos tão horríveis quanto o que ela viverá com Ricardo. E, depois de uma determinada situação, ela mudará. Para a pior? Isso você decide.
Que livro, meus amigos! Primeira obra que leio do Danilo e, sério, não tem como não virar fã. Principalmente pela Ana. Ele criou uma personagem muito diferente das mocinhas que vemos por aí. Este livro, quem me emprestou foi a Ana, do Entre Chocolates e Músicas. E ela me havia dito que a protagonista era forte e decidida. E é mesmo. Em dado momento, a Ana (não a minha amiga) me lembrou a Lisbeth Salander (sim, a da trilogia Millennium. Talvez, só talvez, eu goste muito dessa história). Quem leu os livros  (ou viu os filmes) lembra como Lisbeth era, determinada, sempre analisando as consequências. Ana também é assim, foco no que queria fazer. Será que o Danilo leu/assistiu a trilogia?

Como disse no início do post, nunca tinha lido nada do Danilo, então ler essa obra foi uma grata surpresa. Mais um talento nacional que merece todo o sucesso que vem recebendo - e merece ficar por muito tempo na Universo dos Livros, que acreditou e fez uma edição toda maravilhosa! A escrita do autor é fluida, intrínseca, não deixa pontas soltas e o melhor: te prende do começo ao fim. Tanto que, apesar de ter demorado para ler, quando o fiz, só parei depois que acabou. E pensei: que história do car****!

Uma trama diferente de tudo o que você já viu, Ana vai te surpreender e te deixar com o coração na mão, porque ela vai passar por maus bocados, mas ainda assim você vai se emocionar e torcer para ela. E Danilo, parabéns pela obra e espero que esse seja seu primeiro best-seller de muitos! E não fui só eu que elogiei esse livro, até o The Guardian aplaudiu essa maravilha! (confira o texto aqui) E se este grande jornal aplaudiu, quem sou eu para ir contra?