Olá!

Adoro personagens originais e, quando a Ani, do EC&M, me disse que eu poderia pedir um livro referente à parceria dela com a Rocco, me encantei de cara com a sinopse. Por que será que Eleanor Oliphant insiste em dizer que está tudo bem? Resenha originalmente postada no Entre Chocolates e Músicas.

Ah, o blog encerra seus trabalhos de 2017 hoje, voltando apenas em oito de janeiro. Desde já, desejo uma excelente passagem de ano.
SKOOB - Eleanor Oliphant é diferente de tudo que alguém já tenha visto na literatura. Ela tem 30 anos, mora em Glasgow (Escócia), trabalha em um escritório e sempre diz que está tudo bem. Não sente falta de amigos, pois não dá pra sentir falta do que nunca teve. Com respostas para tudo na ponta da língua, ela vai se surpreender quando encontrar o amor de sua vida. Na verdade, ela bate o olho em um certo cantor e decide que ele é sua cara metade.

Porém, ela não contava que, junto com Raymond Gibbons, o novo funcionário da TI, socorreria um idoso que enfartou no meio da rua. Para Eleanor, esse contato é demais, ela está acostumada a estar sozinha. Sua única conversa é com sua mãe, que está presa, sempre às quartas. Conversas essas que nunca acabavam bem. Em seu local de trabalho, era motivo de chacota, seja por suas roupas, seja por suas ações.

Eleanor, então, decide criar todo um projeto cujo objetivo era se aproximar do cantor. Passou a segui-lo nas redes sociais e até encontrou o endereço de sua casa. Mas também se dividia entre seu trabalho e visitar Sammy, o idoso enfartado. Sua vida sempre foi um livro aberto: desde que ganhou a cicatriz no rosto, ela viveu em lares adotivos e orfanatos. Aos 17, foi para a universidade, e aos 21 entrou na empresa na qual trabalha até hoje. Não há lugar para necessidades emocionais.

Quando ela se vê envolvida com Sammy e a sra. Gibbons, mãe de Raymond, Eleanor nota que há algo mais que suas obrigações enquanto funcionária. Havia vida, havia algo que era inalcançável para ela, uma coisa que ela merecia ter, mas se recusava a tentar, pois não se sentia merecedora de nada.

Sua infância foi triste, cheia de dor, medo e tristeza. Ela era só uma criança, mas ficou tão traumatizada que procurava respostas em todos os lugares, mesmo apregoando que estava bem. Mas é claro que nada estava bem. Ter perto de si pessoas como Sammy e Raymond era algo novo, pessoas que se importavam com ela e a agradeciam apenas por estar ali. Era como se ela simplesmente não aceitasse que isso de ter amigos era uma coisa bacana.
Conhecer Gail Honeyman e sua Eleanor Oliphant me foi uma grata surpresa. O livro aborda um tema que, infelizmente, ainda hoje é um tabu pra muita gente: a depressão. É uma doença silenciosa e que nos destrói pouco a pouco. No caso de nossa protagonista então, foi uma experiência cruel: depois de uma infância traumática, quis procurar no cantor aquilo que ninguém nunca lhe deu, depois do agravante de ter se envolvido com um namorado que lhe agredia sistematicamente. E essa busca incessante só fez mal a ela.

Com uma escrita envolvente e um tanto engraçada, Gail mostra como é importante estarmos cerca de quem nos quer bem e também eliminar o que nos é nocivo. E que não há nada de errado em pedir ajuda. Mesmo com algumas ações que achei um pouco idiotas por parte de Eleanor (como assim você não quer levar a bandeja depois de comer no McDonalds?), é uma pessoa maravilhosa, que te faz rir e, quando você descobre o que aconteceu com ela, sua vontade é de entrar no livro e lhe dar um grande abraço – mesmo que ela não saiba como reagir numa situação dessas.

A principio, os fósforos queimados na capa do livro não querem dizer muita coisa, mas quanto mais entramos no passado de Eleanor, mais entendemos a mensagem que a capa nos transmite. Ela é sistemática até para tomar vodca, mas isso também é um indicativo de que algo está errado. Rotina de mais faz mal e álcool não é válvula de escape para nada.

Agradeço, como sempre, à Ana, que conseguiu pra mim um exemplar desse livro lindo, que com muito bom humor e sinceridade, nos mostra como é importante ter alguém para chamar de amigo e que depressão é doença sim – e que não há nada de errado em procurar ajuda médica. A história se passa em Glasgow e gosto quando os livros saem da rota EUA-Londres-Paris. Eleanor Oliphant Está Muito Bem é o livro que todo mundo precisa ler, pois todo mundo terá algo para se identificar com ela.

p.s.: a mãe da Eleanor é uma escrota.

Compre Eleanor Oliphant Está Muito Bem clicando aqui.

Olá!

Diferente do Sob a Luz dos Seus Olhos, Sob um Milhão de Estrelas me encantou e me fez querer ser amiga da Alma, linda, maravilhosa e gente como a gente! É o segundo livro da Chris Melo que leio e estou cada vez mais encantada com sua escrita.
Resenha anterior: Sob a Luz dos Seus Olhos

SKOOB - Com alguns detalhes do livro anterior (são pequenos spoilers, mas caso você não consiga ler o anterior, não terá problemas em ler este), vamos conhecer Alma Abreu, uma jovem médica que, ao receber uma herança de uma avó até então desconhecida, ela deixa São Paulo rumo à cidade interiorana de Serra de Santa Cecília (que é fictícia). Ela vai precisar passar três dias na cidade para resolver burocracias acerca da casa, o bem que lhe foi deixado de herança.

Quem está cuidando da tal casa é Cadu, que apareceu no livro anterior e, até antes de eu ter lido este livro, não o julgava merecedor de ter uma história só para si, pelos motivos ditos na resenha anterior, cujo link está abaixo da foto, rs. Porém, o tempo fez bem a ele. Depois de sofrer uma decepção amorosa, ele deixa tudo em São Paulo e resolve aceitar um emprego como professor na universidade local, além de ter comprado um bar com o dinheiro da venda de seu apartamento.

De um jeito meio inesperado, Alma e Cadu se conhecerão e, ao mesmo tempo que o sentimento nasce, as dúvidas surgem. Cadu ainda não esqueceu seu amor de antes, o noivado de Alma foi por água abaixo depois que uma certa jovem veio a falecer. Ah, faltou dizer que, por causa dessa morte, Al - como é carinhosamente chamada por ele - postergou seu plano de começar sua especialização em cirurgia.

Na pequena cidade, Al vai descobrir uma certa irmandade feminina. As integrantes se conhecem desde sempre, pois suas mães, avós e assim por diante eram amigas, então, essas mulheres já nascem com suas amizades definidas. O grupo é pequeno, porém muito legal, sendo Claudinha (que fala demais e não sabe cozinhar), Patricia (boca suja e prima de Alma), Raquel (muito discreta) e Lucia (ou Luciana? não sei, cada hora ela era chamada de um nome). Pra mim, a mais legal, disparada, é a Paty.

Com muitos gostos em comum, incluindo a paixão e uma certa homenagem a Mario Quintana, Alma e Cadu vão descobrir que o amor não é só algo físico, mas é um sentimento que transcende qualquer plano e foge à compreensão de nós, reles seres. Sob Um Milhão de Estrelas foi a obra mais sensível que li até o momento.

Diferente de Elisa, de Sob a Luz dos Seus Olhos, que achei meio fria, Alma é totalmente o oposto! Ela é, segundo Cadu, o exemplo de mulher comum, gente como a gente, mas que sabe seduzir e é aquilo que mostra, mesmo se escondendo numa grossa camada de dor e sofrimento. Me identifiquei imediatamente com ela! É médica, então procura uma resposta exata para cada problema na sua vida, mesmo aqueles que lhe são impossíveis.
"Querida Kamila, desejo que se ilumine sob a luz das minhas humildes palavras. Beijos,"
E o Cadu, que homem! Calou minha boca. Apesar de ter sido um imbecil no livro anterior, aqui ele mostra seu verdadeiro eu: um homem sensível, delicado, gosta de ler (!!!) e usa seu vasto vocabulário com bom humor. Gostei. Como disse lá em cima, ele tenta esquecer seu antigo amor, mas, assim que vê Alma, parece que sua vida toma um novo rumo, como se aquela mulher que ele via desfilar de regata e calcinha na janela azul da casa da frente fosse "a porta que salvou a Rose do Titanic".

Agora sim posso dizer que a história da Chris me convenceu. Devorei as 319 páginas em dois dias, o que é ótimo, porque a leitura fluiu muito bem. Visitar o passado de Alma junto com ela, enquanto tenta entender o que aconteceu entre seus pais e o que levou sua mãe a criá-la sozinha, sua relação com sua avó, seus sentimentos por Cadu, o ex-noivo que prefere ver o capeta a vê-la, a jovem falecida... enfim, foi como se eu estivesse ao lado de Al nessa jornada, torcendo para que ela não se machucasse nem se iludisse.

Cada capítulo começa com uma frase de Mario Quintana, que, pelo visto, a autora é muito fã, já que pesquisar cada frase de seu vasto repertório para selecionar a que mais combinava com cada capítulo deve ser realmente um trabalho e tanto. Aliás, Quintana está muito presente na vida de ambos, cada um com sua particularidade. 

A edição da Fábrica 231 está impecável, a capa condizente com a trama (mesmo eu tendo demorado pra entender a lógica da capa) e devorei esse livro em dois dias, como já disse, mas é porque o livro é muito bom e você só vai descansar quando terminar de ler! Mais recomendado que isso, impossível.



Olá!

A Ani, do Entre Chocolates e Músicas, tem parceria com a Rocco e me cedeu gentilmente um exemplar de Marlena, primeiro romance da norte-americana Julie Buntin, em que duas personagens que se tornam amigas, mas de uma maneira bem obsessiva. Resenha original no EC&M.
SKOOB - Marlena é um relato autobiográfico da autora, que não é Marlena, mas Cat, uma jovem de 15 anos que acaba de se mudar para Silver Lake, uma cidade interiorana localizada no "polegar" do estado americano de Michigan, com sua mãe e seu irmão depois que foram abandonados pelo pai (que quis ficar com uma mulher muito mais nova).

Cat é uma menina ainda, estudava em escola particular, tinha uma melhor amiga, faziam coisas de adolescente burguesa, etc, até que sua vida mudou da água pro vinho. E conheceu Marlena, que tinha 17 e bebia, fumava, pintava e bordava. Uma vida que, logo de cara, impressionou nossa protagonista.

Marlena tinha vários "amigos", aqueles que só sugavam, quando estavam nas boas. Ela tinha um irmão pequeno, Sal, e seu pai era um traficante. Sua mãe sumira há alguns anos. Bolt, amigo do pai de Marlena, vivia rondando-a. Cat, que estava de saco cheio de ser a boazinha, resolveu ser amiga da jovem, mal sabendo ela que sua vida daria uma reviravolta. Drogas, álcool, problemas na escola foram as novas pautas na vida de Cat.

Tudo ia super bem, até que uma morre (eu até diria quem morreu, já que isso está na terceira página, mas mantenhamos o suspense). E a que fica viva se martiriza com a perda. Então, o livro, contado na primeira pessoa, vai oscilar entre Michigan e Nova York, que é onde a sobrevivente mora atualmente, casada, mas volta e meia caindo no vício.

A história de Marlena é mais comum do que imaginamos. Não que elas não estejam nas famílias ricas, mas é na periferia que meninas como ela (e como Cat também) se perdem nos vícios, nas ilusões, no abandono, seja da família ou do estado. Enquanto eu lia, ia me lembrando de várias coisas que vivi enquanto tinha menos de 15 anos e estudava na escola do bairro (depois me transferi para uma escola técnica estadual e tive um ensino melhor).
O livro em si é bem interessante, porém, senti que faltou algo para a Cat me convencer - da Marlena ora tinha raiva, por sua burrice, ora tinha pena, pois ela era vítima da situação - sei lá, era como se ela tivesse tudo na mão e jogou pro alto por pura birra. Porém, vale ressaltar que ela tem apenas 15 anos, e sua consciência está se formando, ela age sem pensar, da noite pro dia ela perde tudo, todos os seus conceitos sobre a vida sofrem uma cisma praticamente impossível de consertar.

Mas, por outro lado, Cat tinha consciência sim, pois ela via como os vícios destruíam Marlena dia após dia. Nossa protagonista experimentou todo tipo de droga, menos o Oxi, porque sua consciência alertou que, se ela o experimentasse, aí sim o beco não tinha saída. Ela viu isso acontecer com sua melhor amiga.

E o mais incrível nisso é que tudo isso aconteceu mesmo. Como está na capa de trás, é a própria história dela, mas que poderia ter sido minha, pode ser sua, de alguém que você conhece, por aí vai... Ao mesmo tempo que o livro traz à vida a memória de quem morreu, ele também é um alerta para os jovens, de como as drogas são o grande mal da sociedade e a melhor prevenção é não se aproximar (já dizia a apostila do Proerd).

A edição da Fábrica 231, selo da Rocco, está legal, não encontrei erros de nenhuma ordem e a capa, apesar de que a editora tinha capacidade de fazer algo melhor, fez uma arte até bacana, dando o ar de mistério que a obra necessita. Pra tentar entender a mente dos jovens, vale a leitura.



Olá!

Recebendo mais uma indicação, vamos de leitura nacional! Finalmente pude conhecer a escrita da Chris Melo - que tive o prazer de conhecer pessoalmente - e, apesar de não dar cinco estrelas, a história é muito bonita. Confira a resenha de Sob a Luz dos Seus Olhos.


SKOOB - Sob a luz dos seus olhos vai contar a história da Elisa, uma brasileira que viaja a Londres a trabalho. Ela trabalha numa editora e, graças a um programa da empresa, fará um intercâmbio de um ano na capital da Inglaterra. Mas, antes de chegar a Londres, ela passa em York, cidade fofinha e cheia de paisagens medievais. E é lá que ela vê pela primeira vez um belo rapaz de olhos azuis, que a deixa muito impressionada.

Agora sim, em Londres, ela vai morar na casa dos Hendson, onde é bem recebida e imediatamente se integra à família. E ela finalmente vai encontrar o dono do par de lindos olhos azuis. É o Paul, um dos filhos do casal Hendson. O sentimento nasce de maneira imediata, para desespero dos pais e encantamento dos jovens.

Mas, se a Chris Melo é considerada a "Nicholas Sparks de saia" (socorro), não é a toa. Paul e Elisa vão ficar juntos, claro, só que algo grave vai acontecer na vida da jovem, fazendo com que ela volte ao Brasil imediatamente, sem sequer se despedir direito do namorado. Seis anos se passam, Elisa tem 29 anos e Paul é um ator famoso. E finalmente ele vai reencontrá-la.

Como ela precisou largar tudo, Elisa precisou praticamente recomeçar do zero. Cadu é um doce de pessoa, seu vizinho, não sabe do passado da jovem, mas depois vemos seu lado machista e imbecil - e ainda estou indignada com o fato de que ele protagonizará o livro seguinte, Sob um milhão de Estrelas - e Carol, médica e melhor amiga de Elisa, que sabe tudo da moça, menos sobre Paul - amo e irei protegê-la.

Paul está muito mudado. Famoso, não namora mais do que dois meses, volta e meia está com uma mulher diferente, completamente irreconhecível para Elisa. Até pensamos que vai rolar um triângulo amoroso entre Paul, Elisa e Cadu, mas como eu já disse que Cadu é um imbecil, graças aos deuses da Literatura isso não acontece. Não à toa, o casal demora, mas fica junto.

Com o casal junto e feliz, vai passar mais um tempo e vai acontecer outra tragédia. E é aí que o amor do casal será posto à prova, isso porque, quando mais ninguém acreditou, Elisa foi até o fim. Com ela, só mesmo Philip e Rachel. Uma história de amor e superação, mas que não me encantou tanto assim.
Vamos lá, é um ótimo livro, mas não é tão encantador assim. Me irritei com o Cadu (e ainda não superei o fato de que ele ganha um livro só pra ele), fiquei triste com os fatos e amei o casal principal, mas não acho que a Chris seja um Nicholas Sparks feminino, tá mais pra Dani Atkins da América do Sul, isso porque a autora conduz os fatos de tal modo que nos faz acreditar que alegria infinita é uma coisa suspeita. Sob a Luz dos Seus Olhos é uma mistura de "A Escolha" (tio Nick, resenha aqui) com "A História de Nós Dois" (da Dani, resenha aqui). Aliás, essa história é bem parecida com as que citei.

Foi uma história bem escrita, detalhando bem as paisagens londrinas e americanas (onde o casal vai viver, em Santa Monica, Califórnia), mas o livro mais parecia bipolar: por um lado, felicidade em excesso, fiquei esperando acontecer coisas ruins. Aí elas aconteceram. E, olha, Chris pegou pesado, houve duas vezes que levei a mão à boca pra conter um grito (eu estava no ônibus), o que gostei muito, porque quebrou bem o doce da trama.

Um casal que amei demais, torci e shippei foi Philip, que é irmão de Paul, e Rachel, que vai aparecer no fim, então não direi nada sobre ela. FICO NO AGUARDO DE UM LIVRO SÓ DELES, OBRIGADA. Quem me recomendou o livro foi a Ana, do EC&M, que chorou com a obra (e ela raramente chora com livros). Não cheguei a chorar, mas gostei de ter conhecido a escrita da Chris. Como eu disse, não morri de amores pelo casal principal, mas não significa que não gostei, pelo contrário, amei bastante, apenas não me senti convencida por Paul e Elisa.

Cada capítulo começa com um nome de música, que vai de Elton John a One Direction, nenhuma faz meu gênero, mas a galera vai gostar bastante das sugestões. No Spotify tem a playlist que a autora montou com músicas que a inspiraram durante o processo da obra, a lista é diferente das canções que estão no livro, mas acredito que vocês vão gostar também. Li no Kindle, aproveitando um dia em que a Rocco disponibilizou a obra gratuitamente na Amazon. Não vi nenhum erro na obra, agora vou dar um tempinho para ler Sob Um Milhão de Estrelas - devidamente autografado, rs. Recomendo a leitura.