Olá!

No Vida Literária de Fevereiro, resolvi tirar a Ana e a Raíssa de suas zonas de conforto fazendo-as ler um romance policial made in Suécia. Não sei se elas já leram algo vindo deste país, mas se não o fizeram, essa será a primeira vez. Eu, como fã de romances policiais, indiquei para leitura A Princesa de Gelo, de Camilla Läckberg.

** Lembrando que o Vida Literária é um projeto em que eu e os blogs O Outro Lado da Raposa e Entre Chocolates e Músicas leiamos um livro, discutamos e depois resenhemos, cada uma contando como foi sua experiência.
A Princesa de Gelo é o primeiro livro da minha xará e conta a história de Erica Falck, uma escritora de relativo sucesso, que resolve voltar para sua cidade natal, Fjällbacka (pronúncia: fielbaca), para poder cuidar dos pertences de seus pais recém-falecidos. Porém, a pequena cidade (de 859 habitantes, segundo o Google) está às voltas por causa da morte de Alexandra Wijkner, que outrora fora sua amiga de infância, mas que não a via há mais de vinte e cinco anos.

Inicialmente, as suspeitas levavam a um possível homicídio. Porém, Erica não acreditava em nada do que diziam. Enquanto pensava nisso, ela precisava começar a escrever seu quinto livro, uma biografia. Só que não conseguia escrever quase nada, ao passo que diversas memórias com Alexandra voltavam à baila.

Nesse meio tempo, o policial Patrik Hedström foi designado por seu chefe - irritante e que sonha com uma promoção em Gotemburgo - para assistir a um depoimento de determinadas pessoas. E é aí que ele reencontra Erica Falck. Aliás, eles eram amigos de longa data (e ele era apaixonado por ela) e as questões do momento os separaram. Até aquele momento.
Em paralelo à investigação, Erica também está preocupada com sua irmã, que é casada com um crápula manipulador, que só pensa em dinheiro e seu grande sonho é vender a casa de Fjällbacka e ir morar em Londres - o cara é dessa cidade.

Bem, me interessei pela leitura quando descobri que essa história NÃO se passa em Estocolmo. Por algum motivo que não sei explicar, gosto de histórias que não se passam em grandes cidades, não à toa, o protagonista do meu livro, Segunda Chance, nasceu em Halmstad... Até então, não fazia ideia de quem era Camilla, e então, graças ao Amigo Secreto entre blogueiras que participei, pude ganhá-lo.

E, sinceramente, foi uma boa leitura. E só. Apesar de ser arrastada em alguns momentos, por causa das muitas descrições, pude notar que foi uma trama bem pensada, acredito que isso se deva ao fato de que, antes de ser escritora, Camilla trabalhava como produtora, então, provavelmente escrevia roteiros e coisas que o valha. Se por um lado, as descrições eram um pouco chatas, por outro, as mesmas descrições eram o que salvavam a história, pois eram esses detalhes que amarravam a trama.
Dividido em seis capítulos longos, o livro, escrito em terceira pessoa, mostra diversos pontos de vista, mas sempre focando em Erica e seus problemas. Na Suécia, a autora vai lançar o décimo livro da série de Erica em abril, mas, vendo as sinopses dos demais volumes que a Planeta publicou (e descontinuou), são não-seriados, ou seja, apesar de alguns detalhes da vida de Falck não terem se encerrado nesse, nos próximos, novos casos virão à tona. O que é ótimo, pois não sei se pretendo comprar os demais.

Enfim, de todos modos, é uma leitura válida, tanto pra conhecer um pouco mais sobre Camilla, Fjällbacka ou até mesmo se aventurar nos romances policiais. A escrita dela é fluida e bem detalhada (bem até demais, rs). Achei alguns erros de digitação, mas a revisão da editora está ok.

P.S.: odeio esse negócio de dizer que fulano é o novo sicrano e etc. Aqui, ousaram afirmar que Camilla é a nova Agatha Christie. Gosto das duas, mas apenas parem de comparar, por favor. Läckberg jamais será a Agatha que vem do frio. Cada uma é cada uma. Frases como essa afastam muitos leitores...

Geralmente livros policiais tem que ser bem dinâmicos e cheios de ação para me prender, então não foi o caso deste livro. Apesar de a autora se mostrar inteligente ao nos oferecer um quebra cabeça elaborado, o livro não funcionou para mim. Além disso, a estória ficou o tempo todo girando em torno da personagem principal e o foco da investigação se perdeu em meios aos problemas pessoais da protagonista. Acho que a emoção de se ler um romance policial se perdeu um pouco por causa desse estilo de narrativa. Raíssa
Comecei a gostar de livros do gênero com a escrita da Aghata Christie que em minha opinião, é mestre em criar enredos bem trabalhados e com um bom desfecho. Não gosto de comparativos, mas não posso negar que minhas expectativas estavam altas para essa obra desde a comparação na capa. Infelizmente a obra não funcionou comigo. Achei o enredo parado e sem muitas emoções... Mas essa é só a minha opinião, há diversas resenhas positivas para a obra. Dê uma chance... Ani
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Olá!

Cumprindo o mês de fevereiro do Desafio 12 Meses Literários, o resenhado de hoje é um livro que me surpreendeu positivamente. Achava que era uma coisa mas conforme a história foi se desenvolvendo, fui me envolvendo mais e mais... Confiram a resenha de Colega de Quarto, romance de estreia de Victor Bonini.
A história começa com o estudante de Direito Eric Schatz - carioca radicado em SP - procurando o detetive e advogado Conrado "Lyra" Bartelli em seu escritório. Até aí tudo bem, se não fosse de madrugada e Eric não estivesse beirando o desespero. Eric conta ao detetive que há um "colega de quarto" em seu apartamento, alguém que entra e mexe em suas coisas. Por causa da arrogância do jovem, Conrado decide não pegar o caso, mas logo se arrepende.

Algumas horas depois, Eric aparece morto. Aparentemente, ele se jogou de seu apartamento - no décimo quinto andar. De início, ninguém entendia porque o jovem se matou, já que ele era de boa família e tinha vida de playboy. Após pesquisar na internet, Lyra descobriu que o sobrenome Schatz era bem importante no meio empresarial.

Porém, após conversas com o dr. Wilson, delegado do DHPP, Lyra pressente que há algo muito errado nessa história. Antes de morrer, Eric ainda entrou em contato novamente com Lyra, por telefone, mas aí já era tarde demais. Muitas pessoas sabiam de segredos de Eric, e fariam questão de esconder de todos, até mesmo da polícia.
Como me arrependo de ter demorado pra ler essa maravilha!!! Cumprindo o segundo item do desafio - ler um autor nacional - escolhi Colega de Quarto porque já havia comprado há algum tempo, num evento que fui. Mas, de cara, achei que o livro enveredasse pelo sobrenatural, segundo a sinopse. Mas, conforme você vai lendo, a trama vai se transformando num romance policial de tirar o fôlego!

Lyra Bartelli é um advogado que faz as vezes de detetive particular, então ele sabe ler muito bem nas entrelinhas. E apesar de não ter aceitado o caso de Eric, ele sabia que havia algo de errado com aquele rapaz que, via-se de longe, era bem de vida, mas sem amor. Junto com o dr. Wilson, ele terá um enorme desafio, em que precisará duvidar até do sobrenatural para dar um ponto final no caso da morte do jovem.

O autor simplesmente arrasou em seu livro de estreia! Uma trama bem escrita, sem pontas soltas, personagens bem desenvolvidos e, o mais legal, a história se passa em São Paulo! Então, pra mim, a trama fluiu com muito mais naturalidade porque conheço todos os pontos citados durante a leitura. Exemplo: o Zeca, amigo do Eric (guardem esse nome) mora no bairro do Tatuapé, que é perto do bairro onde moro (Vila Maria). Já o consultório do psicólogo Armando (guardem também) fica no bairro do Pacaembu, há também outras citações, como o shopping Higienópolis, a avenida 23 de Maio e assim por diante.

Os personagens são bem escritos numa trama intrínseca, em que você elege seu suspeito, mas pode ter certeza: você estará muito errado. E você vai saber disso da maneira mais difícil possível. O autor joga as dicas na sua frente, mas passa despercebido, aí quando chega a verdade, a surpresa é grande. Não à toa, li esse livro em um dia só, tanto que fiquei longe do computador, só pra saber do desfecho - e só fui dormir depois das 23h15, que é até um horário cedo, mas não pra mim, que madrugo e trabalho longe.
Primeiro livro que leio da Faro Editorial e apenas elogios. Materiais de praxe para uma leitura confortável (só achei as folhas um pouco grossas demais, rs). Capítulos com nomes simples, porém condizentes. Até onde pesquisei na internet, o autor ainda não publicou outros livros, mas fica um pedido encarecido: por mais histórias com Lyra Bardelli! Ele mora no meu coração e já pode ter sua própria série, como - GUARDADAS AS DEVIDAS PROPORÇÕES - Lisbeth Salander, Hercule Poirot, Sherlock Holmes e tantos outros investigadores que amamos. Cinco estrelas é pouco pra essa maravilha.

P.S.: esse é o primeiro romance policial escrito por um brasileiro que leio. Aceito sugestões de outros nacionais.

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Olá!

O resenhado de hoje foi um recebido da Arqueiro, parceira do blog, que me surpreendeu. É a primeira vez que leio uma obra do francês Michel Bussi. E não sei se terei palavras para descrever esse livro. Tentarei, eu juro. Confira a resenha de Ninfeias Negras.
Estamos em Giverny, um vilarejo no interior da França. Até aí, nada demais, se Giverny não tivesse sido imortalizada nas telas do único pintor possível, o gênio do Impressionismo, Claude Monet (1840-1926). Estamos em 2010 e o lugar foi palco de um terrível crime: o oftalmologista Jérôme Morval é brutalmente assassinato, à beira de um rio. Para tentar solucionar esse mistério, o detetive Laurenç Sérénac é designado para o caso.

Mas, quem nos contará melhor esse caso é a velha, uma mulher octogenária que anda pelos cantos, sempre vendo tudo, através do quarto andar do moinho de Chennevières, onde esconde sua maior preciosidade: um quadro, intitulado Ninfeias Negras.
A história dessa velha se mistura à história de outras duas mulheres: uma menina de onze anos, Fanette, que sonha se tornar uma grande pintora; e a professora Stéphanie Dupain, da escola local, que vive presa em um casamento sem amor.

Voltando ao crime, Sérénac e seu fiel assistente Sylvio Bénévides buscam provas e suspeitos nos mais diversos lugares, mas cada vez que procuram, mais difícil fica de desvendar o caso. Morval é um colecionador das obras de Monet e, antes de morrer, estava obcecado em conseguir um quadro de Ninfeias. Além disso, era conhecido por trair a esposa.

O livro é narrado sob as óticas de: da velha (primeira pessoa), do detetive Sérénac (em terceira) e de Fanette (primeira pessoa, mas com pensamentos em primeira), então temos vários pontos de vista para a mesma situação. Ah, e vale ressaltar que Giverny acompanhou tudo isso em treze dias. E várias histórias se desencadeiam a partir desse crime: o casamento frio de Stéphanie, o quadro que Fanette está pintando para participar de um concurso, a investigação de Sérénac...

Adorei o marcador!
Gente, eu não tenho palavras para descrever esse livro (sim, já disse isso no início do post, mas preciso repetir)! Nunca tinha lido um romance policial francês, ainda mais se passando numa cidade como Giverny, que respira Impressionismo, Monet e arte, muita arte! Um ponto muito positivo para Bussi é que ele inseriu muitos fatos reais na trama. Os locais, outros pintores, as histórias sobre Monet, alguns crimes de arte citados, tudo isso é real. E eu adoro quando fatos reais são inseridos na trama.

Apesar dos fatos terem acontecido em treze dias - dividido em duas partes -, a história não acontece às pressas, tudo é devidamente bem trabalhado, bem descrito, bem contado, fazendo o leitor entrar na história e assistir a tudo de camarote, junto com a velha.

Sério, eu preciso comentar esse livro com alguém, porque o final me fez levar às mãos na cabeça. Nem me passou pela mente a forma como o autor encerraria o caso. Você acredita em uma coisa durante todo o tempo, aí no fim, o autor vai lá e esfrega na sua cara que você esteve errado o tempo todo!

Bom, não posso falar mais sobre Ninfeias Negras porque qualquer coisa a mais que eu diga será spoiler. Porém, posso afirmar que a Arqueiro arrasou no trabalho. Não encontrei erros de nenhuma ordem e estou apaixonada por essa capa preta com um verniz que simula água. O marcador personalizado dá todo um charme à leitura. Durante a leitura, pensei em dar quatro estrelas no Skoob, por detalhes, mas por causa do final, cinco estrelas é muito pouco para essa obra!
Casa de Monet, em Giverny. Foto: site oficial de Giverny
Portanto, obra mais que recomendada, para mim foi uma experiência interessante ler um romance policial de um autor fora do eixo EUA-Inglaterra-Suécia. Vale muito a pena, ainda mais porque Giverny é muito linda!
Aureliano, de Luis Aragon.

Olá!

Antes de qualquer coisa, peço que leiam com atenção e carinho este post. Originalmente, era outro texto que estava aqui, mas devido a uma bruxaria do blogger, que foge à minha compreensão, perdi tudo. O tema era esse mesmo, mas estava bem mais escrito, já que eu tinha feito a resenha assim que terminei de ler. Nada do texto original foi recuperado e o post pode não ficar tão bom quanto estava. Mas não desista de mim e confira a resenha do segundo livro da série Millennium, A Menina que Brincava com Fogo.
Amo tanto essa trilogia, que ela é protegida pelos meus Minions guardas!
Skoob | Submarino | Americanas | Série Millennium

Resenhas Anteriores: Os Homens que Não Amavam as Mulheres - Livro | Filme

Dando sequência à doutrinação segundo "a palavra de Larsson", neste segundo volume, a Millennium está às voltas com sua nova edição e, para isso, ele contará com dois colaboradores: o jornalista Dag Svensson e sua namorada, Mia Bergman, doutoranda em criminologia. O tema da revista será o "comércio do sexo", que é um nome mais bonito para tráfico e exploração sexual de mulheres. Muitos nomes fortes da Suécia estão envolvidos, ou seja, uma edição que pode abalar as estruturas de poder no reino - lembrando que a Suécia é uma monarquia.

Por outro lado, Lisbeth Salander está gastando sua grana em uma viagem pelo mundo. Conheceu pessoas boas e ruins, estudou matemática (socorro) e sumiu da vista de todos. Colocou silicone nos seios e tirou algumas tatuagens e piercings (incluindo um íntimo, segundo o autor). Quando voltou, seu rosto estava estampado em todos os jornais da Suécia. 

Isso porque Dag e Mia foram assassinados. Além deles, Nils Bjurman também morreu e Lisbeth é a principal suspeita. Seu histórico também não ajuda: foi declarada perturbada mentalmente, fazendo com que ela se tornasse a inimiga número 1 do país. A favor dela, só mesmo Mikael Blomkvist, que sabe que ela é inocente, mas sabe também que seu conceito de ética é diferente do considerado "correto".

Além disso, Lisbeth recebe a notícia de que seu ex-tutor, Holgen Palmgren, está vivo mas debilitado em uma casa de saúde. Mas, o inimigo é maior. Zala. Ele é a chave da história. Seu passado está diretamente ligado à história de Lisbeth. Muito sobre Lisbeth é revelado - muito mesmo - e o ponto de partida é quando ela tinha 12 anos e o que ela chama de Todo O Mal aconteceu.

Posso ter perdido a resenha original, mas ainda me lembro de algumas coisas, como, por exemplo, o fato de que, neste livro, Mikael e Lisbeth só vão se encontrar uma vez, quando ela será salva do "gigante loiro", um cara alto e de dar medo. Outra coisa - essa eu não esqueço, rs - é que essa história é apaixonante! Do começo ao fim, o livro possui várias críticas à sociedade sueca, mas que, se trocarmos uma ou duas palavras, serve direitinho à nossa sociedade.

Por exemplo, em uma passagem do livro, Erika Berger pensa em seu relacionamento com Mikael. É um spoiler, mas lá vai: ela é casada com um artista plástico, mas possui uma sólida relação com Micke há uns vinte anos. E fica chateada quando "amigos" e "colegas" falam dela - pelas costas - sendo que o próprio marido sabe do relacionamento e ok, ele aprova. 
Fiel ao amante? Um belo paradoxo por parte de Stieg Larsson, rs.
Para quem não sabe, Stieg Larsson era anti-machista, antirrascista e um crítico fervoroso da extrema direita - aqui no Brasil, hoje, ele seria chamado de "mortadela", o que é triste. Aliás, é triste você ser taxado de qualquer coisa relacionado à política. Então, ele usa o livro para criticar o fato de que, como Micke é homem, ele pode "passar o rodo", mas Erika é mulher, então ela tem que ser fiel, porque se tem mais um homem é "vadia". Tem outro spoiler, mais legal ainda, mas não vou dar não, rs.

À distância, através do computador de Blomkvist, Lisbeth vai juntando documentos para provar sua inocência. Ela, sempre lançando mão de sua inteligência, precisará de muito mais frieza para não sair por aí matando todos os homens que fizeram mal para ela, inclusive um certo Peter Teleborian, que faz muita questão de mantê-la num hospício pelo resto da vida.

Se o assunto é Millennium, não esperem imparcialidade de minha parte. Eu amo esta trilogia e irei protegê-la. Mas, as 611 páginas do volume não assustam, pelo contrário, apesar da repetição de nomes que o autor coloca ao longo do texto, você devora cada página com o coração na mão. O que aconteceu a Lisbeth? Ela é perturbada mesmo? E Mikael, o que fará para ajudá-la? E aí, quando vê, o livro acaba numa parte crucial, em que você perde até o sentido da vida. Por quê??
Essa foto foi o que me fez perder o post original. Por favor, apreciem-na, sou péssima fotógrafa, mas essa ficou demais!
Uma equipe policial está atrás de Lisbeth, mas eles mesmos não se convencem da culpa dela. Muitas coisas não se encaixam. E, mais uma vez, uma crítica de Larsson está nas entrelinhas. O Estado. O Estado sueco falhou com Salander. Ela pediu ajuda a um monte de gente quando Zala a prejudicou. De nada adiantou. Para encobrir um cidadão, acabaram com a vida de uma menina. O Estado sueco falha. O Estado brasileiro falha. O que aconteceu com ela, infelizmente, pode acontecer com qualquer uma de nós.

Eu já vi os três filmes - sem palavras, mas vai ter resenha - e vou demorar a ler os volumes restantes, mas não posso deixar de recomendar uma trama tão apaixonante. Falando em tramas, a Suécia é terreno fértil para quem escreve romances policiais/thrillers/suspenses. Podemos classificar em três grupos: o primeiro, com os precursores do gênero naquele país, com autores como Maj Sjöwall e Per Wahlöö, nos anos 70. Depois vieram os best-sellers internacionais, como Lars Kepler (dois de seus livros foram publicados pela Intrínseca), Camilla Läckberg (publicada pela Planeta de Livros), Henning Mankell (morto em 2015) e Liza Marklund (o Brasil precisa conhecer essa mulher). Por fim, acima de todos esses, Stieg Larsson. E não porque sou fã, mas porque o que ele escreveu, dificilmente outro/a fará parecido. Tão cedo será superado.

Como eu disse, logo menos terá resenha dos filmes 2 e 3, mas por ora, por favor, vamos conferir essa trama elétrica, sem falar que tem muitas referências da cultura pop tanto sueca. Uma aula de história, de informática, de jornalismo, de ética... Arrisco dizer que esses livros são uma verdadeira faculdade!

P.S.: saiu no G1 que o David Lagercrantz vai escrever mais dois volumes, sendo um a ser lançado este ano. Parte ruim: não é o Larsson. Parte boa: vai ter mais Salander e Blomkvist sim, o que será maravilhoso! O link está aqui.


Olá!

Dando sequência a maratona Férias Literárias, (clica aí no link pra não perder o fio da meada) já sabido que é um projeto em parceria com os blogs O Outro Lado da Raposa e Entre Chocolates e Músicas,  respectivamente Raíssa e Ana. Trago a resenha de um romance que não é bem um romance, mas um thriller policial, mas dizem que é romance porque a autora coloca uns casais, mas que vale a pena por ser policial.

Morte no Nilo é um daqueles romances que intriga, mas, ao mesmo tempo, você fica sem entender, porque quando você acha que é uma coisa, na verdade é outra e aí você fica com cara de paisagem. Dica: todos os pronomes de tratamento aqui na resenha serão em inglês por motivos de: apareceram tanto na trama que não consigo mais pensar neles em português.



A história começa com Miss Linnet Ridgeway, uma jovem inglesa de 20 anos e podre de rica. Ela comprou uma casa de campo e reformou à sua maneira e não quer se casar com Lorde Charles Windlesham, temendo perder sua casa de campo, já que o lorde também possui uma casa de campo e, em um possível casamento, ela teria que se desfazer de sua propriedade.

Miss Ridgeway, sua amiga Joana Southwood e o Lorde Windlesham estão em um restaurante francês. Enquanto o trio conversava, chegaram Miss Jacqueline de Bellefort com seu prometido Simon Doyle, um cara legal, porém pobre. O casal planeja casar e passar a lua de mel no Egito. Mas, para isso, Doyle precisa de um emprego. É justamente por isso que o casal vai até o restaurante. Miss Linnet dará a Simon a vaga de administrador de sua casa de campo.

No mesmo restaurante está ninguém menos que o detetive Hercule Poirot (!!!). Ele percebe o casal Doyle-Bellefort discutindo sobre sua lua de mel, atentando-se quando ouviu a palavra "Egito". Poirot pensa que Jacqueline ama demais. Se você ler até o final, entenderá essa frase.

Nesse meio tempo, várias outras pessoas planejam ir ao Egito por diversos motivos. São eles, Mistress Allerton, uma senhora que ainda não tendo chegado aos 50 anos, conservava uma beleza interessante e seu filho Tim, que, por casualidade é primo em segundo grau de Joana Southwood. Em Nova York, Cornélia Robson vai acompanhar Miss Marie Van Schuyler, como sua empregada, mesmo sendo primas. Quem acompanhará as duas é a Miss Bowers, enfermeira da velha Van Schuyler. Ainda em NY, Mister Andrew Pennington recebe a notícia de que Linnet se casou. Pennington e seu sócio, Sterndale Rockford, não gostam da notícia. Pennington, sabendo que Linnet vai pro Egito, sugere que um dos dois vá para falar com ela. Pennington vai. E leva com ele outro sócio, Jim Fanthorp. E por fim, Mistress Salomé Otterbourne, que não queria ir, mas foi arrastada por sua filha, Rosalie.

Pois é, toda essa galera tem seus motivos para ir pro Egito. Basicamente, nessa história vai acontecer o que acontece em todas as histórias da Agatha: alguém vai morrer. Todos, direta ou indiretamente, desejam o mal da vítima. Certo, passados alguns capítulos (muitos, por sinal), todos os citados se encontram já em território egípcio, exceto Joana Southwood (que só reaparecerá mais pro fim do livro). Inclusive Linnet, que - pasmem - se casou com... Simon Doyle!

Não acreditei quando li! Já existiam "amigas" traindo furando os olhos umas das outras na época da trama - pelo que entendi, logo depois da crise de 29. Sim, Simon Doyle trocou Miss de Bellefort pela Miss Ridgeway, que agora era Mistress Doyle. E é óbvio que a ~recalcada~ Miss de Bellefort estaria lá. E Poirot também,  mas era o único que estava em férias, portanto, estava com vontade de conhecer o país.

Sim, o casamento entre Linnet e Simon causou burburinho entre os presentes no navio - naquela época, gente rica ia de navio. Como teve muita enrolação nessa parte, pulemos logo para a tentativa de homicídio sofrida por Mister Doyle. Miss de Bellefort, muito bêbada, tentou matá-lo com um tiro na perna, mas não aconteceu nada de grave, só uma fratura. Não, Mister Doyle não foi a vítima e sim, Mistress Doyle.

Todos já sabem então quem matou, certo? Errado! Eu não gostei da enrolação da Agatha ao escrever a história: assim como eu, ela começou contando sobre todo esse pessoal que eu descrevi em cima. E ainda aconteceu um monte de coisa, como a conversa entre Poirot e Linnet, em que ela pede para Poirot pedir para Jacqueline de Bellefort parar de perseguir ela e seu marido. Poirot tenta, mas não consegue demover Miss Bellefort de seu plano: perseguir o casal Doyle.

Até aí a trama ficou enrolada, mas começou a ficar boa quando, antes da morte, o coronel Race entra na história. Ele vai ajudar Poirot a descobrir quem matou Mistress Doyle. Pois é, todo mundo, quando lê até a morte de Linnet Doyle, já tem seu suspeito, mas a autora confunde a cabeça de quem lê, dá um bug no cérebro! Como se não bastasse, ainda haverá duas outras mortes. Duas mortes em alto mar. E ainda assim, Hercule Poirot vai demorar horrores para descobrir quem foi. Até porque a criatura que matou, fez bem feito, com paciência e articulação impressionantes. Planejou tudo nos mínimos detalhes e não deixou ponto sem nó.

A escrita da Agatha é maravilhosa, mas esse livro não foi um dos melhores. A trama não me convenceu por ter muita enrolação, muita frescura, muita coisa que poderia ter sido retirada. Pra que tantos suspeitos? Não gosto de histórias enroladas, gosto de objetividade, ou é ou não é. Mas tirando isso, a autora montou uma trama show de bola, pois não é todo autor que monta uma história dessa complexidade sem se perder - porque mesmo com tanta enrolação, ela não se perdeu, cada personagem teve sua conclusão.

Eu li em e-Book e a edição não deixou a desejar. Na verdade, eu tinha baixado um que, além de estar em português de Portugal, tinha muitos erros. Precisei baixar outro, mais recente, mas que misturava as duas variantes, o que não dificultou a leitura, exceto quando chamavam as personagens femininas de rapariga. Acho engraçado, rs.

Enfim, se você gosta de romances policiais, esse é mais que válido, mesmo tendo as partes enroladas, é uma história que te deixa apreensivo do começo ao fim, porque você acha que é, mas não é e aí acaba sendo, se piscar perde!

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