Olá!

Primeiro, feliz 2018! Agora, retomando o blog e continuando minha saga de ler em espanhol, claro que sempre que eu puder, lerei Isabel Allende. Mi País Inventado é sua segunda obra que leio na língua nativa e nunca imaginei que riria tanto durante uma leitura. O título em português é "Meu País Inventado", foi publicado aqui pela Bertrand Brasil, e infelizmente está fora de catálogo.
SKOOB - Meu País Inventado é o livro da Isabel que vai falar do Chile enquanto nação e dela enquanto chilena. Lembrando que, depois do golpe militar de 1972, ela se exilou na Venezuela, depois Líbano e assim por diante, até se estabelecer em São Francisco, onde mora até hoje. O fato de que seu padrasto era diplomata ajudou é muito nessas mudanças. O pai era um embuste (além de ser primo do Salvador; eu achava que era irmão) que um belo dia saiu pra compra cigarro e até hoje... DESCUBRA.

Isabel já era feminista muito antes do termo existir e desde sempre quis ser independente, e o fato dos Allende serem machistas a alavancou em seus desejos. Assim como sua família, a autora conta que as famílias chilenas são grandes, uns cuidando dos outros e ninguém de fora cuidando deles.

Com muito bom humor, ela vai relembrar sua juventude, com boas histórias (algumas aumentadas), e vários segredos sendo revelados também, como por exemplo, o que a levou a escrever seu primeiro livro e porque ela sempre começa a escrever seus livros em oito de janeiro - hoje!
Minha pequena coleção dedicada à Isabel Allende.
Essa edição é argentina e faz parte de meu projeto de ler mais em espanhol, para aprimorar meu vocabulário neste idioma. E sinto que estou melhorando, pois consigo entender o contexto sem a necessidade de entender palavra a palavra – só falta melhorar a pronúncia de alguns termos.

O livro foi escrito em 2003 e, muita coisa mudou de lá pra cá, muita coisa que eu nem sequer sabia, como o fato de que Michelle Bachelet, antes de ser presidente duas vezes, foi ministra da Justiça ou que a lei do divórcio só foi promulgada em 2004. Acho que seria bacana se ela pudesse revisitar esse livro e atualizá-lo, para opinar sobre Bachelet, a Lei do Divórcio, seu novo namorado, entre outros temas que abordam o Chile, que é um país um tanto pessimista, segundo a autora.

Inclusive, se um chileno te aborda perguntando se está tudo bem, diga que está “mais ou menos”. Dizer que está tudo bem é uma afronta a autoestima de quem pergunta, confesso que ri. O livro também serve como guia de como proceder quando se está em território chileno. E o conservadorismo do país é tão engraçado... Tipo, ela está contando uma coisa super seria e, do nada, ela joga uma informação engraçada.

Meu país inventado é mais um de seus livros de memórias (junto com Paula e A Soma dos Dias), cheio de verdades e cheio de coisas engraçadas também, como quando conheceu Wiilie, seu segundo marido. A sinceridade dela é um ponto forte na história, porque ela não tem papas na língua na hora de contar sua história. Então, espero que neste oito de janeiro ela se inspire e volte a folhear essa história. Vai que ela deseja atualizar...

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Olá!

Nada como ter a chance de ler o último livro de Isabel Allende, a quem vou amar e proteger enquanto viver. Recém-lançado pela Bertrand Brasil e comprado pela metade do preço nesta Brack Friday (amém, Amazon), Muito Além do Inverno é uma história que, mesmo se passando no frio do Brooklyn, é capaz de aquecer nossos corações.
SKOOB - Mais Além do Inverno conta três histórias que se entrelaçarão em uma. E a primeira história é a de Lucía Maraz, chilena, que está em Nova York, como professora convidada na Universidade local. Ela tem seus 50 anos e mora no porão do professor Richard Bowmaster, a quem gostaria de conhecer melhor, apesar de sua fama de sovino e certinho. Tinha como bicho de estimação o chihuahua Marcelo.

Fã da rotina, a segunda história é a de Richard, que é professor na mesma universidade e, aos 62 anos, quer distância de qualquer coisa que atrapalhe sua rotina perfeita. Sem emoções, sem problemas. Ele tinha quatro gatos, que chamavam-se Um, Dois, Três e Quatro, assim mesmo, em português, porque tinha passado uma boa temporada no Brasil e falava português fluentemente, além de ter estudado sobre a política do nosso país.

Um certo dia, Três é envenenado (tomou um anticongelante perdido nas coisas de Richard) e o professor o leva ao veterinário. O Brooklyn está sob a neve e, andar assim é perigoso. Na volta do consultório (Três morreu mas passa bem), ele bate na traseira de nossa terceira personagem: Evelyn Ortega, imigrante vinda da Guatemala e entra em pânico ao ver o carro batido. Seu medo é tanto que sai em disparada, antes mesmo de ouvir que o seguro de Richard cobriria o prejuízo.

Porém, algumas horas depois (no mesmo dia), Evelyn bate à porta de Richard em busca de socorro. Mas a moça é gaga e mal fala inglês e a solução encontrada pelo professor foi chamar sua vizinha. Lucía escuta-a com atenção e os dois vão se surpreender quando Evelyn abrir o porta-malas de seu carro e mostrar um cadáver. Ela tinha medo de represálias porque pegou o carro de seu patrão (um cara que ficou rico de maneira suspeita) para ir à farmácia comprar fraldas para o garoto especial de quem cuidava.
Richard logo quis chamar a polícia, mas isso logo ficou fora de cogitação por motivos óbvios: Evelyn era ilegal. Naturalmente, Lucía e o professor já eram cúmplices do crime (de ocultação de cadáver) pelo simples fato de saberem do crime. Os três então se uniram para, além de sumir com o corpo, tentar ajudar Evelyn de algum modo, já que estava sozinha no país. E ilegal. Com um plot um tanto original, vamos percorrer às histórias de cada um, ao mesmo tempo que queremos entender o que aconteceu com o cadáver.

Percorrendo o golpe militar chileno, a militância de esquerda, imigração ilegal, política brasileira, milícias de povoados minúsculos, as perdas cruéis de cada um, Isabel nos deleita com uma história rica em detalhes, detalhes de quem viveu muitas coisas retratadas na trama, desde o amor na terceira idade até ao exílio em outro país. 

Sou suspeita para comentar qualquer coisa escrita por Isabel Allende, porque vou amá-la e protegê-la enquanto eu viver. O jeito que ela mescla fatos reais em suas histórias é algo que vejo poucos fazerem - quando que nós veríamos Maria Thereza Goulart no casamento de Richard Bowmaster? Claro que, para inserir personalidades que fizeram parte da política do país (no caso de Isabel, do país dos outros, já que a última vez que esteve no Brasil foi em 1992) em um romance, faz-se necessário muita pesquisa, e ainda não colocar opiniões que digam se você é esquerda ou direita - aliás, nunca vou saber qual o lado de Isabel, já que, para ela, Salvador era só mais um tio.

O único ponto negativo fica por conta da capa brasileira. O que diabos a Bertrand Brasil fez? A capa original é muito linda e essa nova edição, (em que a editora planeja padronizar alguns títulos já publicados da autora, através de um projeto gráfico cujo conceito ainda não entendi) não indica absolutamente nada do que a história conta. Bem que poderia ter usado a capa original, como já foi feito em outros livros da autora - será que proibiram direitos de imagem?
Foto da capa original para apreciação. Imagem: divulgação
É um livro relativamente curto, em comparação à outras bíblias que ela escreveu (dá pra ler em um dia), e uma coisa que gostei muito é que Lucía e Richard foram inspirados nela mesma e no namorado. Isabel, recentemente, assumiu namoro com um simpático advogado, depois de 27 anos de casada e mais alguns curtindo a solteirice. Lembrando que ela está na flor de seus 75 anos! Já a Evelyn é um exemplo recorrente do que sofrem os ilegais nos EUA.

Até dava pra esticar um pouco a história, mas por ela não ter se prolongado, a história acabou no momento certo. Mesmo tendo quase 300 páginas, é um livro em que a escrita ajuda a história a fluir, mesmo com partes tristes (e partes muito tristes), a leitura é gostosa e rende até uns risos. Ela insere diversos fatos reais sobre o Chile (como sempre), o Brasil, a Guatemala... Aliás, ver o Brasil bem retratado num livro estrangeiro sempre me deixa abismada. Por não ter nenhum estereótipo, achei até suspeito, rs.

Muito Além do Inverno entrou para os meus favoritos (só não desbancou O Amante Japonês por motivos óbvios - resenha aqui), Isabel como sempre no meu coração, nunca me decepcionando e não tem como não torcer pro Richard e pra Lucía, é impossível não shippar esse casal, são dois fofos! Além, claro, de abordar temas importantes, como imigração e intolerância, que vai ganhar destaque na parte final do livro, mas que está nas entrelinhas da trama.

Como ainda falta muito para 8 de janeiro, o dia em que ela começará sua nova história, vou louvar esse livro para sempre, de tão lindo que ele é. E como eu já esperava, ela não me decepcionou com Muito Além do Inverno, que recomendo a todos, até mesmo pra quem não leu nada dela e procura algo leve e tranquilo de ler. Ela é a única autora viva que não me decepciona!

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Olá!

Já estava sentindo falta de resenhar algo do meu ídolo máximo Isabel Allende. Há tempos que eu queria ler A Ilha Sob o Mar, a capa é linda e a premissa é um tanto original. Quando me cansei de procurar, finalmente o encontrei. E é uma pena que eu não pude ter lido antes, por causa do TCC... Mas, agora sim, posso dividir com vocês minhas opiniões sobre essa linda história.
SKOOB - A Ilha Sob o Mar se passa no século XVIII e começa com o francês Toulouse Valmorain chegando na ilha de Saint Domingue (atual Haiti) para cuidar das propriedades de seu pai, que estava muito doente. Toulouse ficaria por pouco tempo, porém, com a morte do pai, ele acaba ficando em definitivo, justamente para cuidar das plantações de cana de açúcar do pai. Nesse meio tempo, ele conheceu a jovem espanhola Eugenia Garcia del Solar, com quem viria a se casar. E também a cortesã Violette Boisier, uma mulher considerada "de luxo", mas que acabaria criando uma amizade com o jovem.

Violette cuidaria dos preparativos da mudança de Eugenia para a casa do Valmorain, enquanto ele ia buscar sua prometida em Cuba, onde morava os Garcia del Solar. Para ajudar nas tarefas domésticas, a cortesã compra a escrava Zarité "Teté", de apenas 10 anos, que também cuidaria de Eugenia, que, com o tempo, teria suas doenças mentais agravadas (ela era doente, mas não sabia) pelos revoltosos haitianos. Lembrando que a escravidão no Haiti, diferente do que aconteceu no Brasil, teve muitas rebeliões (quase diárias, arrisco dizer) entre escravos e brancos. A escravidão no país durou 100 anos.

Só que, antes de Eugenia enlouquecer de vez, ela dá a luz ao pequeno Maurice. Enquanto isso, Valmorain faz de Teté sua escrava sexual. A escrava engravida e o senhor some com a criança. O tempo passou, Teté cresceu e teve outro filho de Toulouse, mas dessa vez, a escrava ficou com a criança - uma menina, que recebeu o nome de Rosette, em homenagem a Tante (tia, em francês) Rose, escrava e curandeira da região, conhecida por curar de brancos a negros com seus remédios poderosos.

Em paralelo à história de Valmorain e Teté, conta-se também a história do próprio território de Saint Domingue - era propriedade da França, Espanha ou Inglaterra? Nesse meio tempo, Valmorain e a família, por causa das perseguições, vão para Nova Orleans, nos Estados Unidos, onde Teté, depois de muito pelejar, finalmente consegue sua liberdade.
Tentei reproduzir aqui a imagem do acervo de Isabel, que aparece no cabeçalho deste blog. Um dia eu consigo.
Por que Isabel Allende é meu ídolo? Porque ela consegue mostrar várias histórias e, ainda assim, contar uma história só. Cada personagem que aparece na história, terá sua importância na trama geral. Paralelamente, ela vai contar a real história do Haiti, com personagens como Napoleão e Toussaint Louverture e também como Nova Orleans passa das mãos francesas para as americanas. Além de, claro, contar como os escravos não tinham vida fácil nem como escravos muito menos como libertos.

Allende também explica, através de sua narrativa sucinta e de seus personagens que, mesmo fictícios, representam histórias reais, como a colônia de Saint Domingue passou de mais rica do mundo (por causa da cana de açúcar) a terra devastada, num intervalo de 100 anos - e está assim até hoje. Spoiler: as rebeliões foram um fator crucial para a ascensão e queda da colônia.

As 470 páginas não assustam, pelo contrário, a história flui tão bem que você se sente como um espectador (eu ficava com o coração na mão toda vez que a Teté sofria alguma coisa), você consegue ver claramente tudo o que acontece na trama. O livro fala também das religiões africanas (e como é possível acreditar nos deuses e no Deus católico também) e como Isabel deve ter estudado bastante para tal. O livro em si é uma grande aula de História - você pode rever alguma informação e/ou descobrir novos fatos históricos.

Sentia falta de ler algo dela e A Ilha Sob o Mar foi uma leitura muito gratificante. Ah, e a respeito do título, a autora desvenda a tal ilha logo de cara - e a revelação é muito linda.



Olá!

Como já sabem, sou fã de crônicas, por elas serem rápidas e ainda assim ter muita história. E hoje, tem resenha de livro de crônicas! Um dos meus cronistas favoritos é o Fabrício Carpinejar e, sabendo, disso, a Ani, do Entre Chocolates e Músicas, me presenteou com o mais recente lançamento do autor, o Felicidade Incurável, e é dele que falarei hoje.

P.S.: resenha originalmente postada no Entre Chocolates e Músicas.

Como o nome já diz, Felicidade Incurável vai abordar aqueles momentos que passam despercebidos por muitos, mas não para Carpinejar. Ele aborda com delicadeza e maestria situações que vão desde brigas à toa até seus desejos mais íntimos, como o de casar na igreja (spoiler: ele conseguiu, há alguns dias).

São 267 páginas em que o autor abre seu coração sobre praticamente tudo: infância, filhos, amores, cotidiano... Enfim, não tem um tema específico, e sim, um grande compilado que fala sobre a vida. Não consegui eleger uma crônica favorita, então, recomendo que leiam todos e depois tentem eleger os favoritos. Simplesmente não dá, porque todos são bons.
Carpinejar tem um olhar sobre a vida que não me lembro de ter visto em outros autores do gênero. Ele, aliás, tem muita inspiração e criatividade, pois em sua página do Facebook todo dia tem uma mensagem que fala de amor, da vida, do passado... Ou seja, com ele é possível conversar sobre tudo!!

No mais, a resenha é curta porque além de ser difícil de resenhar um livro de crônicas, a leitura é rápida, podendo ser feita em um dia. A edição da Bertrand Brasil, como estava disposta a trabalhar, fez um ótimo trabalho, sem erros de qualquer tipo. Ani, obrigada pelo livro e desde já recomendo a todos, não vão se arrepender.


Olá!

Puxando na memória, em junho rolou o Mochilão da Record aqui em SP. Não lembro de muita coisa que rolou, mas lembro que ganhei um sorteio (um livro do Harry Potter) e chegaria pelos correios os livros que a editora distribuiria aos presentes (mas deu bostinha e não foram distribuídos no dia). Recebi quatro livros e só um me interessou. E é dele que falarei hoje.

Há mais tempo, eu li e resenhei Melancia, da Marian Keyes (resenha aqui) e até gostei da leitura, apesar da enrolação. É o primeiro da série da família Walsh, composta de cinco livros mais o spin-off, que justamente é o resenhado de hoje - dois parágrafos e ainda não falei o nome do livro, socorro.

Mamãe Walsh - Pequeno Dicionário da família Walsh é a história da família contada sob o ponto de vista da matriarca da família mais doida da Irlanda. O livro em si nem conta tantos spoilers assim, começa com uma pincelada sobre cada filha (com a indicação de cada livro que consta a história toda), para enfim, falar sobre seu dicionário.

Cada letra do alfabeto (menos K,Y e W, diga-se de passagem) tem pelo menos uma palavra ou expressão em que Mamãe Walsh conta uma história, como nos capítulos "B de Bublé" (em referência ao cantor Michael Bublé, de quem é fã) e "F de Ferrem-se Todos" (em que ela diz que é gostoso falar 'vão se ferrar', porque ferrar é diferente daquela outra palavra que começa com F).

Por ser um spin-off, é claro que vai rolar um ou outro spoiler de algum dos livros, mas a leitura é tão rápida (o livro tem 159 páginas), que você se diverte e até esquece que não leu todos (o que é meu caso, pois só li o primeiro. E caso tenha lido todos, vai relembrar de todas e cada uma delas (eu sou #teamAnna).

Pelo menos dessa vez a Bertrand Brasil não cometeu erros de revisão. A capa é uma clara referência à série e a identidade visual não deixa mentir - aliás, adoro as capas dedicadas aos livros da Marian, são tão fofas... Vou deixar os seis livros (de 12 publicados pela BB em território brasileiro) da série, para que vocês possam se localizar - a ordem é da esquerda pra direita.





Olá!

Hora de conferir mais uma resenha dessa autora que amo tanto. O Amante Japonês é um livro que eu vinha monitorando desde seu lançamento, lá nos idos do ano passado e, quando vi que viria para o Brasil, apenas surtei e fiquei esperando o dia da compra. Comprei e demorei para ler. Por que demorei? Não sei. Mas finalmente eu li e divido com vocês as minhas opiniões desse livro tão especial para mim!
O Amante Japonês é uma daquelas histórias que nos mostram o verdadeiro sentido do amor, aquele que nem a maior das tragédias consegue apagar. Apesar de não ter palavras para descrever, começo contando que Irina Bazili, jovem nascida na Moldávia, havia começado a trabalhar na Lark House, na periferia de Berkeley, São Francisco, uma residência para idosos - não é exatamente um asilo, pois a maioria ainda consegue ter uma vida independente.

Irina trabalharia como cuidadora de alguns dos internos - os dos segundo e terceiro níveis, aqueles que ainda têm uma vida independente. Os idosos de primeiro nível são os mais saudáveis possível e os de último nível são aqueles que estão no aguardo da morte.

Até que Alma Belasco chegaria na Lark House. A Lark House (casa de cotovias, em português), aliás, era uma das melhores casas para idosos da baía de São Francisco, tinha até fila de espera. Porém, Alma e seu dinheiro burlaram a fila e se instalaram no segundo nível. Imediatamente, Irina passou a ser sua moça de confiança.

Enquanto isso, Seth, neto de Alma, quer escrever um livro sobre a família Belasco e gostaria de ouvir as histórias. Logo, Seth se apaixonaria por Irina, que é totalmente alheia ao amor, por um forte motivo. Após muito investigar, Seth e Irina descobriram a história de Ichimei Fukuda e sua família, que há muitos anos trabalharam para o avó de Alma.

Aí temos a junção de duas histórias até então bifurcadas: Alma Belasco antes era Alma Mendel, uma menina polonesa e judia que, para ser salva do nazismo, foi enviada de Varsóvia para a casa dos tios Isaac e Lillian Belasco, em São Francisco. Ao chegar em SeaCliff, a residência dos Belasco, Alma conheceu o primo Nathaniel e Ichimei, filho do jardineiro Fukuda, que trabalhava para a família. A partir daí, as vidas de Ichimei e Alma estariam para sempre unidas.

Claro que, depois dos ataques a Pearl Harbor, seria a primeira vez que Alma e Ichimei se separariam, eram apenas duas crianças. Desde episódio até a chegada de Alma a Lark House, se passariam quase 70 anos e várias situações que poriam à prova o amor e os sentimentos de Alma, que dado o contexto histórico, eram passíveis de acontecer com qualquer mulher que viveu nesse período.
Ataque a Pearl Harbor
Acho que todos já sabem que amo/sou/idolatro Isabel Allende, mas dessa vez ela me levou às lágrimas! Mas não de tristeza, são lágrimas que demonstram como eu não tenho coração de pedra ela é mestre em escrever histórias carregadas de delicadeza, com pitadas de fatos reais e, claro, sua amada São Francisco como plano de fundo. 

Alma Belasco é aquela que viu a vida sob várias óticas, a de refugiada, a de moça que teve de tudo mas que se sentia só, a mulher apaixonada porém indecisa... enfim, um retrato de uma mulher única... É o tipo de livro que, depois que li, percebi como minha vida é insignificante e só me restou vestir meu capuz e ficar bem quietinha, remoendo minha vida e escondendo as lágrimas - até porque o ônibus estava lotado demais pra eu ficar mostrando meu choro assim, gratuitamente. 
Eu após a leitura, rs.
Já cansei de falar como o trabalho de tradução/edição/revisão da Bertrand Brasil em relação aos livros da Isabel deixa um pouco a desejar, mas dessa vez, eles fizeram um ótimo trabalho, não encontrei erros graves e a capa é tão linda - igual a da versão em espanhol.

Então, só me resta reconhecer o quão talentosa e maravilhosa e perfeita é Isabel Allende e recomendar esse livro que é tão lindo, sem falar que tem vários fatos reais inseridos na história!


Olá!

Mais uma vez, Nora Roberts aqui no blog! E como ela me surpreende, dessa vez com um suspense! Cada vez menos me acostumo com sua escrita, porque ela sempre está trazendo algo novo. O resenhado de hoje é A Pousada do Fim do Rio, que, esse sim deveria virar filme/série, porque te faz perder o fôlego, o tempo passa e você piscou e o livro acabou.

Skoob | Saraiva | Nora Roberts Brasil

A Pousada no Fim do Rio tem quatro partes e a primeira começa com o assassino da atriz Julie MacBride. Ela era casada com o ator Sam Tanner e viviam em Los Angeles. À época do crime, eles faziam muito sucesso, então, esse crime abalou Hollywood. Eles tinham uma filha, Olivia, "Livvy", que tinha apenas 4 anos. Julie foi assassinada por Sam, retalhada com uma tesoura. Sam estava sob efeito de drogas, o que facilitou bastante sua condenação.

O policial que cuidou do caso era Frank Brady. Foi ele quem encontrou Livvy dentro do closet no quarto, depois que a menina viu a mãe morta e o pai com a tesoura na mão, fugindo para salvar a própria vida. O caso foi de grande repercussão na mídia e na Justiça. Olivia foi criada pelos avós Rob e Val, longe de Los Angeles, em Washington, sempre cuidada também pela tia Jamie (que era gêmea de Julie). Jamie era casada com David Melbourne, um empresário do ramo da música.

Do outro lado, Noah Brady, filho de Frank, tinha só 10 anos e ficara impressionado com a repercussão do caso, ao ver seu pai investigando o caso e também ao ver uma imagem de Olivia, assustada, na porta de casa, que estava forrada de jornalistas.

Na segunda parte, Olivia tem 12 anos e descobriu sobre o seu passado, que estava escondido em recortes de jornais e revistas da época do crime. Ela decide entrar em contato com Frank Brady, para esclarecer alguns detalhes. Quando os Brady chegam à pousada, Olivia se impressionou com Noah, agora um jovem a caminho da universidade. Olivia ainda conversou com Jamie sobre o dia do crime antes de falar com Frank, Logo de cara, pinta um clima entre Noah e Livvy, mas que logo se dissipa, assim que os Brady vão embora.

Na terceira parte, agora é a vez de Livvy (que agora é apenas Liv) estar na faculdade. Ela trabalha como guia na pousada e está terminando sua graduação. Noah é um jovem jornalista que trabalha em uma redação, mas gosta mesmo é de escrever livros. Sobre assassinos. Ele tem a ideia de escrever um livro sobre o caso de Julie MacBride e resolve falar com Liv. Mas ele faz da forma errada: primeiro sai com ela e depois tenta contar. Um mal entendido faz os dois brigarem.

Por fim, na quarta e última parte, Liv tem 24 anos e Noah tem 30. Ela é guia na Pousada do Fim do Rio, que é uma das mais conhecidas do estado, além de conhecer como poucos as florestas Olympic. Ele é um autor best-seller, escreve sobre assassinos. Sam Tanner está com um tumor no cérebro, tem meses de vida. Finalmente saiu da cadeia (de condicional, porque tinha pego prisão perpétua) e resolveu falar com Noah. Queria que sua história fosse contada. E é esse livro que fará com que Noah e Liv se reencontrem depois de seis anos. Uma história com várias histórias dentro, formando uma trama intrínseca e surpreendente.



Que história! Nora Roberts mais uma vez me surpreendeu! Depois de chorar, me emocionar e amar com a série do Quarteto de Noivas, ela me apresenta um livro que dificilmente eu associaria a ela. Tem todas as pitadas de um clássico: suspense, drama, romance e umas partes engraçadas também.

Noah Brady é o típico homem perfeito, que faz de tudo para proteger sua amada, inclusive briga com ela. Ele é um jornalista que gostava mesmo era de escrever. E foi isso que escolheu para si: escrever sobre assassinos. Mesmo amando Olivia, ele viveu sua vida, se envolveu com outra mulher, tudo isso porque fez Liv achar que suas intenções eram diferentes - e eram, mas esqueceu de avisar para ela. O caso Julie MacBride faz parte de sua vida desde seus 10 anos, já que seu pai era policial naquela época.

Olivia "Livvy/Liv" MacBride cresceu praticamente isolada. Depois do crime, ela foi morar com os avós em outro estado, numa pousada. Não foi à escola, não teve amigos, sempre viveu com medo e guardou em um canto toda sua vida até o dia do crime. Para ela, as pessoas tinham que viver distantes, ela não conseguia se ver fora da pousada, era tudo para ela. Seu primeiro amor foi Noah, lá longe, quando tinha apenas 12 anos, mas sabia que não podia. Mas com o passar do tempo, o sentimento só cresceu.

Como você viu, a resenha é grande porque o livro é grande. São 529 páginas divididas em 36 capítulos. É escrito em terceira pessoa, revezando os pontos de vista de Liv e Noah (não à toa tem quatro partes, rs). Em cada parte, há uma passagem de tempo, ao todo, se passam 20 anos, com intervalos de seis anos entre os encontros do casal. (precisei fazer as contas, rs)

O livro só vai ter romance mesmo nas partes finais, até então, o suspense predomina. É uma faceta da Nora que eu não conhecia, pra mim ela só escrevia romance de época, de banca e de casamento, rs. Quando fui a biblioteca, fiquei entre pegar emprestado esse ou o Simplesmente Acontece. Mas como eu vi o filme, acabei pegando o da Nora. Melhor escolha. Uma história que te prende do começo ao fim, sem pontas soltas, com uma baita reviravolta nas páginas finais.

Aliás, por ser um livro mais longo, com várias passagens de tempo, acredito que daria uma boa minissérie. Não que eu goste de ver livros virando filmes/séries, mas tem uns que são tão bem escritos que merecem sim ir às telas. Além dos personagens principais, vale a pena prestar atenção em Caryn, Mike e Celia (respectivamente ex-namorada, amigo e mãe de Noah). Pessoas que têm papeis importantes na história.

Então sim, vale muito a pena conhecer o lado suspense da Nora, que só pra variar, escreveu um livro maravilhoso. O que peca é a revisão da Bertrand Brasil, algumas vezes durante a leitura peguei erros de revisão. O mais grave foi em relação ao nome da pousada. No original, é River's End. Aqui traduziram como "Pousada do Fim do Mundo", mas encontrei "River's End", em inglês mesmo. Mas isso (e as folhas brancas, cortesia dos livros mais antigos da editora) não tiram o brilho da história.

Portanto, leiam esse livro. Nora mais uma vez mostra seu talento em uma história que, provavelmente outro escritor se perderia, mas ela não. Ela deu seu toque e me fez devorar 529 páginas - se eu tivesse tempo, seria em tempo recorde. Apenas leiam!


Olá!

Depois de algum (longo) tempo, volto a resenhar um livro de crônicas. E quem é meu cronista favorito? Fabrício Carpinejar <3 Trago para vocês "Ai Meu Deus, Ai Meu Jesus", que, apesar do nome, não tem nada de religioso. Fala de amor e sexo mesmo.

Como já sabemos, Carpinejar é um dos grandes nomes da crônica brasileira atual. Ele fala de tudo com uma simplicidade que até assusta. E faz rir também. Nesse livro, ele reuniu mais de 150 crônicas que falam sobre amor e sexo. Mas não se preocupem, apesar do erotismo, a leitura é leve, podem ler tranquilamente.


Ele reflete como o homem e a mulher veem o amor e o sexo, sem papas na língua. Ele tenta mostrar como funciona o cérebro feminino, o cérebro masculino e as causas que os levam a fazer o que fazem quando o tema é esse.

A edição da Bertrand Brasil não está tão mal, mas encontrei alguns erros de revisão. A capa está bem legal, o título do livro está em alto relevo e as orelhas do livro vêm com uma foto do autor, em pose sensualizante rs PS: ele está com uma camisa fofa do Dengoso, dos Sete Anões.

Logo de cara, a primeira crônica "SEXO e sexo" (pg. 11) já diferencia a concepção do termo entre homem e mulher. Como cada um pensa quando esse assunto vem à tona. Claro que recomendo a leitura.Aliás, você pode ler todos os textos fora da ordem que não atrapalha. Por ser livro de crônicas, a resenha sairá mais curta, mas deixarei as cinco melhores - pelo menos pra mim, rs.

Nenhuma Mulher se Acha Bonita (pg. 14): só li verdades. Ele fala sobre as imperfeições do corpo feminino, mas que são vistas SÓ pelo olho feminino.

Sexo Depois dos Filhos (pg. 126): ele conta as dificuldades que casais com filhos (e que ainda são apaixonados) enfrentam para transar.

Vinte Razões para Amar um Careca (pg. 103): como o nome denuncia, vinte motivos para se apaixonar por um desprovido de cabelos. PS: Yul Brynner foi um ator russo-americano.

Ai Meu Deus (pg. 211): texto que intitula o livro, conta como é difícil para o homem ter tanto trabalho pra na hora H, ela chamar por Deus.

Traduzindo a Alma Feminina (pg. 252): não é bem uma crônica e sim, um questionário - baseado nos questionários da revista Capricho - só que voltado aos homens. Dica: homens, não assinalem em hipótese alguma a letra B. Mulheres, divirtam-se com a alternativa B.

Espero que vocês tenham gostado dessa resenha e quero muito saber as opiniões de vocês, portanto, os comentários fazem-se essenciais!


Olá!

Dando sequência ao projeto "Vida Literária", em parceria com as blogueiras Ani Lima, do Entre Chocolates e Músicas e Raíssa Martins, do O Outro Lado da Raposa, hoje trago para vocês a resenha de um livro legal, mas que deixou a desejar em algumas partes. Divirtam-se com Melancia, primeiro volume da série Irmãs Walsh, escrito por Marian Keyes. Sugestão da Raíssa.





Achei as duas capas bem bonitas, aliás.




Melancia conta a história de Claire, uma mulher que, aos 29 anos, acabou de ter seu primeiro bebê. Mas, o que era para ser um dia inesquecível, acabou se tornando um dia inesquecível, mas para o mal. Justamente no dia que seu bebê (uma menina) nasceu, seu marido James a abandona. Na verdade, a troca por outra mulher! Sim, o infeliz tinha uma amante. E, como não fosse suficiente, a amante era.. a vizinha! Que também era casada!

Claire, que morava em Londres, completamente arrasada, pega suas malas e volta para Dublin, para a casa de seus pais. E é nessa volta que ela conta muitas coisas sobre sua vida. Como ela tinha um emprego bom em Dublin e largou tudo para ir para Londres, ter um emprego de garçonete, como são suas quatro irmãs: Margaret e Rachel (que aparecem pouco no livro), Anna (menina hare-krishna) e Helen (a pior de todas, a língua ferina) e seus pais, neuróticos, porém engraçados.

Helen troca de affaires como troca de roupas, e é um desses affaires que ela leva para casa e que faz o coração de Claire disparar. Adam, o suposto ficante de Helen do momento, é um estudante bonito e um tanto misterioso, que vai fazer Claire perder a razão, sendo que, nesse meio tempo, ela ainda não conseguiu esquecer o que James fizera a ela.

Entre James, Adam, seus pais e irmãs, Claire ainda precisava reerguer sua autoestima e, ainda por cima precisava dar um nome à criança! A pequena recebeu o nome de Kate Nora (em homenagem às avós). Outras personagens que merecem destaque são Judy e Laura, amigas de Claire - a primeira mora em Londres e a segunda em Dublin. Elas vivem dando conselhos - dos mais sinceros aos absurdos, mas sempre dando apoio à amiga.

Esse livro é o primeiro da série escrito por Marian Keyes. Naturalmente, esse é meu primeiro contato com sua escrita. Foi uma ótima sugestão da Raíssa, que sempre lê livros com uma pegada cômica, sem deixar de ser romântica. A série possui cinco livros (um para cada irmã) e até podem ser lidos fora da ordem, mas recomendo ler na ordem, assim dá pra entender bem a trama.

Gostei muito da forma como o livro foi escrito, como se a Claire estivesse conversando com o leitor. Ela também sempre tem uma tirada engraçada, uma piada ou trocadilho para dizer, de modo que o leitor fique à vontade conforme vai lendo. Mas, isso tem um porém: conforme a autora foi brincando, ela foi se perdendo na história. Por diversas vezes ela passou muito tempo rindo de um trecho qualquer que poderia muito bem ser contado e passado para o seguinte. Ou seja, ela perde muito tempo contando coisas irrelevantes para a história. Coisas engraçadas até, mas que são irrelevantes. 

Melancia foi meu primeiro contato com a escrita de Marian e eu gostei muito do que me foi apresentado. A autora conseguiu criar personagens palpáveis que vão crescendo e evoluindo durante a história. Uma pena que haja tantos devaneios da personagem principal, pois tornou ele um pouco cansativo. Ani Lima

Pelo que percebi através desse livro, Marian gosta de abordar situações que podem acontecer com qualquer uma de nós, como depressão pós-parto, abandono, traição, etc. Logo, é possível nos identificarmos com algumas das situações que Claire vive. Como eu disse, ela perde muito tempo contando coisas irrelevantes, mas, quando ela não enrola, ela só passa por situações verdadeiras. Aliás, essa parte de enrolação fez com que eu deixasse um pouco a leitura de lado. Em dado momento, a leitura me deixou meio aborrecida, de tanto rodeio que ela fazia.

Melancia te faz dar risada de situações que, quando passamos em nossas próprias vidas, não achamos tanta graça. É igual a um filme de comédia romântica, tem todas as características de estórias assim, uma personagem meio descontrolada que acabou de passar por uma situação ruim e conforme o desenrolar dos acontecimentos ela vai superando a situação e até conhece um cara e se apaixona por ele. Não que isso seja uma coisa ruim, para quem gosta de comédias românticas (como eu). Raíssa Martins

Não sei a parte de formatação e revisão, porque li em e-book, mas a capa está bem legal e o título só fará sentido em determinado momento do livro - e nessa parte ela não enrolou, vai entender... Apesar das enrolações, a leitura é válida porque tem uma história bem legal, a Claire é super engraçada e a Marian escreve muito bem. Espero poder ter a chance de ler os demais volumes!

Naturalmente, já temos a próxima leitura do projeto. Eu escolhi A Rainha Vermelha, que, acredito que dispensa comentários.

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