Olá!

Fim de ano chegando, e, junto com ele, a resenha de um livro cuja leitura foi boa, mas que eu esperava mais, admito. Um Martíni com o Diabo é o segundo livro de Cláudia Lemes, publicado pela Empíreo. Diferente do anterior, Eu Vejo Kate - O Despertar de um Serial Killer (resenha aqui), neste ela mostra os pormenores da máfia italiana, que agiu por muitos anos (e ainda deve agir), em Las Vegas, nos anos 90. Mais um relato brutal e genial escrito por Cláudia.

Aviso: a leitura é pesada, recomendada para estômagos fortes. Quer leitura romântica? Então vai ler Nicholas Sparks, porque ela escreve de um jeito que cativa, mas também surpreende e deixa o leitor com as mais diversas sensações, inclusive náuseas.
Um Martíni com o Diabo começa com o jovem Charlie Walsh (o sobrenome já denuncia sua origem irlandesa) descobrindo suas origens. Sua mãe, Loreen, conta com detalhes e sem pudores, que foi violentada por um mafioso italiano. Charlie, então, saiu de sua casa, em Chicago e resolveu que ia matar seu pai, que vivia em Las Vegas.

Chegando em Vegas, conhecendo as pessoas certas, conseguiu se infiltrar na máfia, liderada por seu pai, Tony Conicci. Para isso, Charlie adotou um sobrenome italiano, pois, naquela época, ser irlandês nos EUA era algo complicado, guardadas as devidas proporções, é como ser negro aqui no Brasil. Mas ele está na máfia, na família. Um caminho sem volta.

Charlie conquista a confiança do capo, e acaba subindo na hierarquia da família. Mas, conforme as responsabilidades vão aumentando, os sentimentos de Charlie vão se confundindo, além de se envolver com as pessoas erradas. O tempo vai passando e o protagonista está muito diferente do que era quando chegou em Vegas. Mas é um carrossel de sentimentos, ele simplesmente não sabe o que fazer. Ele só sabe que: o FBI está na cola, seu pai precisa morrer e ele não deve se apaixonar por uma mulher em especial. Mas poder, dinheiro, drogas e amizades corrompem. E é aí que Charlie deve provar a que veio.

Foi uma boa leitura, mas, como disse no início do texto, eu esperava mais. O livro é muito bem escrito, mais uma vez a Cláudia mostra seu talento ao escrever uma história que, por mais ficcional que seja, é real, muitas coisas descritas no livro realmente aconteceram. Isso mostra também como a autora precisou estudar antes de escrever. Ela criou um Charlie que poderia ser qualquer um de nós, com um espírito vingador, mas com um coração inocente. O jovem, que foi até Vegas atrás do pai, sabia que ser da máfia não era a coisa mais fácil, mas não esperava encontrar o que encontrou.
Tony Conicci era o líder da família Conicci, uma das cinco famílias donas de Las Vegas, que faziam os cassinos e lavanderias circularem milhões de dólares na cidade - e no país. Ele tinha um séquito de associados, mas somente alguns poucos eram de sua extrema confiança, como Vinnie, Viking, Mickey e Frankie. Os Conicci e as demais famílias até se davam bem, desde que não invadissem o espaço um do outro.

Para quem gosta de descrições minuciosas em livros, principalmente descrições de décadas passadas, esse livro é ótimo, porque a autora descreve bem os locais e tudo o que neles acontecia. Em dado momento, essas descrições me cansaram um pouco, por isso acabei demorando um pouco a ler (isso e o fato de ter um TCC para apresentar). Mas, na metade final do livro, quando as coisas complicaram demais, voltei a devorar cada linha, cada página, porque a história começou a pegar fogo. Talvez por isso eu também tenha esperado mais da obra, menos descrições e muito mais ação (tem ação de sobra, mas eu queria mais, rs).

Eu recebi o livro em parceria com a Empíreo e, mais uma vez, a editora está de parabéns, uma edição impecável - como tudo o que eles fazem - sem erros de nenhuma ordem, uma capa muito bonita, condizente com a obra e, logo de cara, tem um organograma com a hierarquia dos Conicci, segundo a visão do FBI, além de um breve vocabulário com termos específicos usados pelos mafiosos.

Quem já leu Eu Vejo Kate e gostou, com certeza vai gostar deste Um Martíni com o Diabo. E se você não conhece a escrita da Cláudia, e procura algo para sair da zona de conforto, aceite minha sugestão, você não vai se arrepender!


Olá!

Começando a semana com mais uma resenha de um nacional maravilhoso que recebi em parceria com o autor. Confiram a resenha de o Androide, de Paulo de Castro.
O Androide começa com uma breve narração sobre como o mundo se transformou. E não foi coisa pouca. Uma destruição em massa e passam 1000 anos. Não há mais humanos ou animais. Quem domina são os androides, Inteligência Artificial pura. E nosso protagonista é o JPC-7938 (não, não é uma placa de carro, é o nome dele mesmo). Ele está pronto para mais um passeio pelo mundo. Porém, sua bateria está fraca.

Após resolver esse problema (que é muito grave neste mundo), ele conhece outros androides, OPR-4503 (masculino) e NCL-6062 (feminino). Eles três são androides antigos, desatualizados e têm como função apenas sobreviver. Foram criados para executar funções exercidas por humanos. JPC-7938, por exemplo, foi criado para ser um exímio engenheiro. E foi parar numa fábrica de carros em São Bernardo do Campo. Sugestivo, não?

Porém, um vírus criado também por Inteligência Artificial (o nome não vou dizer, mas também é sugestivo) fez com que os androides mais jovens - "jovens" é modo de falar, digamos que são androides mais resistentes, montados com materiais melhores - começassem a caçar os mais velhos, que, neste caso, são nossos protagonistas. E os três têm um plano para tentar salvar o mundo.

Mesmo eles não tendo qualquer sentimento humano, o trio de androides tentará conquistar algo inédito para o mundo. Mas não será fácil. Num mundo onde tudo é controlável via wi-fi, eles terão como meta sobreviver. E tentar não serem pegos pelo vírus.

Mais um excelente nacional publicado pelo selo Talentos da Literatura Brasileira, da Novo Século. O autor entrou em contato comigo via Facebook (agora o blog tem email, pra facilitar a vida, rs. O endereço está na sidebar) oferecendo o livro para leitura e resenha. Eu, como fã de distopia, não pensei duas vezes. Recebi um lindo exemplar autografado, pena que demorei a ler, por causa dele, o TCC (que logo menos será apresentado).

Julgo ser muito difícil (ou eu sou incapaz?) de escrever uma distopia, pois é necessário criar o ambiente, os personagens, o governo (ou vírus, nesse caso), mocinhos e vilões... enfim, todo o enredo necessário para uma obra desse porte. E o Paulo conseguiu, magistralmente. A cada página lida, a sensação era de que eu estava vendo o JPC-7938 ali, tentando fugir de sentinelas (androides que servem o governo), ou não demonstrando qualquer sentimento, mesmo nos momentos mais difíceis. E se já é difícil criar uma distopia com humanos, imaginem com androides, é muito mais difícil.

Espero que você aprecie a leitura deste livro e que ele possa lhe proporcionar muitos momentos prazerosos.
Uma excelente leitura, fluida, sem erros de português. As únicas coisas que me incomodaram - e isso acontece no livro todo - é o exagero para explicar que os androides são desprovidos de sentimentos. Por exemplo, o autor diz que, durante um ataque, "vindo repousar contra a espada, elevada com dificuldade, com lentidão." (pg. 163) Não sei se vou conseguir explicar bem, mas o autor enfeita demais um simples fato, como no caso do quote acima, em que o personagem foi atingido pela espada. É como se ele quisesse dar certeza que o fato aconteceu.

O outro detalhe que não gostei foi a linguagem. Ela é rebuscada demais para 2016. O livro é contemporâneo, voltado para o jovem, porém a linguagem é adulta demais. É como se a história fosse para um público, mas com a voz de outro. Acho que ele poderia ter sido mais coloquial em vários momentos, escrevendo de um jeito atraente. Ele parecia um pouco didático. Pode ser a escrita dele mesmo, ou seja, escreveu propositalmente assim. Ou ele pôde ter querido reforçar a ideia de que os androides são inteligentes demais e falam bonito mesmo.

Mas, é claro que isso não é a verdade absoluta, é meu ponto de vista. O que foi incômodo para mim, pode ser excelente para você. Pode ter certeza que isso não é um motivo para você desistir da leitura, pelo contrário, tem que ler sim para discordar de mim (ou concordar, vai saber). Voltando aos pontos positivos, a capa é linda, condizente com a obra e o androide ilustrado é uma graça - quero um pra mim, me julguem.

O livro é forrado de referências e indiretas. Há várias passagens que falam sobre preconceito e outras em que, de certa forma, os androides estão no lugar certo e na hora certa, como JPC-7926 ser um engenheiro e ter trabalhado em uma fábrica de automóveis. Em São Bernardo. Tem situação mais sugestiva?

Uma pena que a Novo Século não invista tanto assim em seus leitores. Só fiquei sabendo da existência desse livro porque o autor me procurou. Mesmo eu sendo antenada nas redes sociais, não vi um simples post da editora falando dele (eles podem até ter divulgado, mas me parece insuficiente. Mas se você viu divulgações dele, me avise nos comentários). É uma leitura rápida, se tiver tempo livre, você faz em dois dias.

Concluindo, para sair da zona de conforto, para conhecer novos nomes da literatura nacional contemporânea ou simplesmente para ler algo novo, O Androide é a sugestão perfeita. Paulo, muito obrigada pelo convite e pela sua história. Espero que você lance mais e mais livros, você tem talento!!! Além de ser uma pessoa maravilhosa!

E você, já leu O Androide? O que achou da resenha? Diz aí nos comentários!


Olá!

Finalmente mais uma entrevista no blog! Na verdade, eu ia postá-la no início do ano, em que pretendo trazer mais novidades para este cantinho que tanto amo. Porém, essa entrevista ficou tão maravilhosa que o mundo precisa lê-la! Ela não pode esperar até janeiro! Confiram a maravilhosa entrevista que Marcela Cardoso, parceira do Resenha e autora do e-book Minha Vida é um Reality Show.

Diga para os leitores do blog: quem é Marcela Cardoso?
Difícil, hein! Bom, eu me definiria como uma garota sonhadora que escreve para escapar da realidade. Também sou uma louca que ama ler, cultura japonesa, alguns reality shows e fingir que sou uma estrela do rock enquanto faz faxina, rs.

Como você descobriu o gosto pela leitura? E quando você decidiu que seria escritora? Sua família te apoiou?
Os livros sempre fizeram parte da minha vida. Mesmo quando eu não sabia ler, dava um jeito de contar histórias para mim mesma olhando as figuras. Acho que peguei gosto pela leitura de verdade ao ler os livros que a escola indicava e por influência do meu pai. Ele sempre dizia os livros nunca me abandonariam. Acertou na mosca!

Minha história com a escrita é um pouco mais complicada. Escrevi um livrinho sobre o Descobrimento do Brasil quando estava na terceira série, fiquei em segundo lugar em um concurso de poesia na quinta, sempre fui boa em redação, mas nunca imaginei que me tornaria escritora. Na adolescência, pensei em escrever um livro para desabafar, mas nunca levei essa ideia adiante. Já ouvi de um professor que eu tinha preguiça de escrever, acreditam? A coisa só mudou quando saí de um relacionamento abusivo e comecei a namorar meu atual parceiro. Ele topou escrever um livro comigo e, a partir daí, descobri minha verdadeira vocação: contar histórias.

Quem me apoiou desde o início foi meu namorado. Ele ouviu minhas ideias, aguentou minhas crises literárias e acreditou que meu livro sairia um dia. Minha família e outras pessoas até apoiaram, mas com um pouco de ressalva. Acho que muitos pensam que escritores morrem de fome e coisa e tal. Bom, pelo menos curtiram o meu livro, rs.

Você se inspira em alguém próximo para criar seus personagens? Ou eles surgem naturalmente?
Meus personagens geralmente surgem a partir de participantes dos reality shows que assisto (principalmente American Idol, rs). Eu meio que os imagino em um mundo comum, como pessoas comuns.      


Sobre o livro Minha Vida é um Reality Show, como foi o processo de criação?
Árduo (risos). O livro surgiu a partir de uma estória alternativa que criei com os personagens de outro livro meu que ainda não foi publicado.Ele  foi quase todo baseado no American Idol, um reality show que, apesar de ter acabado, continua sendo meu favorito. Na época que comecei a escrevê-lo, estava numa fase de produzir uma estória-enjoar-partir para outra. Um saco! Aí acabei botando na cabeça que escreveria um livro até o fim e, para isso, resolvi postar no wattpad. O título original era American Star (a narrativa se passava nos Estados Unidos) e trazia assuntos como adolescencia e homossexualidade.    

O wattpad foi uma experiência incrível e dolorosa ao mesmo tempo. Ao mesmo tem que comecei a perceber meus gostos como escritora, me sentia meio pressionada pelas leitoras. No fim, foi ótimo. Aprendi bastante, conheci pessoas legais, e meu livro foi lido mais de 60.000 vezes.
Depois disso, passei um ano revisando, escrevendo e reescrevendo a história. Foi a fase mais difícil, pois eu achava que nunca conseguiria terminá-la por causa do meu perfeccionismo. Graças a Deus, consegui deixar o livro com a minha cara e publicá-la na Amazon.

Falando em reality show, você tem algum favorito?
American Idol e The Amazing Race.

Depois que este livro ficou pronto, você enfrentou alguma dificuldade para publicá-lo?
Como eu já havia lido bastante sobre o mercado editorial, nem me dei ao trabalho de enviar meu livro para as editoras. Preferi publicá-lo na Amazon para que eu pudesse tê-lo no meu Kindle e compartilhá-lo com minha família e amigos rapidamente.

Além do Minha Vida… , quantos livros escreveu, (independentemente de ter publicado ou não)? Tem mais algum projeto novo, seja pronto ou engavetado?
Em 2015, publiquei um conto chamado "Adeus,vida" na Amazon. Pretendo fazer uma versão estendida, pois ele ficou bem curtinho. No meu computador, tem inúmeros projetos inacabados que só Deus sabe quando conseguirei publicar.

Estou finalizando um livro, mas não sei se essa será a versão final, então estou criando nova (maldito perfeccionismo!). De qualquer forma, ele sairá no começo do ano que vem. Mal posso esperar para mostrar meu bebê para o mundo.
  
Uma polêmica: livro físico ou digital?
Sempre amei livros físicos (quer cheirinho melhor?), mas confesso que estou lendo mais rápido e melhor no meu Kindle ultimamente. Acho que os dois tipos têm suas vantagens e desvantagens e não se excluem de forma alguma.

Por favor, deixe um recado aos leitores do blog.
Quero agradecer à Kamila pelo convite e a quem leu até aqui. Desculpem, quase escrevi uma Bíblia! Espero de verdade que continuem visitando lugares incríveis por meio dos livros e que nunca desistam dos seus sonhos. Beijos e até a próxima!

Eu que agradeço a entrevista, Marcela! Aqui você pode falar o que quiser, não se preocupe por ter falado demais. Obrigada mais uma vez <3


Olá!

Como já sabem, sou fã de crônicas, por elas serem rápidas e ainda assim ter muita história. E hoje, tem resenha de livro de crônicas! Um dos meus cronistas favoritos é o Fabrício Carpinejar e, sabendo, disso, a Ani, do Entre Chocolates e Músicas, me presenteou com o mais recente lançamento do autor, o Felicidade Incurável, e é dele que falarei hoje.

P.S.: resenha originalmente postada no Entre Chocolates e Músicas.

Como o nome já diz, Felicidade Incurável vai abordar aqueles momentos que passam despercebidos por muitos, mas não para Carpinejar. Ele aborda com delicadeza e maestria situações que vão desde brigas à toa até seus desejos mais íntimos, como o de casar na igreja (spoiler: ele conseguiu, há alguns dias).

São 267 páginas em que o autor abre seu coração sobre praticamente tudo: infância, filhos, amores, cotidiano... Enfim, não tem um tema específico, e sim, um grande compilado que fala sobre a vida. Não consegui eleger uma crônica favorita, então, recomendo que leiam todos e depois tentem eleger os favoritos. Simplesmente não dá, porque todos são bons.
Carpinejar tem um olhar sobre a vida que não me lembro de ter visto em outros autores do gênero. Ele, aliás, tem muita inspiração e criatividade, pois em sua página do Facebook todo dia tem uma mensagem que fala de amor, da vida, do passado... Ou seja, com ele é possível conversar sobre tudo!!

No mais, a resenha é curta porque além de ser difícil de resenhar um livro de crônicas, a leitura é rápida, podendo ser feita em um dia. A edição da Bertrand Brasil, como estava disposta a trabalhar, fez um ótimo trabalho, sem erros de qualquer tipo. Ani, obrigada pelo livro e desde já recomendo a todos, não vão se arrepender.