Olá!

Dessa vez, foi a Ani quem me emprestou seu exemplar de Nossa Música, e mais uma vez Dani Atkins arrebentou meu coração. Confira a resenha de sua terceira obra publicada no Brasil, como sempre, pela Editora Arqueiro.
SKOOB - Ally e Charlotte eram amigas, se conheciam há cerca de oito anos, porém, um acaso em forma de homem fez com que elas tomassem caminhos inacreditáveis. Ally conhece David numa festa, em que ela está trabalhando, substituindo um dos trompetistas da banda que tocará lá; ele é convidado. O sentimento nascerá aí, porém podemos ver que o casal não é lá essas coisas quando David nasceu em berço de ouro e Ally vem de uma família humilde.

Oito anos depois, perto do Natal, Ally e Charlie se reencontrarão num hospital quando seus maridos sofrerão graves acidentes: David infartou e Joe, ao salvar uma criança de um lago congelado, acaba ficando na água tempo demais. E seus estados são graves. Numa sala de espera, o passado começara a vir à tona, isso quando sabemos que David acabou casando com Charlotte e Ally, com Joe.

A história é contada em primeira pessoa, sob os pontos de vista de Ally e Charlotte, oscilando entre o presente (no hospital) e no passado, em momentos específicos. Apesar de ambas serem bem casadas e terem vidas tranquilas, é como se os detalhes do passado continuassem lá, só esperando uma oportunidade para aparecer.

Apesar de eu já ter sacado o plot da história, Nossa Música me fez chorar. De verdade. É um livro lindo, com toques de humor e um ou outro detalhe que pode acontecer com qualquer pessoa. Me fez lembrar de um certo livro do Nicholas Sparks, com plot parecido. Como sempre acontece, quando penso que a Dani fez um livro bem mais ou menos, ela vai e coloca fogo na história, e só resta a você devorar cada página até o final, sem parar nem pra dormir.
Jake é um menino fofo! Filho de Ally, ele é um tanto maduro para seus oito anos, porém, só pensa em como seu pai é orgulhoso (por ter salvo uma criança) mas o quer de volta, são e salvo. Max é o amigo de longa data de Ally, um estilista super talentoso que fez carreira em Nova York, mas não pensou duas vezes em voltar pra Londres quando a amiga precisou. Que homem.

David & Charlotte e Joe & Ally se completam, pois vieram de famílias parecidas e têm pensamentos parecidos. Todos são incríveis, apesar de Charlie querer pagar de durona e Ally ser meio teimosa. Mas confesso que, em dado momento, quis entrar no livro e socar o David, porque ele bem que merecia umas boas porradas. Apesar de eu entender o lado de Charlie, também quis dar na cara dela (sou #teamAlly). É uma relação um tanto complicada, em que o leitor, mesmo sem querer, vai acabar tomando um lado para si.

Aliás, ainda sobre o final, queria dizer que fiquei sem ter onde colocar minha dignidade. Isso porque o que aconteceu foi tão cruel, mas ao mesmo tempo tão lindo. Como eu disse, eu acertei o final um tanto antes de acontecer. Um ponto que preciso ressaltar são as descrições da Dani: ela o faz muito bem, falando de lugares que nunca fui (e provavelmente nunca irei) com uma clareza impressionante, que me faz visualizar tudo perfeitamente. Porém, essas mesmas descrições são demoradas e eu tenho pressa (e preguiça), porque quero que tudo aconteça logo. Enfim, um pequeno detalhe que quis comentar.

A Ana, do EC&M me emprestou seu exemplar (e alguns posts-it que ela tinha marcado caíram, desculpa e obrigada) e ainda me avisou que o livro era forte. E foi, além de ter sido uma leitura incrível e maravilhosa, tem a capa, que é bonita, mas destoa do padraozinho que a Arqueiro criou para a Dani. Condiz com a trama (o que é mais importante), mas achei um pouco diferente. Gostei. No mais, leitura recomendada pra quem quer ter o coração destroçado.




Olá!

Mais um nacional no blog! E logo esse, que caiu nas minhas mãos na hora certa. Boa Noite é o primeiro livro que leio da Pam Gonçalves. E com certeza será o primeiro de muitos.
SKOOB - Boa Noite nos apresenta a jovem Alina, que vai trocar sua cidadezinha do interior pela capital (ou quase isso) para cursar a faculdade de Engenharia da Computação. Ela vai morar numa certa república, com mais três pessoas: o casal Talita e Bernardo, Gustavo (o dono da casa) e Manu (a mais espevitada). Alina é uma menina tímida e tranquila, então, quando vê aquele mundo de festas toda semana, cresce nela uma súbita vontade de mudar de estilo.

Se nas festas - organizadas pelos próprios alunos - ela se divertia, nas aulas a situação era outra. Todo mundo sabe que Engenharia da Computação é um curso "tipicamente masculino" (ainda bem que estamos num país livre, portanto temos o direito de estudar o que quiser), naturalmente, são poucas as mulheres na sala e, na turma de Alina não é diferente, apenas ela e mais três garotas numa imensa turma de rapazes. Tem machismo sim ou claro?

Mas nossa protagonista é determinada. Ela sabe que terá que enfrentar o machismo e o preconceito se quiser ficar na instituição e prosseguir seus estudos. Numa dessas festas, ela vai conhecer um certo Artur, que é um fofo, mas claramente tem segundas intenções. Ele é amigo de Cauê, que não tem a melhor fama entre os alunos, mas é da Atlética de Medicina e, ainda por cima, é de família influente.
Aliás, Artur, Cauê e Gustavo são dessa atlética, que, pra quem não sabe, é tipo um grêmio estudantil, mas só sabe mesmo é organizar festa. Pois bem, Alina vai se relacionar com Artur, mas, antes que uma coisa grave acontecesse, ela descobre um segredo pesado sobre Artur e agora terá uma nova missão: evitar que outras meninas não passem pelo que ela (quase) passou.

Primeiramente, graças ao bom Deus que não estudei em universidade pública. Porque tudo que aconteceu com a Alina (não gostei desse nome) só acontece ou em universidade pública ou particular de renome (tipo Mackenzie), onde todo mundo tem dinheiro e/ou influência. Só por isso minha vontade era de entrar no livro e socar todo mundo. Porém, canalizei tudo e foi uma experiência maravilhosa.

Que livro maravilhoso, incrível, empoderador, espetacular, amém Pam Gonçalves! Alina é a síntese da mulher decidida, poderosa e independente que todas nós devemos ser. Ela não se abate pelo machismo nem quando uma certa situação se agrava e ela se vê com o dever de evitar que isso só piore. Boa Noite (admito que não entendi o título em relação à obra, mas beleza) é aquele livro que veio pra empoderar as mulheres que ainda se sentem inseguras, seja com seu corpo, com suas opiniões, seja lá com o que for.

Muito se fala em sororidade e empoderamento, e vemos bastante esses tópicos ao longo da leitura, além de outros temas bem mais pesados, como abuso sexual, estupro, uso de álcool e drogas e assim por diante. Porém, tudo isso é tratado de maneira simples, fazendo com que todas as meninas e mulheres entendam claramente a mensagem transmitida.

Mesmo a história se passando pros lados de Santa Catarina, o que aconteceu com a Alina infelizmente acontece com muitas meninas e mulheres em várias partes do país. Boa Noite também é um alerta. Apesar de diariamente nos ensinarem que devemos dizer "não" sempre que julgarmos necessário (só beba se quiser, só transe se quiser e assim por diante), parece que os homens não entendem quando dizemos "não" e que ele tem valor de "não" e não de "sim", ainda temos que tomar muito cuidado, sempre seremos julgadas.

Recomendado, principalmente para que nós mulheres possamos entender como a união é importante. União e não o oposto, como nos fazem acreditar.



Olá!

Finalmente pude ler algo do Jo Nesbø! O norueguês (maravilhoso para alguns, superestimado para outros) me passou uma boa impressão de sua obra, mas espero mais dele. Confira o que achei de Sangue na Neve.
SKOOB - Sangue na Neve é o relato de Olav, um matador de aluguel que se vê as voltas com uma ordem meio difícil de ser resolvida. Mas ele não é um daqueles matadores maus. Bom, ele tem lá sua dose de maldade, mas foge do comum a partir do momento que pensa com detalhes os mais diversos assuntos. Mas não se engane, ele tem lá suas dificuldades: é disléxico, odeia matemática, não sabe dirigir devagar, se apaixona fácil e perde a cabeça quando se irrita.

Por causa desses defeitos, ele disse que não serviu nem pra cafetão nem pra traficante, restando-lhe apenas o ofício de matador. Hoffmann é seu principal cliente e o livro propriamente dito começa quando esse Hoffmann manda ele matar sua esposa, porque ela o trai com um homem que, depois de muita observação, sabemos que a agride.

Mas, por motivos que nosso protagonista não sabe explicar, ele não quer matar a sra. Hoffmann. Além desse "problema", Olav cuida de uma certa Maria, que assumiu a dívida do namorado drogado e, por algum tempo, viveu na prostituição. Ela é surda-muda e, sem saber, é seguida por Olav onde quer que vá. Uma trama bem escrita que se desenvolve em poucas páginas. Olav é um assassino e tanto!
Este foi meu segundo contato com um autor norueguês (antes de Jo, li O Mundo de Sofia, um porre), mas tenho certeza que este é o primeiro livro de Nesbø (Alt + 155 = ø) e posso dizer que gostei bastante! Sangue na Neve tem só 152 páginas, mas é tão bem escrito que não precisava acrescentar mais nada. Uma trama um tanto diferente, um protagonista focado em seu objetivo, mas que acaba ganhando a simpatia do leitor por sua sinceridade e bom humor - sem falar que odeia matemática e ama ler.

Estou na expectativa pelo filme Boneco de Neve, a ser lançado no fim deste ano, salvo engano. Mas como os livros dele são um tanto caros (principalmente os do detetive), resolvi começar com este, curtinho, deu pra ler em um dia, tem todos os ingredientes de um bom thriller/suspense, mesmo tendo um assassino como narrador (em primeira pessoa). Nesbø mostra como é versátil em sua escrita, sem deixar de fazer a boa e velha crítica social, tão em voga nesse gênero.

A edição da Record está muito bonita, com um vermelho vivo (como o manto de um rei) e um pouco de verniz, dando um efeito de pegadas em alto-relevo (espero ter explicado bem, vocês precisam passar a mão nessa capa, rs). Um livro pra ser lido nesses dias frios, porque super combina. Não há erros de nenhuma ordem e aproveitamos para poder conhecer um pouco de Oslo. Pra quem quer conhecer a escrita de Jo Nesbø, mas não quer começar pelos do policial Harry Hole, Sangue na Neve é uma ótima pedida.



Olá!

Hoje estreia na Netflix o filme "Nossas Noites" e, antes de assistir, resolvi ler o livro. A última obra de Kent Haruf foi publicada aqui pela Cia. das Letras e é a melhor coisa que eu poderia ter lido este ano.
SKOOB - Nossas Noites começa com Addie Moore, uma viúva que mora na pequena cidade norte-americana de Holt. Ela mora sozinha há muitos anos, desde a morte do marido e, quando toma coragem, resolve fazer um convite um tanto inusitado para seu vizinho, Louis Waters: que ele fosse dormir na casa dela. Não, não tem sexo. Apenas dividir a cama, para conversar e, assim, aplacar um pouco da solidão.

Louis Waters também é viúvo. Ele foi professor de Literatura da cidade, logo, é conhecido por todos, assim como Addie, que trabalhou como escriturária. Louis tem uma filha, Addie, um filho. E assim, dois idosos com vidas aparentemente comuns vão juntar suas solidões todas as noites, em conversas sobre si mesmos, sobre a vida e assim por diante.

E já dizia o ditado popular "cidade pequena, inferno grande"*. Desde que Louis passou a dormir na casa de Addie, o povo começou a falar. E continuarão falando até mesmo quando Jamie, neto de Addie, vai passar uns dias na casa dela, pois o casamento dos pais estão em crise. E o menino, claro, se dará super bem com seu amigo Louis.

*Tradução do ditado mexicano "pueblo chico, infierno grande".

Gente, como esse livro é fofo! Último trabalho de Kent Haruf, morto em 2014, Nossas Noites foge do convencional: nada de jovens lutando por amor ou coisa assim. Addie e Louis são idosos que fizeram tudo (ou pelo menos boa parte) do que se esperavam deles: estudaram, casaram, tiveram filhos, problemas e crises e envelheceram. É é justamente aí que está a beleza da obra. Na simplicidade, na escolha (de caso pensado) de Addie por Louis, dos arrependimentos que ambos têm, da sinceridade durante as conversas.
Mas se pensam que tudo só se resume a ficar na cama, esqueçam. Os amigos estão na terceira idade, é claro que vão querer sair e aproveitar o tempo que lhes resta. E daí que a cidade está comentando? E aí que alguns reprovam o fato de que um homem sai de sua casa para dormir na casa da vizinha? Haruf mostra as emoções humanas em sua essência. Nada de loucuras: é a vida como ela é.

Quero destacar uma pessoa que passei a considerar no livro: a senhora Ruth, vizinha de Addie. Uma fofura de pessoa, também idosa, mas muito cheia de alegria. Ela deu um gás a mais pra trama. Também quero dizer que odeio o Gene, filho de Addie. Cara chato, porém, o que ele fez provavelmente muitos de nós faríamos. Mas nem por isso vou aplaudi-lo.

Uma história bem "gente como a gente", lançamento deste ano da Cia. das Letras, com um trabalho impecável de edição, Nossas Noites tem só 159 páginas, que podem ser lidas em horas, dada a facilidade de Kent em contar sua história. Não à toa, exatamente hoje a Netflix está lançando a versão cinematográfica da obra, com Jane Fonda e Robert Redford nos papéis principais. O trailer abaixo está lindo e espero que esteja à altura.