Olá!

Desde seu lançamento que eu estava com vontade de ler essa belezinha, mas por causa de seu preço salgado, acabei adiando, até que, graças às trocas que fiz no Dia Mundial do Livro, lá no Villa-Lobos (minhas costas doem até hoje), finalmente pude conhecer Simon vs a agenda Homo Sapiens, da Becky Albertalli.
SKOOB - Como já podemos ver, Simon é o protagonista dessa história, em que ele é gay e troca e-mails com um certo Blue, até que ele é descoberto por Martin, seu colega de classe. Simon tem uma família meio doida, mas que o adora - e ele os adora também, claro - e seus amigos Leah, Nick e Abby.

Martin, ao descobrir que Simon é gay, resolveu chantageá-lo: ou Simon "agitava" Abby para Martin ou ele ia revelar o conteúdo do e-mail no Tumblr oficial da escola em que estudavam. Como Simon - obviamente - queria manter segredo, acaba cedendo à chantagem.

*Agitar é gíria para "convidar para sair" ou "ficar" (pelo menos na época que eu estudava, usava-se muito esse termo. Eu usei muito esse termo).

Porém, conforme o tempo vai passando, a troca de mensagens vai se intensificando e seu maior desejo é saber quem é Blue. Nosso protagonista ama Elliott Smith, biscoitos Oreo e morre de medo de sair do armário. Ele mora no estado americano da Geórgia, que, pelo que percebi na trama, tende para o lado Republicano (o lado do Trump, caso não tenham entendido).
Como tudo mais o que eu diga pode ser spoiler, posso afirmar que Simon vs a agenda Homo Sapiens foi uma grata leitura. Já é o terceiro ou quarto romance LGBT que leio e a Becky conseguiu, com maestria, sair dos clichês e, ainda assim, abordar diversos problemas, como bullying e homofobia - talvez o fato da autora ser psicóloga tenha ajudado.

Simon é um amor de pessoa, que conhece Leah e Nick desde sempre e, mais recentemente, Abby. E, como eles estão no Ensino Médio, os hormônios estão à flor da pele! Como estão em idade escolar, tudo é mais difícil de entender, para eles tudo é mais complicado, mas tudo é mais divertido também. O grande dilema de Simon, nesse momento, é evitar que seu segredo com Blue venha à tona, mas, ao mesmo tempo, ele quer saber quem é o tal amigo...

Desde que vi esse livro na Turnê Intrínseca do ano passado me apaixonei por ele! Essa capa, toda trabalhada no vermelho é sexy sem ser vulgar, rs. Realmente é muito bonita. As 270 páginas passam num piscar de olhos, isso porque a escrita da Becky é fluida e de fácil compreensão - totalmente voltada para os jovens. A obra é pequena em tamanho, mas grande na mensagem que transmite. Impossível não ser fã da Becky e espero que mais obras dela cheguem no Brasil.




Após 30 anos, a editora volta a investir na ficção, focando em temas históricos
Olá!

Uma das coisas que mais me marcou enquanto graduanda em Jornalismo foram os livros da Editora Contexto que usei durante o curso - e mais precisamente na época do TCC, em que dois títulos de seu extenso (e premiado) catálogo foram base para minha teoria. Qualquer estudante de Comunicação Social que se preze já leu algo dessa editora.
Imagem: Divulgação
E neste mês de maio, a Contexto completa 30 anos de existência lançando um novo selo: Marco Polo, que vem para colocar a editora num nicho que cada vez mais ganha fãs: o romance histórico. A marca tem dois títulos de estreia: Portões de Fogo, do norte-americano Steven Pressfield e O Inquisidor, da australiana Catherine Jinks. As duas obras foram escolhidas a dedo pelos editores por terem uma forte base histórica

Portões de Fogo vendeu mais de 1 milhão de exemplares pelo planeta. Relata a famosa história da resistência dos 300 espartanos contra os dois milhões de homens do Império Persa, comandados pelo rei Xerxes. Em uma ação suicida, a tropa de 300 segue para o desfiladeiro das Termópilas para impedir o avanço inimigo. Durante sete dias sangrentos eles contêm os invasores, mas, ao fim, já praticamente sem armas, lutam “com mãos vazias e dentes”. Mais do que com a batalha, o leitor entra em contato com o modo de vida desses antigos guerreiros, sua rotina, seus valores, sua coragem, seus ideais. A narrativa de Steven Pressfield recria a épica Batalha de Termópilas, unindo, com habilidade, história e ficção.
Imagem: Twitter Ed. Contexto
O Inquisidor recria a França do século XIV. Catherine Jinks mostra o funcionamento da Inquisição e o poder da Igreja no destino da população. O inquisidor Padre Bernard acaba se tornando suspeito do assassinato de seu superior, Frade Augustin Duese, cujo corpo é encontrado esquartejado na cidade de Lazet, em 1318. Seu envolvimento com uma mulher misteriosa e sua bela filha o transformam em vítima de perseguição em uma época que erros eram punidos com a própria vida. Envolvendo assassinato, luxúria e traição, O Inquisidor vem sendo comparado pelo mundo com O Nome da Rosa.

Os fãs de romances históricos tem dois excelentes motivos para comemorar a volta da Contexto ao mundo da ficção, porque essas histórias prometem ser grandes sucessos aqui no Brasil, assim como já são em outros países. Logo abaixo você encontra os links para venda.




Olá!

Talvez, só talvez, eu curta um scandi-crime (agora que descobri esse termo, quero usar pra sempre). E ler mais uma obra escrita pelo islandês Arnaldur Indridason é sempre um prazer. Confira a resenha de O Segredo do Lago.
SKOOB - O Segredo do Lago vai começar com uma hidrologista encontrando um corpo num espaço que outrora fora um lago. O mais curioso disso é que, junto ao corpo foi amarrado um dispositivo de origem russa. E só uma pessoa poderia cuidar desse caso (uma pessoa que ama investigar desaparecidos).

Nosso amado detetive Erlendur Sveinsson estava na santa paz de suas férias, remoendo seu passado, até que recebesse a ordem para cuidar do caso. E claro que não fará isso sozinho, vai contar com a ajuda de seus parceiros Elinborg, que acabou de lançar um livro de receitas que está sendo bem aceito pela crítica, ficando conhecida como "a detetive gourmet", e Sigurdur Oli, que tem um problema com um certo homem, que liga para ele para conversar com o investigador como se este fosse algum psicólogo.

Em paralelo a essa história, Tómas vai estudar em Leipzig, na então Alemanha Oriental, pois está deslumbrado com o socialismo. Ele conhece algumas pessoas, incluindo a húngara Ilona, com quem se apaixona. Lembrando que Tómas estudou lá nos anos 50, quando o socialismo e o comunismo estavam bombando. Claro que Tómas não conhece Erlendur (nem daria), mas as duas histórias, em certo momento, se tornarão uma só.
A grande sacada desse livro é conhecer o sistema prisional na Islândia. Me surpreendi quando descobri que roubo de carro e assalto são considerados "crimes de pequeno porte", não são tão relevantes assim, segundo consta na história, tem até policial que diz pra vítima que não precisa fazer B.O. Como assim???? Durante a história, conhecemos mais do território islandês (que é mais que um pedaço de gelo no oco da Escandinávia).

Já na vida pessoal, Erlendur conhece Valgerdur, uma mulher casada, mas que acaba se envolvendo com o detetive - inclusive shippo esse casal e espero que eles fiquem juntos em algum outro livro. Sua relação com os filhos continua ruim: Eva Lind continua se drogando e Sindri Snaer aparece do nada e resolve morar em Reyjkavik - lembrando que os filhos do Erlendur sofreram alienação parental na infância, agravados pelo fato de que o pai foi embora de casa cedo e cagou pra eles, praticamente.

O livro também mostra que o socialismo não é bom não, amiguinhos. Tanto que, quando Tómas descobriu do que se tratava, aí já era tarde, era socialista até a unha. O bom do romance policial é justamente isso: mostra o ruim e o péssimo de cada país. A Islândia tem lindas paisagens, mas que também tem seus problemas. Aliás, bem que poderiam chegar no Brasil mais autores deste país, tirando a Suécia, quase não conhecemos autores policiais escandinavos...
Aproveitem e anotem o código Dewey deste livro!
Para sair da zona de conforto, vale a pena sim ler O Segredo do Lago, que, mesmo traduzido da versão americana (não é todo mundo que fala islandês...), ganhou uma excelente versão da Cia. das Letras. A leitura flui muito bem e não tem como não gostar do Erlendur, mesmo ele sendo rabugento às vezes!

Aleatório: não é querendo elogiar, mas se um dia algum livro dessa série virar filme, pode chamar o próprio Arnaldur pra interpretar o Erlendur. Eu olho pro autor e vejo Erlendur, e não Arnaldur!




Olá!

Cumprindo o quinto tópico do Desafio 12 Meses Literários - cujo progresso você acompanha na imagem oficial, na sidebar - cujo tema é "um clássico" -, não poderia ter escolhido outro. Particularmente, não sou de ler clássicos, mas... é aquilo lá, né... me chama que eu vou. Eu tinha falado em algum outro post que só retomaria a leitura de romances policiais com A Rainha do Castelo de Ar, mas surgiram outros títulos na frente e quero ler Millennium 3 a conta gotas finalmente pude ler algo do casal Sjöwall-Wahlöö. Confiram a resenha de Roseanna.
SKOOB - Roseanna é o primeiro volume (de 10) protagonizado pelo detetive depressivo (e que vive às voltas com resfriados) Martin Beck. Ele é um dos melhores detetives de Estocolmo e seu caso envolverá uma jovem morta, cujo corpo foi encontrado durante a dragagem de um lago. Sabe-se muito pouco sobre essa mulher. Só depois de três meses de investigação, descobriu-se que seu nome era Roseanna McGraw, norte-americana e passageira do navio Diana.

Beck, acompanhado de seus colegas Kollberg, Ahlberg e Melander, precisa correr contra o tempo, apesar de que, um tempo considerável já havia passado entre o corpo ser achado e as primeiras informações surgirem. Mas este protagonista lacônico, obstinado e desacreditado do sistema, não vai tirar o caso da cabeça, isso porque, conforme ele vai investigando, vai tendo a certeza de que o assassino está muito perto, só precisava peneirar as informações recebidas.

Romance é um gênero literário muito antigo, romance policial também, mas o romance policial que a Escandinávia exporta e que conhecemos hoje muito se deve ao casal Maj Sjöwall e Per Wahlöö (não faço a mínima ideia de como se pronunciam os sobrenomes). Nos anos 60, a produção literária na Suécia estava muito abaixo dos padrões**, até que Maj e Per criaram Martin Beck, um investigador de polícia que faz de tudo para resolver suas investigações, mas que tem seus demônios pessoais. Sem querer (ou querendo), eles foram os primeiros a popularizar um subgênero do romance policial, o scandi-crime - termo que descobri recentemente e, a partir de agora, vou usar toda vez que trouxer um romance policial advindo desta região.
**Para entender melhor o momento histórico da Suécia nos anos 1960, vale ler a biografia de Stieg Larsson, publicada pela Cia. das Letras. Além de falar da vida e obra do autor, ele explica com detalhes o boom dos romances policiais que começou com o casal Sjöwall-Wahlöö.

Assim como todos (praticamente sem exceção) os detetives, Martin Beck não tem lá uma boa relação com sua família. Sua esposa vive reclamando que ele trabalha demais, que é ausente e passa pouco tempo com seus filhos. Além disso, o casal foi um dos primeiros a trazer para a literatura problemas reais da população sueca que, à época, não era a maravilha de país que é hoje. Beck era o reflexo do que os suecos procuravam: justiça. Claro que, nesse tempo, já tínhamos Hercule Poirot e Sherlock Holmes, mas eles não eram identificáveis pelo povo. Querendo ou não, o casal abriu as portas, revolucionando o gênero.

E, se eles revolucionaram o gênero, vale ressaltar que muita gente bebeu da fonte Sjöwall-Wahlöö, entre eles o norueguês Jo Nesbø (preciso ler algo dele urgente), Henning Mankell (só vi a série Wallander) e Stieg Larsson (amém). Aliás, no caso de Larsson, a idolatria dele pelo casal é visível em vários pontos dos livros Millennium, inclusive na forma de escrever. Digamos que tem muito do casal na história de Lisbeth Salander. Vale ressaltar que Stieg, quando ainda respondia por Karl Stig-Erland, era leitor assíduo da série.
A edição da Record caiu em minhas mãos na melhor hora. Na biblioteca que eu frequento tem dois títulos do casal, mas são edições portuguesas muito antigas, até tentei ler, mas quando abri a primeira página, não entendi nada. O português europeu - antes da primeira reforma - é muito diferente, aí acabei desistindo. Então, fiquei muito feliz por ver que a editora publicou não só esse, mas também o segundo, "O Homem que Virou Fumaça" (em Portugal ele se desfez em fumo, rs), que já garanti e logo trarei a resenha para vocês. Ah, e o papel que a editora usou é aquele que encontramos nos romances de banca (o amarelado, com cheiro de velho, que com certeza tem um nome específico), que me remeteu imediatamente à clássico, rs.

Em 1997, a série de livros virou série de TV, com diversos atores interpretando o detetive mais cansado que já conheci, sendo a versão com Peter Habor (5 temporadas) a mais famosa - e alçando ao sucesso um jovem Michael Nyqvist, ainda como coadjuvante...

E como eu empolgo toda vez que falo sobre um romance policial - principalmente se ele for escandinavo - tenho que dizer para vocês que os livros devem ser lidos sim, mesmo com toda a dificuldade que envolve as séries, que nós sabemos que nem todas são continuadas. A nosso favor, a vantagem de serem volumes não (tão) seriados, ou seja, até dá pra ler fora da ordem, mas fica aquela pontinha de tristeza, porque clássicos deveriam ser publicados sempre, mas é aquela história, editoras são empresas e precisam pensar no lucro também, senão fecham as portas. Termine de ler este texto e corra para ler Roseanna!



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