Olá!
Desde abril eu tinha separado uns trocados do FGTS para comprá-lo, assim que saiu a pré-venda, o comprei. Juro que este livro era muito esperado por mim este ano. No dia seguinte que a Amazon entregou meu exemplar, já comecei a ler. Nenhuma resenha que eu fizer jamais estará à altura dessa série moldadora de caráter, mas vem entender o que aconteceu no quinto volume da série Millennium, o "amarelão" mais bonito da literatura, segundo eu mesma.
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SKOOB - Neste volume, O Homem que Buscava sua Sombra começa com Lisbeth Salander presa. Minha protagonista feminina favorita pegou uma pena de dois meses por ter cometido alguns pequenos crimes no livro anterior, até que conseguiria se safar, mas já sabendo como é, ela simplesmente se resignou, dificultando o trabalho de sua advogada, mas, desde que estivesse em paz resolvendo seus problemas matemáticos e de informática, tudo bem passar uma curta temporada na cadeia.
Na prisão feminina de Flodberga, duas figuras chamam a atenção de Lisbeth. A primeira é Benito, nome de certidão Beatrice Andersson, que toca o terror no presídio inteiro, literalmente. Ela tem um par de punhais e muitos contatos do lado de fora e todos lá dentro a temem, até mesmo os agentes carcerários. A outra é Faria Kazi, uma jovem muçulmana que está cumprindo pena por ter matado seu irmão. Ela é vizinha de cela de Lisbeth e, toda vez que o relógio marca sete e meia da noite, o trem de carga passa pelo presídio e, encoberta pelo estrondo, Faria é brutalmente agredida por Benito.
Nós sabemos que Lisbeth não é muito fã de injustiças e fica revoltada quando percebe que ninguém levanta um dedo para defender a jovem. Enquanto repara na cela ao lado, Lisbeth tem suas próprias preocupações, sendo elas referentes ao seu passado. Todo mundo sabe que, aos 12 anos, cansada de ver a mãe sendo agredida e violentada, ela tacou fogo no pai, um ex-agente soviético. Ela foi levada para uma clínica psiquiátrica e todo seu martírio começou. Mas o que aconteceu antes disso?
Antes de chegarmos no que é importante, preciso dizer que Mikael Blomkvist dedica as suas sextas a visitar Salander. Ele também tem suas preocupações, como as constantes atualizações no site da Millennium, além de conferir os últimos detalhes da próxima edição do periódico, além de estar procurando mais um furo bombástico. Mas tudo ficará em segundo plano quando Lisbeth lhe pede para investigar um certo Leo Mannheimer, um jovem bem nascido que tem algumas coisas em comum com ela. Esse nome surgiu quando Salander investigava sobre seu passado e deu de cara com uma certa investigação "científica".
Enquanto ele tenta apurar algumas informações sobre Mannheimer e sua corretora de valores, uma certa noite, Salander, revoltada com a omissão dos agentes diante das agressões sofridas por Faria, ela mesma toma uma decisão e simplesmente ataca Benito, causando lesões graves. Benito é socorrida e o presídio percebe que alguma coisa pesada vai acontecer. Finalmente, a favor de Fari e Salander, o agente Alvar Olsen.
Blomkvist vai conhecer o tal Leo, sócio de uma corretora de valores, que tem hiperacusia (ouvido hipersensível) e um talento nato para a música. Eles se conheceram através de Malin Frode, amiga de Leo e também de Mikael. Depois da agressão, Lisbeth, como sempre, se cala diante das acusações, mas ordena que sua advogada, Annika Giannini, defenda Faria, pois sabe que a investigação em torno do assassinato do irmão da jovem foi muito mal feita.
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A coleção só aumenta <3 |
Esse volume é uma avant-première do que vai acontecer no sexto e último. O Homem que Buscava sua Sombra está contextualizado com os acontecimentos da década, em que abordará diversos temas atuais, sem deixar de lado as personalidades de cada personagem. Por exemplo, Faria é muçulmana e se apaixonou por um certo Jamal, que denunciava diversas irregularidades sofridas pelo povo de Bangladesh, terra natal dele e dos Kazi. Jamal tinha um blog em que opinava sobre política, além de ser contrário ao movimento secularista de seu país, ou seja, era mais ou menos como Yoani Sanchez, que denunciava (ainda denuncia) via Twitter, várias coisas que acontecem em Cuba.
Mas os irmãos de Faria querem casá-la com um empresário do ramo têxtil, em mais um desses casamentos forçados que tanto vemos. Somando isso aos pensamentos retrógrados dos irmãos, Faria viveu um inferno quando se viu impedida de ver seu amor, que morreu na linha do trem. Aqui vemos um bom exemplo do que faz a religião quando esta se mistura à política e outros terrenos em que somente deveríamos ouvir a razão.
Salander e Blomkvist vão se encontrar muito pouco, porém teremos muitas revelações bacanas, como por exemplo, finalmente saberemos porque ela tem uma tatuagem de dragão nas costas. David já contou,
em vídeo exclusivo ao portal G1, o que o levou a pensar na motivação de Lisbeth para a tatuagem. E só sei que, se Stieg pensou na mesma coisa, David acertou um chute genial. Posso dizer que, assim que descobrimos, é como receber um soco no estômago (soltei uns palavrões enquanto lia, no metrô).
As revelações que Lisbeth encontrará sobre ela, sua irmã Camilla, Leo Mannheimer e milhares de outros gêmeos univitelinos (os idênticos) será de cair o queixo, o autor está de parabéns por ter pesquisado tanto sobre isso e também sobre hiperacusia e notas musicais (eu já tinha lido sobre notas no As Cordas Mágicas, falei dele
aqui, e também vi o filme "Born to Be Blue", cinebiografia de Chet Baker, então foi menos difícil para eu entender tantos termos técnicos). Além, claro, de diversas outras informações sobre política, saúde pública e bolsa de valores.
Tenho que admitir que, quando vi o livro por completo pela primeira vez (via redes sociais da editora) me assustei com a brochura. Como assim o livro é fininho?? (fininho em relação aos demais livros, tem só 359 páginas; meu medo é que o próximo tenha umas duzentas, já que o quarto tem cerca de 400, vai que a quantidade de páginas é decrescente...), mas isso não tirou minha vontade de ler, pelo contrário, li bem devagar, que era pra não acabar.
Ainda sobre a contextualização da série para 2017, essa é uma vantagem de termos mais histórias da única dupla possível, pois se Lisbeth fazia e acontecia com um palmtop, imagina agora, que temos iPhones e Androids? A Millennium está na internet e nas redes sociais, mais do que nunca, todo mundo tá no Facebook interagindo (como se fossem super entendidos dos temas). David aborda o terrorismo, a intolerância, como ficou mais fácil conseguir informações, mas mais difícil de checá-las (vi isso em vários livros e na faculdade).
Uma coisa muito fofa que não posso deixar de dizer é que (jamais saberemos se Larsson pensou nisso) Blomkvist nos revela que decidiu ser jornalista após assistir, ainda criança, Todos os Homens do Presidente (filme obrigatório para os estudantes de Jornalismo, quem não assistiu é poser). De repente me bateu uma saudade da faculdade, já que foi lá que tive contato com o filme (que não tem na Netflix, infelizmente). E essa passagem me fez lembrar porque eu optei pelo jornalismo - decidi depois que participei do jornal da escola.
Tenho que admitir que esperava mais do final, me pareceu meio corrido, mas, como é o livro que nos situará no derradeiro, Lagercrantz precisou ser bem detalhista. E sim, mesmo com muita gente torcendo o nariz, não posso deixar de aplaudir o autor, pois ele precisou criar novas histórias, contextualizar em nossa sociedade sem deixar de desmembrar a espinha dorsal de cada personagem. E querendo ou não, muitos jovens estão se interessando pelos volumes de Larsson graças a David, que trouxe para a nova geração a exceção da exceção dos romances policiais - porque eu já li vários suecos, mas ninguém será como Stieg Larsson, nem se ele tivesse tido um ou vários filhos.
Para terminar, como o último só saíra em 2019, eu não sei o que farei até lá. Enquanto isso, ano que vem sai o filme do quarto livro (e não sei se choro ou rio com a escolha da Claire Foy; nada contra ela, mas não tem cara de Salander nem ferrando), as versões suecas saíram da Netflix, meu coração chora ao ver a versão americana e não sei se conseguirei reler tudo (acho que não). Com certeza lerei outros romances policiais (tenho vários aqui, rs), enquanto torço pra que o autor venha para São Paulo - ele estará na Feira do Livro de Porto Alegre, mês que vem - e que não escolham um ator muito ruim para ser o novo Blomkvist - mas ainda assim criticarei porque Mikael Blomkvist é um só.
P.S.: no canal da Companhia das Letras no Youtube, tem três vídeos bem curtinhos em que David Lagercrantz, como um bom discípulo da "palavra de Larsson", mostra o endereço da Millennium e os apartamentos de Blomkvist e Salander. Deixaria os vídeos aqui, mas o post ficaria maior do que está.