Olá!

Desde que li Como Eu Era Antes de Você (resenha aqui), passei a querer ler tudo da Jojo Moyes, e a oportunidade veio com Um Mais Um, que apesar de lembrar matemática, é um romance super fofo que vale a pena demais ser lido. Confira a resenha.
SKOOB - Um mais um conta a história de Jess Thomas, uma mãe solteira que vive para seus dois filhos. Ela tem dois empregos – faxineira e barwoman - e está sempre pensando em como melhorar a vida deles. Alem dos dois filhos, Jess também tem um cachorro, o Norman. A família Thomas vive em uma pequena cidade na Inglaterra. Seus dois filhos são Nicky, que é meio gótico, e Tanzie, uma garotinha que ama matemática. E por causa da matemática, Tanzie ganhou uma bolsa de estudos em um colégio super bacana – e caro. Porém a bolsa era de 90%, e os 10% restantes são uma quantia cara demais para Jess. Até que surge a Olimpíada de Matemática, uma competição em que os melhores colocados ganham um bom dinheiro – o suficiente para Jess pagar a quantia restante para a menina estudar.

Do outro lado temos Ed Nicholls, um nerd que se vê às voltas com a justiça quando, depois de se envolver com uma ex-colega de faculdade, é acusado de “repassar informações privilegiadas”, um crime que, na Inglaterra, pode dar até 25 anos de cadeia. Além disso, Ed está com um problema pessoal grave. Seu pai está muito doente, sem falar em sua ex-esposa, que tenta arrancar dinheiro sempre que possível. Ed vai encontrar Jess pela primeira vez quando ela vai fazer faxina em sua casa, mas ele a trata como se ela fosse um ser inferior. Entre um encontro e outro, Jess, no desespero, comete um erro grave.
Jess está preocupada porque não tem muita grana para bancar a viagem até a Escócia, onde seria realizada a Olimpíada. Mas a ajuda viria da pessoa mais improvável: Ed Nicholls. Ela, Ed, as crianças e Norman enfrentariam uma viagem não só em nome da matemática, mas também em nome das mudanças e do desejo de uma vida melhor.

Como a Jojo é maravilhosa! Esse livro traz um choque de conceitos: Jess e Ed, cada um com suas convicções, mas que sempre faziam por onde dar a volta por cima. A escrita da autora é leve e tranquila, sempre focando nos sentimentos de cada personagem, mostrando como podemos nos identificar com cada um deles. Além dos sentimentos românticos, ela aborda outros problemas, como bullying, cuja principal vítima é Nicky, tudo porque ele não se encaixa nos perfis impostos pelos valentões do bairro - Nicky usa rímel e calças justas, não por ser gay, simplesmente por gostar, - os pais que "abortam", aqueles que abandonam seus filhos à própria sorte - e aos cuidados da mãe.

Uma coisa que me surpreendeu foi a distância. Gente, como a Escócia é perto da Inglaterra! Não só pelo fato de que são parte do mesmo território (isso é óbvio), mas como é super fácil ir de carro. Tipo, "vamos ali na Escócia fazer uma prova", como se os dois países fossem bairros vizinhos. Mas muito vizinhos mesmo.
Amo este detalhe da capa e irei protegê-lo.
Jess é a típica mãe que faz de tudo por seus filhos, se desdobra em várias para não deixá-los desamparados, já que o pai resolveu ir embora, porque "estava cansado". Legal, né? E olha que essa história se passa no Primeiro Mundo, ou seja, nem lá as coisas funcionam perfeitamente. Quando o paradeiro de Marty, o pai, é revelado, minha vontade foi de entrar no livro e chutar a cara dele até dizer chega. Um completo canalha.

Apesar de amar matemática, Tanzie é um amor de menina! Com apenas 10 anos, ela é mais madura que muito personagem literário adulto. Para ela, tudo pode ser resolvido como se os problemas da vida pudessem ser resolvidos como equações e fórmulas. Ela é totalmente diferente de Nicky, mas ambos são unidos e, apesar das dificuldades, se sobressaem, e ainda vivem situações um tanto engraçadas. Norman é o mascote, um grande cão que, de início, mais parece um peso morto, mas que mostrará que sim, é o amigo ideal para a família - tão grande quanto o famoso Beethoven.

A edição da Intrínseca está muito linda, com essa capa simples, mas que transmite bem a mensagem da obra. A história é contada em terceira pessoa, mas com os pontos de vista de todos os personagens, não tem erros de nenhuma ordem e a autora fez um grande serviço àqueles que não podem viajar nos contando sobre como é a viagem Inglaterra-Escócia. A narração é tão perfeita que é possível visualizar como são as estradas e os locais que os personagens visitam. Enfim, mais uma vez Jojo nos mostra porque é a queridinha dos romances.




Olá!

Desde seu lançamento que eu estava com vontade de ler essa belezinha, mas por causa de seu preço salgado, acabei adiando, até que, graças às trocas que fiz no Dia Mundial do Livro, lá no Villa-Lobos (minhas costas doem até hoje), finalmente pude conhecer Simon vs a agenda Homo Sapiens, da Becky Albertalli.
SKOOB - Como já podemos ver, Simon é o protagonista dessa história, em que ele é gay e troca e-mails com um certo Blue, até que ele é descoberto por Martin, seu colega de classe. Simon tem uma família meio doida, mas que o adora - e ele os adora também, claro - e seus amigos Leah, Nick e Abby.

Martin, ao descobrir que Simon é gay, resolveu chantageá-lo: ou Simon "agitava" Abby para Martin ou ele ia revelar o conteúdo do e-mail no Tumblr oficial da escola em que estudavam. Como Simon - obviamente - queria manter segredo, acaba cedendo à chantagem.

*Agitar é gíria para "convidar para sair" ou "ficar" (pelo menos na época que eu estudava, usava-se muito esse termo. Eu usei muito esse termo).

Porém, conforme o tempo vai passando, a troca de mensagens vai se intensificando e seu maior desejo é saber quem é Blue. Nosso protagonista ama Elliott Smith, biscoitos Oreo e morre de medo de sair do armário. Ele mora no estado americano da Geórgia, que, pelo que percebi na trama, tende para o lado Republicano (o lado do Trump, caso não tenham entendido).
Como tudo mais o que eu diga pode ser spoiler, posso afirmar que Simon vs a agenda Homo Sapiens foi uma grata leitura. Já é o terceiro ou quarto romance LGBT que leio e a Becky conseguiu, com maestria, sair dos clichês e, ainda assim, abordar diversos problemas, como bullying e homofobia - talvez o fato da autora ser psicóloga tenha ajudado.

Simon é um amor de pessoa, que conhece Leah e Nick desde sempre e, mais recentemente, Abby. E, como eles estão no Ensino Médio, os hormônios estão à flor da pele! Como estão em idade escolar, tudo é mais difícil de entender, para eles tudo é mais complicado, mas tudo é mais divertido também. O grande dilema de Simon, nesse momento, é evitar que seu segredo com Blue venha à tona, mas, ao mesmo tempo, ele quer saber quem é o tal amigo...

Desde que vi esse livro na Turnê Intrínseca do ano passado me apaixonei por ele! Essa capa, toda trabalhada no vermelho é sexy sem ser vulgar, rs. Realmente é muito bonita. As 270 páginas passam num piscar de olhos, isso porque a escrita da Becky é fluida e de fácil compreensão - totalmente voltada para os jovens. A obra é pequena em tamanho, mas grande na mensagem que transmite. Impossível não ser fã da Becky e espero que mais obras dela cheguem no Brasil.




Após 30 anos, a editora volta a investir na ficção, focando em temas históricos
Olá!

Uma das coisas que mais me marcou enquanto graduanda em Jornalismo foram os livros da Editora Contexto que usei durante o curso - e mais precisamente na época do TCC, em que dois títulos de seu extenso (e premiado) catálogo foram base para minha teoria. Qualquer estudante de Comunicação Social que se preze já leu algo dessa editora.
Imagem: Divulgação
E neste mês de maio, a Contexto completa 30 anos de existência lançando um novo selo: Marco Polo, que vem para colocar a editora num nicho que cada vez mais ganha fãs: o romance histórico. A marca tem dois títulos de estreia: Portões de Fogo, do norte-americano Steven Pressfield e O Inquisidor, da australiana Catherine Jinks. As duas obras foram escolhidas a dedo pelos editores por terem uma forte base histórica

Portões de Fogo vendeu mais de 1 milhão de exemplares pelo planeta. Relata a famosa história da resistência dos 300 espartanos contra os dois milhões de homens do Império Persa, comandados pelo rei Xerxes. Em uma ação suicida, a tropa de 300 segue para o desfiladeiro das Termópilas para impedir o avanço inimigo. Durante sete dias sangrentos eles contêm os invasores, mas, ao fim, já praticamente sem armas, lutam “com mãos vazias e dentes”. Mais do que com a batalha, o leitor entra em contato com o modo de vida desses antigos guerreiros, sua rotina, seus valores, sua coragem, seus ideais. A narrativa de Steven Pressfield recria a épica Batalha de Termópilas, unindo, com habilidade, história e ficção.
Imagem: Twitter Ed. Contexto
O Inquisidor recria a França do século XIV. Catherine Jinks mostra o funcionamento da Inquisição e o poder da Igreja no destino da população. O inquisidor Padre Bernard acaba se tornando suspeito do assassinato de seu superior, Frade Augustin Duese, cujo corpo é encontrado esquartejado na cidade de Lazet, em 1318. Seu envolvimento com uma mulher misteriosa e sua bela filha o transformam em vítima de perseguição em uma época que erros eram punidos com a própria vida. Envolvendo assassinato, luxúria e traição, O Inquisidor vem sendo comparado pelo mundo com O Nome da Rosa.

Os fãs de romances históricos tem dois excelentes motivos para comemorar a volta da Contexto ao mundo da ficção, porque essas histórias prometem ser grandes sucessos aqui no Brasil, assim como já são em outros países. Logo abaixo você encontra os links para venda.




Olá!

Talvez, só talvez, eu curta um scandi-crime (agora que descobri esse termo, quero usar pra sempre). E ler mais uma obra escrita pelo islandês Arnaldur Indridason é sempre um prazer. Confira a resenha de O Segredo do Lago.
SKOOB - O Segredo do Lago vai começar com uma hidrologista encontrando um corpo num espaço que outrora fora um lago. O mais curioso disso é que, junto ao corpo foi amarrado um dispositivo de origem russa. E só uma pessoa poderia cuidar desse caso (uma pessoa que ama investigar desaparecidos).

Nosso amado detetive Erlendur Sveinsson estava na santa paz de suas férias, remoendo seu passado, até que recebesse a ordem para cuidar do caso. E claro que não fará isso sozinho, vai contar com a ajuda de seus parceiros Elinborg, que acabou de lançar um livro de receitas que está sendo bem aceito pela crítica, ficando conhecida como "a detetive gourmet", e Sigurdur Oli, que tem um problema com um certo homem, que liga para ele para conversar com o investigador como se este fosse algum psicólogo.

Em paralelo a essa história, Tómas vai estudar em Leipzig, na então Alemanha Oriental, pois está deslumbrado com o socialismo. Ele conhece algumas pessoas, incluindo a húngara Ilona, com quem se apaixona. Lembrando que Tómas estudou lá nos anos 50, quando o socialismo e o comunismo estavam bombando. Claro que Tómas não conhece Erlendur (nem daria), mas as duas histórias, em certo momento, se tornarão uma só.
A grande sacada desse livro é conhecer o sistema prisional na Islândia. Me surpreendi quando descobri que roubo de carro e assalto são considerados "crimes de pequeno porte", não são tão relevantes assim, segundo consta na história, tem até policial que diz pra vítima que não precisa fazer B.O. Como assim???? Durante a história, conhecemos mais do território islandês (que é mais que um pedaço de gelo no oco da Escandinávia).

Já na vida pessoal, Erlendur conhece Valgerdur, uma mulher casada, mas que acaba se envolvendo com o detetive - inclusive shippo esse casal e espero que eles fiquem juntos em algum outro livro. Sua relação com os filhos continua ruim: Eva Lind continua se drogando e Sindri Snaer aparece do nada e resolve morar em Reyjkavik - lembrando que os filhos do Erlendur sofreram alienação parental na infância, agravados pelo fato de que o pai foi embora de casa cedo e cagou pra eles, praticamente.

O livro também mostra que o socialismo não é bom não, amiguinhos. Tanto que, quando Tómas descobriu do que se tratava, aí já era tarde, era socialista até a unha. O bom do romance policial é justamente isso: mostra o ruim e o péssimo de cada país. A Islândia tem lindas paisagens, mas que também tem seus problemas. Aliás, bem que poderiam chegar no Brasil mais autores deste país, tirando a Suécia, quase não conhecemos autores policiais escandinavos...
Aproveitem e anotem o código Dewey deste livro!
Para sair da zona de conforto, vale a pena sim ler O Segredo do Lago, que, mesmo traduzido da versão americana (não é todo mundo que fala islandês...), ganhou uma excelente versão da Cia. das Letras. A leitura flui muito bem e não tem como não gostar do Erlendur, mesmo ele sendo rabugento às vezes!

Aleatório: não é querendo elogiar, mas se um dia algum livro dessa série virar filme, pode chamar o próprio Arnaldur pra interpretar o Erlendur. Eu olho pro autor e vejo Erlendur, e não Arnaldur!