Olá!

O post de hoje, apesar de ser opinativo, está mais para serviço de utilidade pública do que opinião propriamente dita - mas claro que tem minha opinião. Queria compartilhar com vocês um momento raro na minha vida: uma ida ao cinema.

Como vocês puderam ler no título, vou falar sobre filmes de arte, um local que exibe esse tipo de filme e um título que assisti recentemente. Tudo isso em um só texto, ou seja, tópicos diferentes, mas que se casam entre si, formando uma grande teia. Ou, se preferir, senta que lá vem textão.
Alguém ousaria dizer não à Amélie Poulain? (pena que não tem mais na Netflix...)
Basicamente, aprendi os conceitos de filmes de ação (aqueles que priorizam efeitos especiais e bilheteria) e de arte (aqueles que priorizam a mensagem e as expressões) ainda no início da faculdade, quando eu tinha outra mentalidade. Porém, só tive a oportunidade de contextualizar os conceitos aprendidos em sala quando troquei de emprego, e pude mergulhar no mundo dos filmes sob demanda.

Um exemplo de quem sabe fazer filmes de ação são os EUA, claro, que criaram também o Star System (um sistema que tem como objetivo endeusar os atores/atrizes; exemplo clássico é o Oscar). Já os mestres dos filmes de arte são os franceses. Mas isso não significa que os franceses não façam filmes de ação e os americanos, de arte. Sabendo dessa pequena generalização, comecei a assistir diversos filmes (clássicos ou não), de diversas nacionalidades: franceses, suecos, húngaros, dinamarqueses, italianos, argentinos... e por aí vai. E claro que tenho alguns preferidos (se você tiver um tempinho, convido a navegar pela categoria "Filmes" deste blog, resenhei alguns títulos).

Nutrindo esse carinho imenso pelos filmes de arte, devido, principalmente, pela delicadeza que as histórias são contadas, estou eu andando pelo Conjunto Nacional (rumo à Livraria Cultura, claro), quando me deparo com um pôster de um certo filme. A Jovem Rainha. Na imagem, duas mulheres: a loira abraçando a morena. Mas não foi isso que me chamou a atenção, e sim o elenco. Me interessei pelo filme porque no elenco está ninguém mais e ninguém menos que meu crush ator favorito, o sueco Michael Nyqvist - caso você não saiba (ou tenha acabado de acordar do coma), ele é o Mikael Blomkvist dos filmes Millennium.

Tá, mas e daí? Daí que, ao pesquisar na internet, descubro que este filme está em cartaz no Caixa Belas Artes, que cansei de passar na porta, mas não fazia ideia de que se tratava de um cinema. E lá fui eu, no dia seguinte - era segunda de carnaval, amém - comprar meu ingresso. E qual a surpresa? Os preços são muito, mas muito acessíveis, além do local ser um dos poucos em SP que exibem filmes de arte, além de clássicos - sucessos de bilheteria? Só se for do tipo La La Land.
Antigamente, o nome era esse da foto. Os nomes das salas são mantidos até hoje.
Spoiler de utilidade pública: às segundas, o preço do ingresso é 18 golpinhos. Nos demais dias, 26 golpinhos. E até a pipoca é barata! Eles aceitam dinheiro e cartão de débito (crédito só da Caixa). E se você levar 100 reais em moedas, eles trocam por cédulas e você não paga a mais pelo ingresso! No site, você confere todos os filmes em cartaz e seus respectivos horários. O Caixa Belas Artes fica no número 2423 da Consolação, ao lado da estação Paulista do metrô.

E a experiência na sala de cinema foi muito boa, apesar do corredor entre as fileiras ser bem apertadinho (eu quase caí em cima do namorado de alguém). Na sala em que assisti o filme, por incrível que pareça, tinha bem umas quarenta pessoas. 40 pessoas numa segunda à noite pra assistir um filme sueco. Me surpreendi. E me surpreendi mais ainda quando, entre um trailer e outro, eles exibiram um vídeo em que a população e algumas iniciativas precisaram se unir pra que o local voltasse a funcionar. Isso foi em 2014, depois de ficar três anos fechado.

E isso foi muito legal! Tipo, um monte de gente se uniu e conseguiu com que o espaço reabrisse, mostrando que ainda tem muita gente que curte arte - e que um lugar assim não poder perder espaço pros Cinemark da vida, cuja pipoca custa um rim. Tem lugar pros dois! Depois desse vídeo explicativo, outro igualmente explicativo, mas muito criativo. Sabe aqueles vídeos que explicam as normas de segurança, seja de cinemas ou shows? Então, o do Caixa exibe filmes antigos como forma de explicar onde ficam as saídas de emergência e etc. Foram exibidos vários títulos, mas só reconheci Cidadão Kane (assisti e recomendo).

Sobre o filme em si, poderia fazer uma resenha, mas ando resenhando filmes demais, rs. Brincadeiras à parte, A Jovem Rainha é um filme que conta como foi o reinado da Suécia sob o jugo de Cristina (Malin Buska), que foi criada para governar, sob os cuidados do Chanceler Axel (Michael Nyqvist), depois que a mãe da menina surtou. Mas, entre a guerra envolvendo católicos e protestantes e a pressão para que ela tivesse um filho para garantir a sucessão do trono, Cristina se vê apaixonada por sua dama de companhia (Sarah Gadon). Naturalmente, uma mulher (muito) à frente de seu tempo.

E claro que a rainha Cristina existiu de verdade, buscou a todo custo a paz em seu país, no século XVI. E apesar de seu curto reinado, ela deixou uma marca incrível na história do reino. A Jovem Rainha é aquele tipo de filme que não vamos ver na sessão da tarde, mas se dermos sorte encontraremos o DVD na Livraria Cultura. Se as pessoas abrissem mais os horizontes, com certeza veriam que o cinema europeu é rico em títulos, que o cinema de arte não é chato nem fresco, mas delicado e bem feito, além das diversas mensagens que são transmitidas em cada filme.

E como já cansei de dizer aqui no blog, eu valorizo demais um livro (ou filme, no caso) que tenha uma mensagem, seja ela qual for. E onde encontrar mais mensagens no Cinema se não em filmes de arte? E São Paulo está bem servido com o Caixa Belas Artes, que, com o apoio do público, vem trazendo títulos incríveis de várias partes do mundo para nós - sem contar os filmes nacionais, que sempre ganham destaque.
Uma mini resenha do filme, feita assim que saí da sessão. Por algum motivo, o Face disse que eu estava no Guarujá. Pesquisando, descobri que o filme foi feito na Finlândia, Suécia, Alemanha, França e Canadá. O quote faz parte do filme.
E por que eu escrevi esse textão? Pra dizer que, de vez em quando, é bom abrirmos os horizontes e conhecer mais do cinema de arte, seja europeu, asiático ou nacional, poucas vezes vi filme de arte ruim, todos - sem exceção - tem algo para nos mostrar. Quer me fazer feliz? Me leve para ver um filme francês, italiano ou sueco, são os meus favoritos!

P.S.: não é porque falei dos filmes de arte, que eu não goste do cinema de ação. Adoro ver também uma porrada, tiroteio ou lutinha... Mas apenas quis mostrar meu amor por esses filmes tão, mas tão legais!


Olá!

Mais um filme para esse fim de semana! O título de hoje é um que descobri ao acaso. Uma amiga me disse que meu ator favorito estava no elenco, então, na primeira oportunidade, fui assistir. Sem saber do que se tratava. E que filme! Invasão de Privacidade é para se pensar na tecnologia e nas pessoas que a usam. Para o bem e para o mal.

A PRIVACIDADE NÃO É UM DIREITO E SIM UM PRIVILÉGIO.
Título Original: I.T.
Ano: 2016
Elenco: Pierce Brosnan, James Frecheville, Anna Friel, Stephanie Scott, entre outros.
Duração: 1h 35m

Invasão de Privacidade começa com Mike Regan (Pierce Brosnan) tendo um problema de informática enquanto apresentava seu novo projeto: um aplicativo para aluguel de jatinhos, uma espécie de Uber aeronáutico. Quem resolve esse problema é o jovem Ed Porter (James Frecheville). Ele se mostra acima da média quando o assunto é Tecnologia da Informação, o que leva o hacker a se aproximar de Mike e sua família.

Por ser um empresário envolvido com tecnologia, toda sua casa é tem tecnologia de última geração: sensor na torneira da pia, cafeteira que funciona com um botão... tudo muito prático, mas que tem seu preço. Ed não é dos mais sociáveis e, após Porter consertar o Wi-Fi ruim da casa, ele coloca as vidas de Mike, da esposa Rose (Anna Friel) e da filha Kathryn (Stefanie Scott) em perigo, isso porque Mike deu confiança demais para Ed. Enquanto isso, a casa automática dos Regan vai virar brinquedo nas mãos de Ed. E depois de muito procurar, Mike vai precisar de Henrik (Michael Nyqvist) para dar um rumo positivo nessa jornada high-tech.

Um excelente filme, que nos faz refletir o quanto estamos expostos demais na internet. Como o fato de que, cada vez que postamos uma foto no Instagram ou um check-in no Facebook, de certa forma, estamos nos abrindo, deixando de lado nossa privacidade em troca de quatro ou cinco likes. Já não existe mais privacidade, todos estamos conectados demais. Não sei se isso é "tão Black Mirror", como dizem por aí, mas que você fica apreensivo, ah, você fica. Principalmente aqueles que mandam nudes.
Que imagem, meus amigos. Insira a legenda para esta foto nos comentários, rs.
Basicamente, eu assisti esse filme porque uma amiga, que assistiu antes de mim, disse que Michael Nyqvist aparecia. Talvez eu seja um pouco fã dele, só talvez. Aliás, o sueco pode fazer o papel que for, para mim, sempre será Mikael Blomkvist. Então resolvi assistir mais por ele do que pela história em si. E qual foi minha surpresa ao ver que se tratava de um baita filme? Ele é bem recente, então não dá pra não se identificar seja com Mike ou com Ed (abraço pra galera da T.I.) ou até mesmo com Kathryn, que, por ser a mais conectada da família, é a que mais sofrerá com ataques na internet.

Pierce Brosnan, que homem! Mesmo tendo idade para ser meu avô, continua bonito. É meio esquisito vê-lo em um filme high-tech que não seja 007 hahaha, mas, falar que fez um excelente trabalho como Mike Regan é uma obviedade. (Alguma vez ele fez um filme ruim?) Anna Friel também foi excelente, não me lembro dela em outros filmes, mas neste foi sensacional.
Os jovens James Frecheville e Stefanie Scott como Ed e Kathryn foram razoáveis. Mas Ed deixou a desejar (fiquei com medo), apesar de logo de cara anunciar que seria o vilão, o excesso de caras e bocas ficou artificial. E Michael Nyqvist, sou suspeita pra falar dele, mas sua aparição de 10 minutos foi suficiente para mostrar porque ele é um dos atores mais bem-sucedidos fora da Suécia, sem falar que ele é lindo demais, o que já melhora e muito o filme.

No mais, apesar da torrente de clichês - já pararam para pensar que, mesmo sendo high-tech, Mike passa vergonha logo quando não consegue dominar a internet de sua casa? - vale a pena assistir sim, tem pouco mais de uma hora e meia, mas como tem bastante ação, o tempo voa. Sem contar que é reflexivo.


Olá!

Agora que tenho Netflix, fico colocando vários filmes e séries na minha lista. A priori, costumo ver por causa de determinado/a ator ou atriz. Depois de uma overdose de Richard Gere (Noites de Tormenta, As Duas Faces de Um Crime, Uma Linda Mulher e Sempre ao Seu Lado - vejam todos, por favor!), resolvei procurar por filmes do meu ator sueco favorito, Michael Nyqvist. E dei de cara com o inquietante A Garota do Livro.

Título Original: The Girl in the Book
Ano: 2015
Elenco: Emily VanCamp, Michael Nyqvist, Ana Mulvoy Ten, David Call e elenco.
Duração: 1h26m

A Garota do Livro conta a história da assistente editorial Alice Harvey, uma mulher que possui muitos conflitos em seu interior. Seu trabalho consiste em encontrar novos talentos da literatura (que, nos EUA, nem preciso dizer que vende como pão quente). Ela batalha com seu chefe para que ele leia um determinado manuscrito. Só que o chefe (FDP) lhe passa uma tarefa: cuidar da divulgação de "O Despertar", um best-seller que, pela primeira vez, ganharia uma edição digital. Até aí tudo bem, se Milan Daneker não tivesse seduzido (abusado de) uma Alice de apenas 14 anos.

Milan Daneker é best-seller de longa data e "O Despertar" é sua masterpiece. Logo no primeiro reencontro entre os dois, Alice tenta se esconder, mas não adianta. Ele, com sua lábia, acaba trocando algumas palavras com ela. E logo vêm à mente da moça a lembrança de como se conheceram. Em uma festa, através do pai de Alice, que era amigo de Milan e editor literário.

Conforme ela vai cuidando da divulgação do e-book, as lembranças de sua relação com Milan surgem de maneira rápida. Como o telefone dele foi parar em sua agenda, os encontros às quintas-feiras, onde discutiam os escritos da adolescente e o que ela fazia ou deixava de fazer na escola, os primeiros assédios... Ah, faltou dizer que Alice sonha em ser escritora, mas, mesmo sendo filha de editor e assistente editorial, nunca conseguiu escrever alguma coisa.
Como eu disse lá no início, eu resolvi assistir a esse filme mais pelo ator do que pela história. Tenho o hábito de procurar comentários dos filmes que vejo no Filmow (que é mais legal que o Adorocinema), e apesar de alguns spoilers terem escapado, percebi que a maioria achou o filme raso quanto à abordagem do abuso sexual. Mas eu tive que discordar de muita gente. Pelo que percebi o foco não era no abuso em si e sim nas consequências que isso trouxe na vida adulta de Alice.

Ela não conseguia escrever, nem se estabilizar num relacionamento. Temia o pai, um cretino cujas ordens ela não ousava rebater (nem quando o assunto era comida), não confiava na mãe (essa eu odiei com toda a força do meu ser) e, mesmo tendo um emprego legal, não era ouvida pelo chefe, se sentia um lixo. Não ia bem nem nas aulas de escrita criativa. E quando conheceu Emmett, colocou tudo a perder. Tudo por culpa de um maldito abusador - na sinopse da Netflix está escrito que o cara "seduziu" a jovem, mentira, foi abuso mesmo.

Pelo que pesquisei, é um filme independente, então não esperem ação, é um exemplo de filme de arte. Sobre as atuações: Emily VanCamp (de Revenge), a Alice adulta, foi espetacular em seu papel, deu um show. Convincente até o último fio de cabelo, Emily representou uma Alice tão forte quanto um castelo de areia, mas que foi amadurecendo e aprendendo a lidar com o que aconteceu, mesmo com essa mancha em seu passado tendo voltado à tona com tudo.
Melhor amizade.
Já Michael Nyqvist (o único editor possível para a Millennium) me surpreendeu. Tirando seu papel nos filmes da trilogia, só vi duas produções com ele: De Volta ao Jogo, em que ele é um vilão russo que sai matando todo mundo, além de uma participação de 10 minutos no filme "Invasão de Privacidade", em que ele precisa livrar a casa do Pierce Brosnan de um hacker. Aleatório: assisti De Volta ao Jogo muito antes de Os Homens que Não Amavam as Mulheres e não me liguei que o russo e o jornalista eram a mesma pessoa. O que uma barba não faz... Voltando ao filme, que atuação! Como o best-seller Milan Daneker ele convenceu demais, a ponto de eu ficar aflita toda vez que ele ficava a sós com a menina.

Uma salva de palmas vai para Ana Mulvoy Ten. Guardem este nome. A jovem atriz foi incrível como a Alice adolescente. Apesar de ela parecer meio sonsa de início, você vai torcer por ela quando Milan começar a visitá-la. Como Alice é quieta e Ana tem cara de tímida, deu certo, acabou lembrando a Lolita, de Nabokov. Pelo que pesquisei, ela não tem tantos papéis na carreira, mas ainda é jovem e talentosa, logo menos ouviremos o nome dela em grandes produções.
Como eu disse, esse filme me deixou aflita. Ele nos faz refletir, é inquietante, nos lembra de Lolita, fala de abuso (e pedofilia, tendo em vista que ela era menina) e como isso dilacera a mente e a alma da pessoa, principalmente se falta apoio daqueles que cercam a vítima. Mostra também um pouco de como funciona uma editora (é bem raso, mas válido) e o mais importante: como funciona a mente de um pedófilo, sempre moldando os fatos a seu gosto.

Então, por favor, deem uma chance a esse filme e assistam - e depois venham conversar comigo, eu preciso falar com alguém sobre essa história.

P.S.: o abuso que Alice sofreu começa quando ela toma uma certa decisão - absurda. E, acreditem: nem assim, nem em nenhuma outra situação, a culpa é da vítima. Jamais. Podem ter certeza.
– Você é a garota do livro?
– Não sou mais.