Olá!

O resenhado de hoje é um livro que têm uma forte carga emocional. Então, já aviso: se não gosta de cenas fortes, esse livro não é para você. Espero que gostem de O Que Há de Estranho em Mim, da Gayle Forman.

O livro nos apresenta Brit, uma garota que vive com seu pai, sua madrasta e o meio-irmão em Portland. Ela tem 16 anos e faz parte de uma banda, a Clod. Desde o desaparecimento de sua mãe, ela tem uma vida que a madrasta considera rebelde: chega tarde em casa, tem tatuagens e piercings, pinta o cabelo, enfim, coisas que muitos jovens fazem.

Mas, o pai de Brit resolve interná-la em uma clínica para corrigir sua "rebeldia". A clínica na verdade era um reformatório. Que não reformava ninguém, só piorava. Ao chegar na clínica, ela teve suas roupas e piercings confiscados e foi parar em um quarto que mais parecia uma solitária. O reformatório trabalhava com seis níveis. Quem chegava era Nível Um, quem estava para ir embora era Nível Seis e tinha direito a várias regalias, como breves passeios e telefonemas para os pais. Conforme Brit ia subindo de nível - a contragosto, porque sabia que tinha que dançar conforme a música - ela foi conhecendo quatro meninas, a quem se uniria para dar um fim no sofrimento que estavam passando.
Aproveito e mostro meu outro livro da Gayle, Eu Estive Aqui, também recebido em parceria com a editora
Martha é a gordinha que outrora fora miss, Bebe é filha de uma famosa atriz e estava lá porque transou com um latino, Cassie é gay (e não gosta de ser chamada de lésbica) e V é um mistério. E era por isso que as cinco meninas estavam lá: por não se encaixarem na sociedade que é imposta.

O reformatório era todo cheio de falhas, mas duas figuras merecem destaque: a dra. Clayton (que era a "psicóloga") e Bud Austin, o Xerife, que controlava as TC, Terapias Confrontativas, que, em suma, eram quando as jovens se reuniam para humilhar umas às outras. Além disso, as jovens tinham que passar o dia empilhando blocos de concreto no calor infernal de Utah, onde ficava o local.

Fora do reformatório, Brit só podia contar com seus parceiros de banda, Erik, Denise e Jed (que ela nutria um carinho especial por ele). Sua mãe sumiu e o pai resolveu interná-la, praticamente abandonando-a. E é nesse inferno que Gayle Forman nos presenteia com uma história de superação, amizade com uma pitada de realidade.

Achei essa música muito linda, por isso compartilhei com vocês :)
Que história! Quando eu solicitei este livro junto à Arqueiro, parceira do blog, já imaginava que viria uma história tensa, devido à capa, onde mostra uma jovem sentada em uma cadeira, como se tivesse sido punida. Li os dois primeiros capítulos e já entrei em desespero: sabia que viria violência. Bom, eu adoro livros e filmes onde os personagens lutam, morrem e etc. Mas não suporto cenas de estupro e tortura, essas me embrulham o estômago - mesmo sendo ficção. Dei uma pausa de uns dois dias e depois retomei a leitura até o fim.

Brit e suas amigas são "desviadas" perante a sociedade, mas não há nada demais com elas, são jovens normais, com opções e gostos diferentes da maioria. E por isso foram jogadas pelas próprias famílias nesse lugar horrível. E não é só isso que a autora retrata. Ela também fala da traição, por parte da família, que coloca a pessoa num lugar desse achando que está fazendo o bem. Mas a pessoa sai pior que entrou. E a família abandona em lugares assim à própria sorte. É de chorar.

Quando eu digo que leio para saber qual mensagem o/a autor/a está transmitindo, é porque quero refletir sobre a história. E não foi diferente com esse livro. Me veio à mente que, muitos jovens, por aí, estão sofrendo em reformatórios de verdade, muito piores do que os retratados no livro - aliás, eu esperava mais em determinado momento.
Eu esperava mais porque, do nada, as meninas começaram a fazer coisas que eram praticamente impossíveis (não vou falar porque é spoiler),mas também pode ser porque eu esperava algo muito mais pesado do que foi retratado. Vários problemas são apontados pela autora durante a história, como a Síndrome de Estocolmo, que algumas das internas desenvolveram. Me surpreendi com duas personagens em especial: V (que se chama Virginia) e a mãe de Brit, prestem atenção nelas, é de chorar.

Encontrei apenas dois erros de revisão, crassos, mas que não atrapalharam o andamento da história. Por fim, me sinto na obrigação de recomendar essa história maravilhosa, com personagens que podemos nos identificar com alguma delas e torcer para que elas terminem bem.