Olá!

Como está indo a sexta de vocês? A minha está um beleza! Ontem, dia 09, foi feriado aqui em São Paulo, em comemoração à Revolução Constitucionalista de 1932 e, naturalmente, meus patrões foram sensatos e emendaram a sexta! Estou dividindo meu tempo em: ler, ler muito, ler mais um pouco, comer, ler, assistir a novela da Bandeirantes e ler. Nesse meio tempo ainda consigo responder aos comentários... bem que o dia poderia ter umas 30 horas, rs.

A resenha de hoje é a primeira que faço desde que entrei para o Clube das Divas (clique aqui para saber do que se trata). Esse clube de leitura escolhe, todo mês, um tema para que as blogueiras leiam. O tema do mês foi "romance de época". Admito que não é o meu gênero favorito - mesmo eu não tendo um gênero favorito - porém, fui voto vencido, rs.

Quando se pensa em romance de época, logo vêm à (minha) mente: Jane Austen, Júlia Quinn, Nora Roberts... Só pra citar as mais famosas. Como eu não gosto de nenhuma dessas, tentei fugir da mesmice, mas sem sair do tema. E não é que a rainha/soberana/dona do meu coração Isabel Allende também escreveu um romance de época? E é justamente ele que trago pra vocês: Retrato em Sépia.



Retrato em Sépia conta a história da fotógrafa Aurora del Valle. Na verdade, Aurora está procurando saber sobre sua infância, cheia de lacunas. E é ela que narra a história.

A narrativa começa com Aurora contando sobre seu bisavô, Agustin del Valle, um rico empresario chileno, que decide que seu filho Severo deve ir à Guerra do Pacífico. Severo, em uma manobra ousada e desesperada, acaba indo parar na casa de Paulina del Valle, sua tia, que vive na Califórnia. Enquanto isso, em Chinatown, vive a pasteleira Eliza Sommers, uma chilena que foi parar nos EUA porque estava procurando pelo pai de seu filho, que não chegou a nascer, mas acabou por conhecer o zhong-yi Tao Chi'en, que viria a ser o único homem de sua vida.

Pra quem não sabe, zhong-yi é uma espécie de curandeiro, um profundo conhecedor da medicina oriental. Mas Tao ia além: era também um estudioso da medicina ocidental. Tanto que conseguiu respeito entre brancos e chineses e ainda conseguiu cidadania americana, o que era quase impossível para um cidadão chinês da década de 1880.

As história de Severo, tia Paulina, Tao e Elisa são só a ponta do iceberg. Por ser uma história narrada entre 1880 e 1920, vocês já imaginam como a mulher era tratada...

Aurora foi concebida por acidente. Matias, filho de Paulina, resolveu fazer uma aposta com alguns amigos: ganharia quem desvirginasse Lynn, a filha de Eliza e Tao. Uma bela jovem que não tinha traços asiáticos. Por questões do momento, a aposta foi cancelada, mas Matias acabou deflorando Lynn. Deflorando... que brega!

A história propriamente dita começa quando, aos cinco anos, Aurora - Lai-Ming era seu nome chinês - chega na casa de Paulina, trazida por Elisa.

O livro tem 420 páginas, dividido em três partes. A história de Aurora se mistura à Guerra do Pacífico - conflito envolvendo o Chile contra Bolívia e Peru. Inclusive são citados nomes de generais que realmente morreram no confronto. Isso que eu gosto na Isabel: ela mistura ficção com fatos reais. Ela conseguiu colocar Severo na guerra, como se ele fosse um personagem real.

"Nada é mais perigoso que poder com impunidade."

Pra chegar a fase adulta de Aurora foram duas partes do livro, tamanha história ela tinha pra desvendar - e o leitor também ajuda. Não posso negar que teve uma enrolação, mas li rápido pra chegar na parte que eu queria.

Já tinha lido Retrato em Sépia antes, mas fazia muito tempo e quase não me lembrava da história. Aproveitando que a leitura desse mês do Clube das Divas era um romance de época, resolvi reler. E gente, como é decepcionante a revisão que a Bertrand Brasil faz dos livros dela. Se fosse só revisão beleza, mas não, o povo traduz errado. Quer dizer, nem traduz. Peguei várias palavras em espanhol. Pra mim foi de boa porque eu falo espanhol. Mas e quem não sabe? Tem que usar o contexto.

O livro merecia uma nova edição, pois a que eu li - publicada em 2000 - já está velha, sem falar que precisa ser adequada à não tão nova reforma ortográfica. No mais, a fonte(bem horrorosa, por sinal) e as folhas deixam a leitura confortável.

Essa obra é mais que recomendada por mostrar uma época real, com personagens tirados da mente de dona Isabel, mas com uma ou outra participação especial de alguma pessoa que realmente existiu; é uma obra que foge do convencional - donzela rica e virgem que tem casamento arranjado mas por algum motivo, acaba não casando - e que, pra quem gosta de História, é prato cheio, pois retrata a Guerra do Pacífico - eu pesquisei e sim, aconteceu mesmo, rs. Sem falar que, eu fico embasbacada como a Isabel consegue fazer uma conexão São Francisco/Califórnia com o Chile. Em todos os livros dela, os personagens estão em ambos os lugares e ainda assim se encontram, desenhando tramas distintas, apesar dos locais já terem virado lugares-comum.

Naturalmente, pra quem gosta de romance de época, esta é uma ótima sugestão, ainda mais por ser um romance um pouco diferente dos que já ouvi falar. E recomendo também porque é uma obra de Isabel Allende, claro.

E você, gosta de romances de época? O que achou da resenha?


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