Olá!

O livro é recente, mas dada sua importância e relevância, faz-se necessário ler e compreender sua mensagem. Portanto passei a virada do ano ao lado de Margaret Atwood e sua masterpiece (acho), O Conto da Aia.
SKOOB - O Conto da Aia conta a história de uma república no século XXI, mas bem à frente do nosso tempo e quem a narra é a Offred. Ela é uma aia, cuja única função é engravidar. Houve uma revolução e o que eram os Estados Unidos agora são repúblicas independentes. Offred mora na república de Gilead. A revolução foi teocrática então tudo é feito de acordo com os preceitos bíblicos. Offred foi arrancada da sua vida e tudo que tinha antes lhe foi tomado e agora sua função é só gerar filhos. Para os outros.

Houve muitas guerras nucleares ao longo do século, resultando na morte de muita gente, então quando os religiosos tomaram o poder (seja eles de qual religião for) as aias foram a solução encontrada para poder retomar o controle de natalidade ao considerado normal, porque além de muitos soldados terem morrido, muitas mulheres ficaram estéreis por causa dos efeitos das bombas nucleares. Elas pariam desde bebês saudáveis a coisas bizarras.

Então as mulheres - do ponto de vista bíblico - impuras, como as lésbicas, as adúlteras, as que vivem na condição de amantes, etc., são candidatas a se converter a aias, desde que sejam férteis. As que não eram iam para as colônias e, no prazo de três anos, acabavam morrendo por causa da forte exposição à radiação já que ficavam lá trabalhando forçadamente.

Já as mulheres da elite são as Esposas, as empregadas são as Marthas e as pobres são Econoesposas. As Tias são responsáveis por doutrinar as Aias. Sendo assim, os Comandantes é quem mandam – apesar de não sabermos o que eles comandam. Como em toda ditadura, todos temem ser traídos, e com Offred não é diferente. Por ser mulher, seus castigos são piores. Ela tem bastante tempo livre, já que, como sabemos, sua única função é engravidar. Então aproveita pra nos contar como é a vida em Gilead.

Diferente das distopias que estamos acostumados, Offred ficará passiva durante toda a trama, apenas relatando seus pensamentos e atos. Seu nome verdadeiro não é revelado e podemos ver como era sua vida antes da revolução. Aliás, ela perde tudo: sua conta bancária, sua família (marido e filha) e até mesmo seu nome. Offred significa que ela pertence a alguém chamado Fred: Of ("de", portanto Do Fred).
O mais surpreendente dessa obra é que é muito atual. Foi escrita em 1985 e de lá pra cá nada mudou. É verdade que não vivemos numa ditadura, mas o fundamentalismo está mais forte, assim como o conservadorismo e outros pensamentos retrógrados que estão voltando à baila. Porém, o que talvez explique o sucesso da obra – a ponto de virar série de TV – é que todos esses assuntos – além dos consagrados machismo, sexismo e relação Estado-Igreja – estão sendo discutidos. As mesas de bar deram lugar às redes sociais, e todo mundo tem acesso a isso.

A narração é em primeira pessoa, e graças as descrições de Atwood, podemos ver com clareza os mecanismos de Gilead para manter tudo em ordem, através de seus Olhos (os soldados que prendem os que agem “fora da lei”) e seus Anjos (os que vão para a guerra). Aliás, acerca do texto, tem muitas vírgulas, um festival delas. Por um lado, isso me incomodou, cheguei a achar que fosse erro de tradução, mas por outro, penso que elas estão ali para causar algumas sensações no leitor, deixá-lo no suspense ou fazê-lo refletir.

Postei essa imagem no Twitter (minha conta pessoal, mas podem seguir, rs) pra dizer que os versículos eram um negócio bizarro, nem tinha certeza de que o livro bíblico citado estava escrito errado. Ainda assim a editora me respondeu, agradecendo por ter postado. O que mostra que assim como há bocas de porco, há editoras sérias.

No mais, apesar do final meio que aberto, não vejo outro modo de encerrar a história. Tudo faz sentido e precisamos de mais livros assim, que nos faça refletir. E mais importante, que sejam escritos por mulheres, para que nos representem e nos deem voz. E a Rocco me disse, um tweet depois desse que está acima, que em 2018 teremos mais três lançamentos de Atwood! Já quero (e com esse projeto gráfico, rs).
"Nolite te bastardes carborundorum."
"Mas lembre-se que o perdão também é um poder. Suplicar por ele é um poder, e recusá-lo ou concedê-lo é um poder, talvez de todos o maior."
"Um rato em um labirinto está livre para ir a qualquer lugar, desde que permaneça dentro do labirinto."

Compre aqui seu exemplar de O Conto da Aia.

22 Comentários

  1. Olá!

    Li uma resenha desse livro ontem mesmo, acho que bastante gente tem gostado dele. Acho que eu não seria uma delas, apesar de amar distopias. Fiquei sabendo que ocorre descrição de algumas cenas bem fortes, que eu prefiro evitar ler. Mas que bom que gostou e sua resenha ficou ótima!

    Abraços

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  2. Olá,

    Confesso que o enredo do livro não me chamou a atenção, não consegui ficar atraído pela história, mas, por outro lado, os assuntos que ela aborda me deixou muito curioso, fiquei instigado pela obra justamente devido a sua resenha e seus pontos de vistas. Amei, vou recomendar para todos os amigos! ♥

    → desencaixados.com

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  3. Olá, quero muito ler este livro, o peso que ele trás em seu enredo chama tanta a atenção que nos faz querer ler e refletir sobre o assunto. É triste saber que é um livro escrito em outra epoca e ver que muita coisa não evoluiu, uma pena! A resenha ficou ótima e bem desenvolvida!

    Beijos,
    Conta-se um Livro

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  4. Oi, Kamila! Estou com esse livro para ler, cheguei a começar, mas acabou que ele não fluiu muito bem no primeiro momento, então dei um tempinho. Sei que ele é uma crítica ferrenha e por isso espero retomar a leitura em breve.
    Bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  5. Olá, tudo bem Kamila?
    Você acredita que estou com o livro "O Conto da Aia" parado aqui? Eu até comecei a leitura, mas parei para ler os livros das editoras parcerias, preciso ler o quanto antes esse livro!
    Abraço!

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  6. Nossa, preciso muito ler esse livro e assistir à série!
    Essa história parece ser bem revoltante e triste ao mesmo tempo porque, de fato, nós vivemos em um mundo muito machista e apesar de não ser uma ditadura, muitas concessões são dadas aos homens e nós mulheres continuamos com um papel pequeno na sociedade. =/
    Parabéns pela resenha!

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  7. Já faz um tempo que estou desejando ler os livros dessa autora. Gosto muito desse tipo de história. Gostei muito dos pontos que você destacou!! Só não entendi bem seu comentário sobre as vírgulas... Afinal, existem regras para o uso de vírgulas e não são a gosto do autor ou do tradutor, ou para dar essa ou aquela impressão na leitura. Não entendi bem...
    Mesmo assim, fiquei ainda mais atiçada para ler esse livro!!!
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  8. Quero muito ler esse livro, mesmo que a trama seja bem forte e pesada conforme vejo, ainda mais com essa realidade que ela apresena para nos mulheres. Achei curioso o festival de vírgulas rsrs, mas o seu pensamento é plausivél.
    Quero ler para depois ver a série, que também estou curiosa para saber as sensações que ira despertar em mim.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  9. Amei a resenha que fez do livro. É um livro que tenho muita vontade de ler. Nao só por causa da fama da série, mas por que sem dúvida é um otimo livro.

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  10. Fiz a leitura desse livro ano passado e ele me bateu tão forte que, até hoje, não consegui resenhá-lo. Sabe aquelas leituras tão difíceis que a gente não consegue colocar em palavras? Pois é. Comecei a assistir o seriado também, mas acabei não terminando ainda, também por causa do conteúdo forte. Fico feliz por esse tipo de literatura estar cada vez mais "modinha", acho que é extremamente importante. Ah, ao contrário do que você disse, sobre o livro ser recente, na verdade, a publicação original dele é de 85, então, não é tão recente assim - só o boom dele que é recente mesmo, rs.

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  11. Menina
    Adorei tua resenha. Infelizmente ainda não tive oportunidade de ler o livro, mas assiste a série e gostei muito. É uma história que nos indigna e faz pensar em tantas coisas. Adorei essa curiosidade sobre o nome Ofred eu não sabia. Amei e assim que puder também quero ler.
    Beijo
    Raquel Machado
    Leitura kriativa
    Http://leiturakriativa.blogspot.com

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  12. Quando o livro foi publicado eu não me interessei pela leitura, mas comecei a ler algumas resenhas e fui ficando cada vez mais curiosa. Eu gostei bastante de conferir a sua opinião sobre a leitura e espero poder ler em breve.

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  13. Olá!
    Pelo visto essa história é bem intensa e tira o leitor da zona de conforto por chocar em várias passagens.
    Apesar de ler muitas críticas positivas, não é uma história que me atraia para leitura.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  14. Olá Kamila,
    Estou bem ansiosa para fazer essa leitura e fiquei contente por você ter gostado dela, mesmo com o final "aberto". Esse livro parece embrulhar o estômago em alguns momentos por conta da crueldade que ele traz, mas acho que isso não é ruim, sabe?
    Espero que eu tenha oportunidade de ler esse livro.
    Beijos,
    http://www.umoceanodehistorias.com/

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  15. Esse livro foi escrito no ano em que nasci e infelizmente o teor é atemporal, forte, desumano, desesperador e triste. Concordo com você que o final não poderia ser outro, causando ainda mais angústia e uma forte pitada de esperança pela revolução...

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  16. Oie, esse livro está sendo tão elogiado que tenho muita vontade de ler. Adoro as críticas sociais nele implícitas, e é interessante ele trazer tantos fatos do nosso mundo atual.

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  17. Oi, Tudo bom?
    Já vi vários leitores falarem bem desse livro, eu estou louca para ler e a cada resenha que vejo fico ainda mais interessada.
    Beijos, Joyce de Freitas

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  18. Oi Kami,
    Esse livro já esta na lista, aliás acho que vou virar a madrugada acordada pra ver se pego a net vazia e faço minhas comprinhas tranquila amanhã hahahah, estou louca para ler, por ser distopia, e por ser tão real aos dias de hoje. E é como você disse se virou série, é muito bom mesmo.

    Bjs

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  19. Esse é um daqueles livros que tem muita gente falando muito bem, mas que eu ainda fico com o pé atrás por conta da série. Nao gosto muito de seguir a corrente, acontece de me permitir uma vez ou outra, mas qnd tem série eu fico cismada...kkk... No moment, não sei se leria, mas tenho curiosidade.

    Raíssa Nantes

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  20. Oi Kamila, como está?
    Tenho esse livro nas minhas coisas virtuais, mas ainda não tive coragem de ler embora eu já tenha lido outro da mesma autora, Vulgo Grace, que foi um livro que particularmente me perturbou muito. Acho que por isso ainda não estou pronta para encarar a Aia. Mas com certeza esse livro é extremamente importante como crítica à nossa ainda machista sociedade.
    Abraços e beijos da Lady Trotsky...
    http://galaxiadeideias.com
    http://osvampirosportenhos.blogspot.com

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  21. Olá!
    Já tinha visto um resemha desse livro no YouTube, mas não vi por completo. Achei o livro bem interessante, essa relação sobre machismo, sexismo e religião é muito complicada. Sempre que posso pesquiso sobre esse assunto. Penso, que esse tipo de livro nos faça refletir bastante. Adorei sua resenha, parabéns!
    Abraços.

    Menino Livros, Haulisson.

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