Olá!

No Vida Literária de Março, a Ani (Entre Chocolates e Músicas) escolheu o livro Os 13 Porquês, de Jay Asher, para que ela, eu e a Raíssa (O Outro Lado da Raposa) lêssemos, discutíssemos e, por fim, fizéssemos nossas resenhas. Infelizmente, essa história não me cativou tanto assim, vem comigo pra saber o porquê.


Skoob - Os 13 Porquês conta a história da jovem Hannah Baker, que se suicidou. Até aí algo super normal, infelizmente, na cultura escolar norte-americana. Mas, antes de morrer, Hannah gravou uma série de fitas - sete - e em cada uma delas ela explica o que a levou a tomar essa decisão radical.

A caixa contendo as fitas vai parar na casa de Clay Jensen, que a encontra após chegar da escola. Ele sempre gostou de Hannah, mas nunca teve coragem suficiente para dizer. De início, ele fica sem entender porque recebera a tal caixa, mas se ele não as ouvisse e passasse adiante, elas se tornariam públicas. Ele, temendo sabe-se lá o quê, resolve ouvi-las. E se surpreende.

Vários nomes são citados nas fitas, cada um com uma história um tanto tensa. Clay está louco para saber o que ele fez para estar ali. Além das fitas, ele recebe também um mapa, com diversos pontos selecionados, que ele deve visitar escutando as fitas. (Nota: ele arruma um walkman com um amigo).

E, basicamente, a história é isso. Por mais que a ideia de contar uma história através de fitas K7 seja muito original, Hannah Baker não me convenceu nem um pouco. Sei lá, algo nela me pareceu falso. Mesmo que os motivos que a levaram ao suicídio sejam os citados nas fitas, é como se ela, ao saber dos acontecidos, não fez nada. Por mais que ela fosse a menina nova do bairro, ela poderia, sei lá, ter feito alguma coisa, qualquer coisa, para se defender.

O que posso dizer sobre as motivações envolvem uma palavra: boato. O que era um simples boato acabou se tornando uma enorme bola de neve, e, em dado momento, tornou-se indefensável para Baker. Mas, ainda assim senti a impressão de que faltou algo para que ela me convencesse - mesmo - a terminar com tudo de maneira drástica. Resumindo: ela estava sozinha e assim permaneceu.

"Ah, mas ela é a novata do bairro, quem iria acreditar na palavra dela?" Esse foi um ponto discutido na conversa entre mim e as meninas. Sim, ninguém acreditaria nela, mas ela poderia tentar, pelo menos. Não entra na minha cabeça que ela tenha ficado calada, mesmo não tendo o apoio de absolutamente ninguém, o que é cruel, óbvio. Talvez eu pense assim porque, se estivesse na pele dela, eu gritaria, escreveria nas paredes, bateria em algum dos envolvidos, sei lá, mas faria alguma coisa pra me defender, mesmo que tudo fosse em vão, no fim das contas. Claro que boato nem sempre é possível de desmentir, infelizmente, mas pelo menos ela poderia ter tentado, poxa!
Mas nem tudo é ruim nesse livro, Jay Asher traz uma importante mensagem: quando você diz/faz algo de ruim contra uma pessoa, você não a afeta somente naquele momento ou naquele meio, você afeta TODA A VIDA da pessoa; o seu boato/bullying/falso testemunho/piadinha destrói toda a teia que molda a vida dessa pessoa. E é isso que vemos na história. Independente do que Hannah fez (ou não) para converter a situação a seu favor, tudo o que fizeram com ela (conscientemente ou não) desencadeou toda essa situação que levou ao suicídio.

Um esclarecimento sobre suicídio que ouvi num programa de rádio: a pessoa só pensa em se matar porque ela quer colocar um ponto final em seu sofrimento. Ela não gosta da ideia de morrer, só pensa em terminar com a situação em que está passando. 

É meio paradoxal o que vou dizer, de acordo com o que disse até aqui, mas vamos lá: se você conhece alguém que está ali, calado demais, sempre falando em coisas pesadas, que tal tentar conversar com ele? E se você está passando por algo ruim, que tal conversar com alguém? Mostre preocupação com essa pessoa, às vezes, uma conversa ilumina a mente dessa pessoa. E se alguém quiser conversar com você, escute!

Li a edição digital, então, sem comentários sobre revisão e diagramação. Ainda assim, espero que mais livros do autor cheguem ao Brasil.

Concluindo, a escrita do Jay é boa, mas a trama não me convenceu por causa da passividade de Hannah. Valeu demais sair da zona de conforto, mas não é o tipo de história que eu recomendaria a alguém, por causa da protagonista em si. Porém, recomendaria pela originalidade da trama. Nunca que eu pensaria em escrever algo assim. A mensagem que ele transmite sobre suicídio, boatos e cultura escolar é bem interessante.

Demorei muito para ler e conhecer esse livro e me arrependo disso, é uma obra pesada e necessária. Falar sobre depressão, pressão e suicídio é necessário com os jovens. Passamos mais tempo tentando nos esconder do que antigamente. Nenhuma vida é fácil, todos nós temos problemas, mas podemos resolver com amigos, por isso, sempre procure ajuda! Sempre. Os 13 Porquês me fez repensar muito em minha vida. - Ana.

É bem complicado escrever uma resenha desse livro, até porque é um tema muito delicado e complexo. O tema central é o suicídio e cada um vê essa situação de uma maneira diferente. Mas, ao mesmo tempo, é importante que isso seja discutido, pois ainda existe muita desinformação a respeito das causas do suicídio, principalmente a respeito da depressão, que é a principal delas. O livro já em suas primeiras páginas começa com um clima bem pesado, o leitor é envolvido pelas palavras de Hannah nas gravações e um sentimento ruim começa a se instalar na nossa cabeça. Ainda assim é importante continuar a leitura, por mais que você nem sempre concorde com ela. - Raíssa

P.S.: dia 31 de março, vulgo hoje, estreia a série na Netflix, 13 Reasons Why, com produção de Selena Gomez. Vou assistir? Ainda não sei, mas parece ser uma série muito bem feita.




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