Olá!

Depois de ler a sequência da série Millennium (!), era hora de entender de onde veio o talento de David Lagercrantz para a literatura policial e porque os herdeiros de Stieg Larsson o escolheram para continuar a única série possível. A Cia. das Letras não perdeu tempo e publicou um dos primeiros livros do autor.
SKOOB - A Morte e a Vida de Alan Turing vai começar relatando a morte (o suposto suicídio) do famoso matemático inglês, cuja participação foi essencial na vitória da Inglaterra sobre a Alemanha nazista, nos anos 50. Ele morava em Wilimslow, próximo de Manchester, Inglaterra. E no dia seguinte à morte de Turing, o detetive Leonard Corell é designado a ir até a casa da vítima para buscar informações do caso. 

Alan era homossexual e, na época, era muito mal visto. Mesmo sendo genial em seu trabalho, o fato de ser gay o fazia ser mal visto perante a sociedade – inclusive era crime naquele tempo. Quando o detetive vê o que Turing deixou – uma maçã banhada em veneno – ele colocou em xeque a versão oficial – a de suicídio. Aliás, junto da maçã, alguns objetos que, à primeira vista, não diziam muita coisa.

Leonard Corell era um sujeito singular. Cheio de monstros perturbando sua mente, teve uma infância complicada, sendo obrigado a estudar numa escola que não queria e ter que suportar uma mãe que ficou distante após a ausência do pai. Acha seu trabalho de policial algo indigno dele e de seu sobrenome, se achando superior a tudo e todos, mas ao mesmo tempo sofrendo com uma tremenda timidez, que o faz agir de maneira impulsiva às vezes. As coisas que Leonard encontra na cena da morte fazem com que ele repense sua vida, seus conceitos, até mesmo sua auto-estima. E acaba por iniciar uma investigação profunda sobre o caso, fazendo-o mergulhar na morte e na vida de um dos mais importantes matemáticos de nosso tempo. 

Foi uma boa leitura, pude conhecer melhor a escrita de David, aliás, pude conhecer a escrita dele em algo original. Deu pra entender melhor de onde ele tirou tantos conhecimentos matemáticos e físicos para escrever a sequência da série Millennium. Cheio de detalhes, o livro permeia não só a vida de Turing, mas também a sociedade daquela época, preconceituosa e preocupada com o avanço do nazismo no pais. 
A máquina de Turing – precursora dos computadores que conhecemos hoje – foi um aparelho vital para a vitória dos britânicos. Com muitos fios e conexões, foi possível decodificar as mensagens dos alemães, é assim salvar muitas vidas. O livro também conta como ele era um sujeito tão singular quanto Corell. Sabia de seus “defeitos”, mas não fazia nada para “melhorar”. Pelo contrário, vivia um dia de cada vez, sempre pensando logicamente. Para ele, tudo era lógico, literal. Ou era ou não era, e isso foi seu diferencial – e sua perdição. 

O legal deste livro foi a forma como o autor transitou entre o real e o imaginário. Sendo o protagonista alguém tão importante, claro que a história deve ser contada com o máximo de precisão, sem nem mentir nas informações verídicas nem fantasiar demais a ponto de virar algo irreal. E é nisso que David acerta, ao inserir pitadas de ficção numa trama real – ou seria o contrário? 

Logicamente que estava com altas expectativas em relação a esta leitura, claro, o autor foi escolhido só para dar sequência à minha série favorita. E muito do que vi nos livros que ele escreveu (os da série), tem como base – nem que seja base física e matemática – este livro e todas as pesquisas que foram necessárias para a construção dessa trama. A única coisa negativa é que, dado meu baixo – pífio – conhecimento em matemática e física, infelizmente não pude visualizar todas as estratégias e processos com perfeição, mas pude ver as partes mais humanas, onde tanto Corell quanto Turing mostram quem realmente são.

P.S.: ainda não me esqueci que David deve uma visita aos leitores brasileiros, rs.

Compre A Morte e a Vida de Alan Turing clicando aqui.