Olá!

Ler Pequena Abelha me foi uma grata surpresa, isso porque a premissa é muito aberta. O autor, Chris Cleave, pede para que, após a leitura, o leitor não comente muito sobre a obra, para não estragar a magia. Então, seguindo sua vontade, vou falar o mínimo possível, para não estragar a experiência de vocês.
SKOOB - Basicamente,  Pequena Abelha vai contar a história de duas mulheres, que se encontram numa praia por um certo motivo. Vai acontecer uma situação que levará uma das duas mulheres ao extremo - e quando digo extremo, pode ter certeza que é - levando-a a fazer algo inacreditável. Dois anos se passam e essas duas mulheres se reencontram, em outro lugar totalmente diferente, numa situação totalmente diferente. Juntas, elas terão que procurar como sobreviver num lugar que é complicado para uma e hostil para a outra.

É claro que a história é muito, mas muito mais que o parágrafo acima. Mas o que posso acrescentar a isso? Uma delas é jornalista, a outra é refugiada. No segundo momento, estão em Londres. O livro é bem atual, então vai retratar um tema que, só não foi discutido com ferocidade aqui porque o Brasil é grande demais: a imigração em massa. Não que ela não esteja acontecendo aqui, mas não é como na Europa, quero dizer.

O livro é retratado em primeira pessoa, sob o ponto de vista das duas mulheres. Cada uma te surpreende de um jeito, mas a refugiada, essa me deu uma lição de vida. Cada página era um tapa na minha cara, tamanha era a verdade que ela, em parágrafos tão concisos, me mostrou. Só sei que sua maior lição ficou gravada em mim até hoje. Resumidamente, ela diz que "se os homens vierem e você não souber como se matar, aí eu terei pena de você".
A frase acima, assim, solta na resenha, pode não significar muita coisa, mas quando você lê a história dela, aí sim você saberá que ela tem razão. Não direi quem são os homens em questão, mas pode ter certeza, eles não são bons. 

Infelizmente, mais um excelente livro da Intrínseca que não teve o hype merecido. Assim como o Por Favor, Cuide da Mamãe (resenha aqui), Pequena Abelha não emplacou tanto aqui no país (pelo menos até onde me lembro), mas tem uma mensagem tão linda, mas tão real e tão atual, que até dói, só de imaginar que isso está acontecendo agora, em pleno mês de junho de 2017 - detalhe, o livro foi publicado originalmente em 2010.

Espero que tenham mais obras do Chris Cleave publicadas no Brasil, porque, pode ter certeza, ele ganhou uma fã, por sua sinceridade e crueza com as palavras, mas sem deixar de ser delicado. Ah, o título original é The Other Hand (A Outra Mão), eu preferiria que fosse traduzido ao pé da letra, mas, ao ler a história, você entende que o título seria um spoiler.

"Uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: 'Eu sobrevivi'."