Olá!

Cumprindo o sexto tópico do Desafio 12 Meses Literários, cujo desempenho você acompanha na sidebar, o resenhado de hoje me foi uma grata surpresa, além de uma aula de História. Neste mês, eu deveria ler um livro com mais de 300 páginas, e o escolhido foi Portões de Fogo, lançamento da Marco Polo, selo da Contexto - e que tem 431 páginas.
SKOOB - Portões de Fogo é o relato do cativo Xeones, que foi preso pelo rei Xerxes, da Pérsia. Xeones foi o único sobrevivente grego da Batalha de Termópilas, onde o rei Leônidas e seus 300 espartanos lutaram contra dois milhões de persas. Sim, isso mesmo, 300 contra dois milhões. Assim como naquele filme que tem o Rodrigo Santoro. Xeones vai narrar toda sua história para o rei da Pérsia.

Mas como Xeones tem muita coisa a contar, ele vai começar explicando que veio da cidade de Astakos, que foi saqueada, e sua família brutalmente assassinada, sobrando apenas ele, sua prima Diomache e um escravo. Os três passaram altos perrengues até se separaram, cada um indo para um lado. O cativo foi parar em Esparta, onde os homens já nascem predestinados a uma coisa: lutar até o fim.

O narrador, literalmente, comeu o pão que o diabo amassou em Esparta, porém, como vinha de outra polis, acabou por se tornar um criado. Com uma riqueza de detalhes que só quem viu pode contar, Xeones vai destrinchar toda sua vida, o paradeiro de sua prima, as pessoas que o ajudaram em sua jornada, e, o mais importante, dizer como foi possível 300 pararem dois milhões. Durou só sete dias, mas, só isso já é o suficiente para mostrar a grandeza do povo espartano.

Steven Pressfield, o autor dessa riqueza histórica, se baseou nos textos de Heródoto, principal historiador da época, para criar um personagem que viveu uma história real (até que se prove o contrário, tudo isso aconteceu). Com uma riqueza de detalhes que não me lembro de ter visto em outra obra do gênero - não que eu leia muitos históricos - o leitor vai adentrando a Grécia antiga, com todas as suas maravilhas, e suas guerras também, porque esse povo amava lutar...
Cada capítulo se inicia com esse elmo ilustrando o rodapé.
Como é uma aula de História, aprendi algumas palavras em grego, como andreia (coragem), katalepsis (possessão, no sentido de medo extremo) e a oudenos charion (terra de ninguém, aquele espaço vazio onde os guerreiros batalham), e relembrei outras, como as consagradas polis (cidade) e democratia (democracia). Além disso, a leitura é lenta, pois a narrativa de Xeones é viva, cheia de detalhes.

Só o que me confundiu foi a questão do nome do lugar: o conjunto de todas as polis é Grécia ou Hélade? Ou os dois servem? Isso, infelizmente não ficou muito claro pra mim. O que não significa que você não deve arriscar a leitura - aliás, se você souber o nome certo, me avisa nos comentários!

Depois de três décadas, a Marco Polo volta a investir em ficção, voltado para o gênero histórico. E, para mim, ela acertou em cheio ao escolher este livro como sua primeira publicação. Como Pressfield domina o assunto, ele não deixa nenhuma ponta solta, sua escrita flui, apesar dos diversos termos específicos da Grécia Antiga que, a princípio pode confundir, mas quando você compreende, a leitura fica mais tranquila.
Meus minions guerreiros...
Definitivamente, não é um livro para ser lido com pressa. Cada detalhe deve ser saboreado, vivido na pele, como se o leitor estivesse em Esparta, batendo e apanhando até não resistir mais. Aliás, Esparta era um lugar tenso, onde os homens viviam apenas para a guerra. Desde que nascem, os meninos são instruídos a golpear o inimigo e louvar aos deuses.

Agora, a Marco Polo vai precisar publicar um livro falando sobre o território grego hoje. Esparta ainda existe? E Astakos? Da Antiguidade, só sobrou Atenas? Infelizmente, não encontrei essas informações na internet. Porém, se você quer saber um pouco sobre a Grécia Antiga, vale muito a pena ler Portões de Fogo.

P.S.: o final é muito digno, principalmente quando o rei Leônidas revela porque escolheu os 300 espartanos em questão.