Olá!

Aproveitando que ando com uns trocados pra ir ao cinema, e sabendo que Kenneth Branagh está no elenco (talvez eu tenha virado fã, já que a resenha de Wallander saiu nesta segunda, com o link aqui), corri pra ver Dunkirk. E foi tão legal! Poucas vezes vi um filme de guerra tão bem feito.

Título Original: Dunkirk
Elenco: Harry Styles, Tom Hardy, Kenneth Branagh e elenco
Ano: 2017
Duração: 2h

Baseado em um best-seller recém-lançado pela Harper Collins, o filme vai contar a história da batalha da praia de Dunkirk, durante a Segunda Guerra, quando os alemães cercaram o local e os franceses e ingleses, sob cobertura aérea e marítima, ajudaram as tropas a evacuar a praia. Tropa composta por mais de 400 mil soldados.

Basicamente, é isso, mas quando vemos de forma detalhada como aconteceu, percebemos como o processo foi aflitivo, com muitas vidas perdidas, e quem está na posição de comando fica só observando, num primeiro momento, mas quando resolve tomar a decisão crucial, o faz sem temer absolutamente nada.

O filme não tem um protagonista específico, então se você não gosta do One Direction, não precisa torcer o nariz, porque o Harry Styles vai aparecer o mesmo tanto de vezes que os demais atores - ele é um dos soldados. Aliás, se quiser seguir na carreira de ator, vai dar super certo, ele mandou super bem no personagem, talvez algumas aulas pra aprender alguns fundamentos e vá ser feliz na carreira! Aliás (de novo), ele tá tão adulto nesse filme que quase não o reconheci...

Já sabendo que o Oscar de melhor diretor vai pro Christopher Nolan... porque é impossível esse cara não ganhar, o que ele fez como diretor (ele também escreveu o roteiro, segundo os créditos), não vi em nenhum filme deste ano (talvez perca pra Patty Jenkins... ah, dividam o prêmio de uma vez!). O jogo de imagens, a fotografia, as câmeras deixando o espectador em primeiro plano... Outra pessoa que também deve ganhar a estatueta é o responsável pela trilha sonora, o alemão Hans Zimmer. Toda instrumental, cada tema aparecia no momento certo, ditando o sentimento a quem assiste, como o medo e a tensão, presentes em toda a história.
Spoiler: nessa cena, uma pessoa riu. E ninguém vai notar isso na hora, portanto, para ver o momento exato, pesquise na internet por "Dunkirk smiling extra fail".
Kenneth Branagh (minha motivação pra ver o filme) é o Comandante, ou seja, o que olha a merda sendo feita. Assim como os demais personagens, ele aparece o suficiente para sabermos que é ele quem manda... e eu vou dizer o quê desse homem maravilhoso (que precisa de um preenchimento labial urgente), só aplaudir e me deixar seduzir pelo sotaque britânico maravilhoso dele! O outro mais famoso que aparece é o Tom Hardy, que é piloto e passa o filme inteiro pilotando um caça (eu queria, inclusive) e que só tira a máscara nos acréscimos (é um spoiler, mas deve ser difícil atuar e não poder mostrar a cara, rs).

Também teve um monte de tiro disparado. Amei todas as cenas de tiro, porrada e bomba. Na primeira vez que os tiros são disparados, fiquei procurando de onde vinham as balas, porque parecia que tava rolando um tiroteio de verdade, juro! E isso foi possível porque assisti o filme numa sala Cinemark XD e nunca tinha passado por essa experiência - sala aprovadíssima!

Apesar da resposta polêmica recente do Nolan a respeito da Netflix, há que se parabenizar o trabalho dele, ele sabe o que faz e, por se tratar de uma história real, contá-la sem se tornar uma coisa arrastada é uma tarefa difícil. Então, se você gosta do 1D, ou do Kenneth ou de uma boa história de guerra, Dunkirk é uma ótima pedida!


Olá!

Como é de conhecimento público, amo romances policiais. E se eles vêm da Escandinávia (principalmente Suécia), melhor ainda. Nesta região, acho que o gelo é abençoado e por isso brota tanta história boa. E como todo bom livro, via de regra, vira filme ou série de TV, e, às vezes é a única ferramenta que temos para conhecer grandes histórias. Então, falemos de Wallander - versão da BBC.
Com 4 temporadas de três episódios cada (cada episódio equivale a um livro), a série vai contar a história do inspetor policial Kurt Wallander, que mora na simpática região de Ystad, na Suécia. Por mais que seja um lugar bucólico (e fofinho), lá ocorrem crimes macabros - que se tornam muito tensos quando olhamos o contexto atual do país (igualdade entre os sexos perto do ideal, IDH perto do 1, direitos trabalhistas sendo respeitados e assim por diante). É a função de Kurt desvendá-los.

Em paralelo às suas investigações, também podemos conferir um pouco da vida pessoal do inspetor: seu pai tem Alzheimer, sua ex pediu o divórcio, mas ele acha que pode salvar o casamento, a filha que volta-e-meia some e aparece... Enfim, problemas que qualquer ser humano possa vir a ter, o que torna a série mais palpável para o público.

Na Netflix está disponível a versão da BBC, que merece os parabéns por ter feito uma produção impecável, aproveitando ao máximo as paisagens locais. A primeira temporada foi ao ar em 2008 e a última, no ano passado. Mas as negociações datam de 2007, quando Kenneth Branagh se reuniu com Henning Mankell para discutir sobre a série. Mas é claro que, antes da BBC, a Suécia fizera sua versão da série, que foi ao ar entre 2005 e 2013.
Equipe de Kurt na primeira temporada. A partir da esquerda: Anne-Brit (Sarah Smart), Martinsson (Tom Hiddleston) e Lisa Holgersson (Sadie Shimmin)
Sobre as atuações, há muitas mudanças ao longo da temporada, então vou me ater somente à mais importante: a de Kenneth, que me conquistou com seu personagem logo nos primeiros minutos do primeiro episódio (porque sou assim com séries, tem que me conquistar de cara). Claro que todo mundo tem sua importância à série, porém muita gente entra-e-sai ao longo das temporadas, por isso prefiro falar só dele, mas aproveito e cito a brilhante Jeany Spark, como Linda Wallander, filha de Kurt.

Aproveitando o texto, falemos dos livros. A série escrita por Henning Mankell entre 1991 e 2009 tornou-se sucesso instantâneo. Claro que ele já era conhecido no país por seus diversos livros voltados para o público infantil, mas foi com Wallander que ele se consagrou como o maior escritor da Suécia (segundo os próprios suecos), superado somente por um tal de Stieg Larsson... Além de escritor, ele adorava teatro e, entre idas e vindas pela África, acabou fundando o Teatro Avenida, em Maputo, capital de Moçambique (será que ele falava português?).

Pelas minhas contas, são 11 livros sobre Kurt e mais um tendo Linda Wallander como protagonista. Aliás, sobre o livro de Linda, a ideia de Mankell era criar um spin-off de três volumes sobre a jovem que tinha acabado de se formar policial (será que acontece na série? deixo o questionamento pra vocês), porém, a atriz que interpretava Linda no seriado sueco cometeu suicídio, o que levou o autor a desistir da sequência (infelizmente perdi a fonte em que li esta notícia).
Um dia terei um lar só pra colocar uma placa com meu sobrenome, algo bem comum na Suécia. Foto: site Henning Mankell
Cada episódio da série dura uma hora e meia, e justamente por isso demorei tanto a terminar - poxa, estou acostumada séries com, no máximo, meia hora de duração cada um. Porém, cada vez mais me via envolvida na trama, tentando, ao lado de Kurt, resolver cada crime, cada questionamento proposto. Kenneth se entregou demais ao personagem, fazendo com que eu passasse a acreditar que ele era real. E quando o inspetor começou a esquecer algumas coisas, meu coração passou a doer um pouquinho, porque não queria que acabasse a série...

Não entendo muito de fotografia, mas filmaram a série de modo a deixar o ambiente todo nublado, ressaltando mais os tons sombrios e escuros e sempre focando Kurt solitário. Como se quisessem mostrar que ele é gente como a gente, tem seus medos e incertezas. Suas perspectivas não são as mais positivas, mas ele acaba se mostrando muito inteligente, mesmo expondo tão pouco de si. É só mais um homem em busca de justiça.

No Brasil, a Companhia das Letras detém (até segunda ordem, pelo menos) o direito exclusivo de publicar as obras de Mankell. De novo pelas minhas contas (sou de humanas, gente), a editora publicou oito, mas eu só consegui dois até o momento (A Quinta Mulher e Um Passo Atrás), mais adiante pretendo trazer as resenhas de ambos. Mesmo ainda não tendo lido, recomendo demais a série, e, como está na Netflix, vale a pena acompanhar.

Henning Mankell faleceu em 2015, na cidade sueca de Gotemburgo. Além de escritor, era diretor e dramaturgo. Foi casado com Eva Bergman, filha do lendário cineasta Ingmar Bergman. Apesar de seus vários livros, a série de Kurt Wallander é considerada sua obra-prima.