Olá!

No Vida Literária de abril, eu escolhi Para Sempre Alice, de Lisa Genova. Pra quem não sabe/não lembra, o Vida Literária é um projeto que consiste em que eu, a Ani do EC&M e a Raíssa d'O Outro Lado da Raposa leiamos um livro, comentemos e depois fazemos as resenhas. Eu escolhi esse livro porque não estava com vontade de ver o filme e porque não me lembrava de ler um livro em que a protagonista tinha mal de Alzheimer.

Capa original vs. Pôster do filme
Skoob | Submarino | Americanas | Travessa

O livro nos apresenta Alice Howland, professora de linguística em Harvard. Ela possui doutorado na área, é uma profissional brilhante, que dedicara os últimos 25 anos de sua vida à universidade e ao aprendizado. Ela é casada com John, também doutor em Harvard e tem três filhos: Anna, Lydia e Tom.

Estava para completar 50 anos, a menopausa ainda não chegara, mas já podia sentir os primeiros sintomas. Depois foram os esquecimentos, começou a esquecer algumas palavras, até o dia em que esqueceu como chegar em casa. Foi ao médico pensando que estava com estresse, foi aí que a bomba caiu: Alice estava com mal de Alzheimer de instalação precoce, ou seja, a doença deflagrou nela antes da hora.

Como se sabe, o Alzheimer pode ser detectado em pacientes com mais de 65 anos, porém, há casos como o de Alice, em que a doença surge muito antes do previsto. As mudanças são drásticas na vida da família: os filhos têm medo de terem o gene que desencadeia o Alzheimer, principalmente Anna, que é advogada, casada com Charlie e quer ter filhos. Tom é o médico da família, vive trocando de namorada e Lydia quer ser atriz, dispensando o sonho (de sua mãe) de fazer uma graduação.

A partir daí, acompanhamos Alice em sua peregrinação para frear a doença, a mudança drástica em seu casamento e em sua vida profissional, o enfraquecimento de seu relacionamento com John, a força que sua relação com Lydia cresce. A cada dia, um pequeno acontecimento pode ser uma vitória, mas também pode ser um passo rumo à derrocada de Alice, cujo cérebro vai definhando cada vez mais.

Um detalhe deixa a história tão aflitiva: o leitor mergulha na mente de Alice. O leitor vê que o cérebro dela vai se deteriorando a cada dia e ela nada pode fazer. John, seu marido, quer ajudá-la, mas ao mesmo tempo está desesperado, não sabe o que fazer, quer a antiga Alice de volta. A própria Alice luta dia após dia, tentando esconder da comunidade de Harvard sua doença, temendo o dia em que esquecerá os nomes de seus filhos, que foi uma renomada professora em uma grande faculdade, que até mesmo amou John.

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O livro também traz informações muito interessantes, como o Alzheimer se forma na mente, quais os remédios que são tomados, fala-se sobre grupos de apoio para cuidadores, mas nada sobre grupos para portadores de Alzheimer de instalação precoce - que, nos EUA, praticamente não tem. Nesses casos, o papel da família é muito importante. Ela precisa estar perto do paciente, não pode achar que é frescura, como desconfiei de John, logo que Alice foi diagnosticada.

Por incrível que pareça, me vi no sofrimento dos filhos de Alice. Na minha família tem alguns parentes que possuem determinadas doenças que envolvem o sistema nervoso. Meu avô paterno tinha Alzheimer. Isso significa que meu pai e os irmãos dele podem ter o gene desencadeador. O que significa que eu, meus irmãos e primos também podemos ter. No livro, Alice propõe que os filhos façam o exame para saber se possuem o gene, o que me causou certa aflição.

A obra acertou ao tocar não só na família da paciente, mas também nela mesma. Em um dia, Alice era uma professora com um cargo importante, no outro ela passou a esquecer o endereço de casa. E tudo isso foi descrito com uma delicadeza impressionante. Liza merece os parabéns por ter escrito uma trama tão linda e ao mesmo tempo tão rica em detalhes e aprendizados. É mais que um livro, é uma ode à vida.

Para Sempre Alice nada mais é do que a prática de empatia em forma de livro. O Alzheimer é uma doença que sempre ouvimos falar, mas que está longe de nossas realidades. Então ler um relato tão detalhado e íntimo é uma experiência única, que nos introduz na rotina de alguém que tem sua vida completamente transformada por essa doença. Raíssa Martins

Minha felicidade foi saber que a adaptação cinematográfica foi fiel ao livro. A autora utilizou uma forma de narrativa que nos deixa muito próximo da personagem central e isso é ótimo, porém, é triste ver a forma como a doença vai dominando Alice. Uma obra linda. Ana Paula Lima

Eu li o ebook, então não tenho muito o que dizer do trabalho de revisão. Mas a capa, destacando Julianne Moore sofrendo está muito bonita. A Nova Fronteira acertou ao trazer para os leitores brasileiros uma história tão profunda e tocante. Não à toa virou filme e Julianne Moore ganhou mais de 30 prêmios, incluindo o Oscar de Melhor Atriz. Agora, mais que nunca, preciso ver o filme.

Simplesmente leiam.