Olá!

O resenhado de hoje é "O Quinze", clássico da literatura nacional escrito por Rachel de Queiroz.


(aqui eu sempre coloco links para compra, mas nesse caso não tem por motivos de: todos os sites de compra não têm o produto à venda)

O Quinze (o título refere-se à a seca de 1915 que abateu o sertão do Ceará) conta a história de Conceição, uma jovem que mora na cidade grande, mas sempre volta à Quixadá, no agreste cearense, para convencer sua vó, a Mãe Nácia, a acompanhá-la. Ela é apaixonada pelo peão Vicente, que nem quer saber de cidade grande, quer mesmo é salvar seu gado da seca. Em contrapartida, o vaqueiro Chico Bento e sua família sentem na pele a seca do sertão. Chico toma a decisão de ir embora da fazenda onde vivia, depois de ser obrigado por sua patroa a abrir mão do gado que criava, porque não tinha salvação. O vaqueiro e a família vão em busca de uma vida melhor, mas claro, vão "comer o pão que o diabo amassou". Enquanto isso, Mãe Nácia finalmente aceita acompanhar a neta atá a cidade.

Esse livro eu peguei emprestado da minha irmã. Ela ganhou na escola, em um projeto - já extinto pra variar - do governo do estado (não posso deixar de elogiar o Alckmin pela iniciativa, mas bem que poderia ter dado sequência) que, em suma, era dar aos alunos livros de grandes autores nacionais. Minha irmã ganhou bons livros durante três anos. A única vez que ganhei livro da escola foi na quarta série - e ainda os tenho, passados 10 anos. Enfim, peguei da minha irmã e resolvi ler por motivos de: vou ver se é bom. E sim, é muito bom!!!

Por incrível que pareça, lembrei do meu pai ao ler o livro. Ele também é do Nordeste e veio pra São Paulo pra fugir da seca - e também pra fugir da enxada, diga-se de passagem. Mas meu pai é da Bahia e nasceu 40 anos depois da publicação do livro. Pra você ver que a falta de água no sertão não é novidade. Mas, voltando ao livro, além da história do Chico Bento (que não é o do Maurício de Sousa rs) que passa muitos apuros até chegar a cidade, temos a Conceição - Ceição para os íntimos - que divide seu tempo em pensar no Vicente, enquanto que Vicente é um cabeça dura que só quer saber de roça e abomina tudo o que vem da cidade, mesmo tendo um irmão advogado. Vicente também gosta da Ceição, mas, pra variar ela gosta da cidade. Na cidade, além de estudar, Ceição trabalha como voluntária no Campo de Concentração, local onde tinha grande número de retirantes, distribuindo comida e roupas. Pra variar, quando terminei de ler a história, fiquei chocada com o desenrolar dos fatos - tudo bem que no prefácio tinha um baita spoiler, mas ainda assim eu não queria acreditar que o desfecho fosse esse, esperava algo impossível acontecer.

Recomendo a leitura porque além de ser um clássico, é um clássico nacional que retrata um tema que continua atual, mesmo tendo sido escrito em 1930, retratando um fato de 1915 e sendo lido em 2015, é um livro que te faz refletir sobre muitas coisas, inclusive sobre a crise hídrica em São Paulo, pelo menos comigo foi assim, talvez você pense diferente.

O livro é curtinho, tem só 157 páginas e li em um dia (porque não tinha trabalho a fazer, até porque ninguém foi trabalhar dia dois de janeiro), realmente vale a pena a leitura.

Não acha que está na hora de darmos mais valor aos clássicos nacionais e a água? Poderíamos estar na pele do Chico Bento...




15 Comentários

  1. Parece ser um livro fantástico! Concordo contigo valorizar o que é nacional! Beijinhos
    htpp://belezademulheremae.blogspot.pt

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  2. Ooi,

    Água mesmo aqui em SP já não temos HSUHAUSHA.

    Eu ganhei uma vez livros do governo, e foram muitos por sinal. Mas o o projeto começou quando eu estava saindo da escola então peguei uma vez e meu irmão duas acho. Mas esse não veio junto.
    Achei triste não localizar para venda mais, acho que se ligar para a editora até consegue achar.
    Gostei da resenha! Como disse, não tinha lido ainda, e pelo visto só se pegar emprestado. Não sou fã de história como vc sabe, mas gosto desse tipo de livro.


    Beijinhos,
    www.entrechocolatesemusicas.com

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    1. OIII Minha mão também recebeu esses pacotes de livros quando estagiava ai em São Paulo!

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  3. Tema mais atual que esse não existe! Será que encontro? Gostei da resenha!
    Beijos!

    Sociedade do Esmalte

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  4. Se eu falar que não gosto desse tipo de livro vou apanhar? Espero que não kk, mas ótima resenha.
    Beijos
    Dezesseis de Volta | Fan Page

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    1. Kkkkkk recebeu esse livro na escola e tinha que ler é foi falar de um site que quer ajudar falando nada com nada kskskskskskksjsjsm

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  5. Oi, Kamilla.

    Realmente precisamos dar mais valor a esses dois mesmo. Quando não estamos em uma cidade que sofre com a crise da água nem notamos o quanto ela pode prejudicar a esses moradores. Fiquei muito feliz em ler a resenha e com certeza irei querer ler esse clássico nacional que aborda um tema tão recente.

    Beijos.
    Visite: Paradise Books BR

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  6. Oi Kamila,
    De fato, está na hora de valorizarmos mais os classicos nacionais.
    O problema é q nunca tinha ouvida falar desse livro, acredita? Programas do governo para divulgar essas obra sao essenciais.
    Interessante ver como a obra continua atual, mesmo passado tanto tempo da publicação
    Abraço,
    Alê
    www.alemdacontracapa.blogspot.com

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  7. Amo os clássicos, ainda mais quando se são nacionais.
    Precisamos de um incentivo a esse tipo de leitura.
    Adorei a resenha, muito bem elaborada.

    Beijinhos
    http://cabinedeleitura1.blogspot.com.br/2015/01/resenha-quilometros-de-saudade.html

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  8. Oie, Kamila!
    Não sei se conseguiria ler esse livro. Foge de tudo que eu estou acostumada. No entanto, é bem pequeno, então quem sabe? Não gostei muito do enredo, mas concordo que devíamos valorizar mais o que é nosso. Infelizmente eu faço parte do grupo que não coloca muita fé nos nacionais.
    Tem post novo no Me Livrando. Aguardo com prazer sua visitinha. Já estou seguindo você.

    Com carinho,
    Celly.

    http://melivrandoblog.blogspot.com

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  9. Eu gosto muito de visitar a biblioteca da minha cidade e com certeza lá deverá ter este livro. Adoro ler clássicos e este ainda não li. Só tenho a lhe agradecer pela dica que sem dúvida foi muito bem vinda!

    Beijo, Vanessa Meiser

    http://balaiodelivros.blogspot.com.br/

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  10. acho que em minha vida falta um incentivo muito grande porque grande parte dos livros que você indica eu não conheço =/
    Mas eu adorei a resenha me deu vontade de ler o livro me deixou curiosa
    http://descrevendonuvens.blogspot.com.br/

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  11. Olá!
    Eu li esse livro para a escola, pois havia uma prova sobre ele. Nem me lembro mais do final, mas me lembro bastante do drama de Chico Bento e a família para chegarem a cidade. Um outro livro com um tema semelhante é Vidas Secas, que é ótimo também.

    Leitores Forever

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  12. Olá,
    Primeiramente parabéns pela resenha. Já havia lido este livro há algum tempo e depois de anos voltei a ler novamente, uma história que me encanta e me emociona.

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  13. "O núcleo mais marcante do romance, certamente, é o de Chico Bento e sua família. Eles representam o povo que passou fome nas secas do nordeste. Perderam tudo, pois não havia criação ou plantação que sobrevivesse a falta de chuva. Como muitos, Chico Bento só podia arribar; sair em busca de qualquer coisa em outro lugar. Inicialmente, pensou em ir para a Amazônia, por fim, acabou indo para São Paulo. Sua Jornada inclui fome, morte e desespero. Imagine sair em busca de não se sabe o quê em cima apenas dos próprios pés! Caminhou com rumo incerto, como tantos antes e depois dele fizeram. Viveu com a família em um Campo de Concentração, comendo a ração dada pelo governo, até finalmente conseguir ir em busca do seu destino. É um retrato perfeito do pobre sertanejo feito por Rachel de Queiroz; praticamente uma transcrição da realidade para as páginas do livro."

    "Conceição foi outra personagem que me marcou. Embora não tenha passado pelas situações extremas que Chico Bento e sua família passaram, ela era uma mulher a frente de seu tempo e não deixou de ter seus sofrimentos, ainda que vivendo uma vida mais confortável. Professora, solteira, amante dos livros e apaixonada pelo primo Vicente, nunca conseguiu dar o próximo passo em direção ao altar, como o esperado por todos. Seu medo de não ser capaz de lidar com as diferenças que existiam entre ela e o primo, para mim, foi uma atitude corajosa. Inserida em uma sociedade patriarcal em que o papel da mulher era ser esposa, Conceição escolheu ser ela mesma, temendo não poder exercer os dois papéis."

    Essas são umas das partes mai interessantes do livro.

    :D muito legal sua resenha gostei bastante :)

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Olá!!

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