Olá!

Há algum tempo, postei aqui no blog a resenha de Pollyanna, em nova edição publicada pela Autêntica. Rapidamente, caso alguém não saiba, "Pollyanna" foi escrito pela norte-americana Eleanor H. Porter, em 1913. Dois anos depois, veio o "Pollyanna Moça", cuja resenha eu trago agora.
P.S.: pode conter spoilers do livro anterior.
Pollyanna Moça começa, por incrível que pareça, sem Pollyanna. Della Wetherby é uma enfermeira que conhece a garotinha de longa data, e, via carta, acaba pedindo para a tia de Pollyanna que deixe a menina na casa de sua irmã, ms. Ruth Carew, aproveitando que tia Polly e seu marido vão passar uma temporada na Alemanha.

No início, ms. Polly Chilton fica ressabiada com o convite de miss Wetherby, pois não quer que vejam a menina como "remédio", a ser medicada em "doses". Mas, o dr. Chilton, marido de Polly, acha uma boa ideia, corroborada pelo dr. Ames, médico de Pollyanna, que conhece a reputação de ms. Carew.

Mas não será nada fácil para Pollyanna. Seu jeitinho doce não faz o tipo de Boston, que é a cidade de ms. Carew. Tia Polly autoriza a viagem, mas fazendo questão de, antes, conhecer a tal senhora que cuidará da menina. Ruth Carew tem uma profunda tristeza, que fará com que Pollyanna tenha mais dificuldade em fazer seu conhecido Jogo do Contente.
Depois que Pollyanna volta de Boston, onde viveu várias situações e conheceu pessoas queridas, como Jamie e Jerry, ela vai para a Alemanha com seus tios. Volta só seis anos depois, com tia Polly tão triste quanto antes, agora que o dr. Chilton faleceu e elas estão muito endividadas. Jimmy Bean, amigo de Pollyanna de longa data, agora está mudado. Oficialmente, ele foi adotado pelo sr. Pendleton, outro amigo de Pollyanna, então não gosta mais de ser chamado de Jimmy Bean, mas Pollyanna não consegue...

Ruth Carew também está diferente, para melhor. Conforme o tempo foi passando, ela adotou Jamie, o amigo que Pollyanna fez em Boston, mas o motivo de sua tristeza profunda permaneceu todos esses anos. Agora, aos 20, vai ficar mais difícil para Pollyanna fazer seu jogo...

Até a Bienal, não fazia ideia de quem era Pollyanna, só a conhecia através de seu ditado popular. Mas me encantei com o primeiro volume e também me encantei com este. Apesar de ter sido escrito em 1915, onde as convenções sociais eram muito diferentes das nossas, muitas coisas nele retratadas ainda são vistas em pleno fim de 2016. Há uma forte crítica social por trás das palavras de Sadie Dean, por exemplo. Sadie Dean é uma moça que Pollyanna conheceu no Boston Public Garden. Ela tem uma vida sofrida, sem motivos para sorrir, mas sua mensagem tocou profundamente a ms. Carew, a ponto de sua vida ter uma revira-volta.
Apesar da crítica social nele incluída, o livro é, obviamente, voltado às crianças, que não podem perder a essência da infância. Atualmente, as crianças meio que estão crescidas demais, amadurecem antes da hora. Não vou entrar nos méritos que levaram a essa situação, mas, no meu tempo, meninas (incluindo eu) queriam ser professora e os meninos, jogador de futebol. Hoje já não é mais assim. Detalhe: tenho "só" 22 anos. Ter a inocência de Pollyanna, hoje em dia, é praticamente impossível. Se Pollyanna vivesse em 2016, ela teria perdido toda a fé na humanidade e seu Jogo do Contente ficaria no passado.

Livros como Pollyanna e Pollyanna Moça não podem ficar de fora da biblioteca tanto das escolas como das casas das crianças. Histórias como essas são aquelas que os
pais devem ler para os filhos antes de dormir, porque, além de terem lindas mensagens, são uma forma de manter a fé na humanidade, que hoje tá difícil...

A edição da Autêntica está uma graça. Não encontrei erros e o desenho da capa mostra, sutilmente, o crescimento de Pollyanna. O Pollyanna Moça tem mais páginas que o anterior, mas dá pra ser lido rapidamente, pois a escrita é fluida - obviamente feita pensando nos pequenos.

Portanto, a leitura está mais que recomendada. Pollyanna e Pollyanna Moça foram escritos para as crianças, mas todos devem ler, inclusive como forma de unir a família, conceito esse que foi tão transformado ao longo do tempo.