Olá!

O resenhado de hoje eu comprei na Bienal de SP (sdds), mas só pude ler nas férias. Estava com boa expectativa em relação a O Erro, e elas foram correspondidas. Confiram a resenha do segundo livro da série Amores Improváveis, publicado pela Paralela, selo da Cia. das Letras (quantos selos ela tem??)

Resenha Anterior: O Acordo

O Erro é o segundo livro da série Amores Improváveis. E aqui, temos John Logan, integrante do time de hockey no gelo da Universidade Briar. Ele gosta da Hannah, que namora seu melhor amigo Garrett (que é um spoiler do livro anterior). Então, para esquecê-la, ele fica com várias garotas. Mesmo. Praticamente uma por dia. Além de excelente jogador, ele também é muito bom em esquecer de seus problemas familiares.

Do outro lado, temos Grace Ivers, que está para completar 19 anos e ainda é virgem. Filha única, é toda certinha e vista como "santinha", tem um pai bacana porém rígido e uma mãe que é doida de pedra, mas também é muito legal. Sua única amiga é Ramona, e se conhecem desde os seis anos. Apesar de seu jeito delicado, tem muita confiança.

E por um acaso da vida, Logan acaba indo parar no quarto onde Grace dorme. Ele pede para usar o telefone e percebe que ela estava assistindo Duro de Matar 2, que ele também adora. Logan acaba ficando por ali, para assistir com ela esse sucesso (que já devo ter assistido também, mas não lembro da história). Então, depois do filme, como em todos os hots, eles vão ficar. Não, não vai ter sexo agora, mas o quarto vai pegar fogo.
Só que a Grace finge um orgasmo. E mente. E Logan percebe que ela mentiu. E vira uma questão de honra para ele fazê-la gozar. E ele até consegue, mas, devido um mal-entendido, as sessões de pegação entre Logan e Grace vão acabar. Na verdade, nem é tão mal-entendido assim, mas do jeito que acontece, acaba dando merda da mesma forma.

E é aí que Logan percebe a realidade. Ele nunca quis Hannah. Ele queria para si o mesmo que ela tinha com o amigo. E percebeu que só queria se fosse com Grace, que continuava irredutível em seu desejo de ficar longe dele. Agora Logan precisará dar o seu melhor para reconquistá-la, ao mesmo tempo em que está jogando seu futuro no lixo, por causa de seu pai, um velho alcoólatra que não consegue se reabilitar.

Apesar de ser uma série super clichê, gosto muito dela porque a escrita da Elle envolve e te prende, porque se fosse pela história em si, acharia um belo pé no saco. Mas, gostei de Grace mais do que gostei de Hannah. Meio que me identifiquei com ela, duas santinhas que querem se divertir, mas que tem medo das opiniões da sociedade. Uma que odiei, com certeza, foi Ramona! Que mina chata! Se dizia amiga da Grace, mas fez várias coisas que, se fosse eu no lugar, já tinha socado a cara dela.
Esse livro comprei no lançamento, lá na Bienal (sdds), mas posterguei a leitura até o fim de ano. Demorei para ler, mas não me decepcionei. Elle escreve muito bem, nos inserindo na Briar e em seu contexto social - que é mais do mesmo que vemos numa infinidade de livros e filmes. E também ela fala do hockey sem ser uma coisa mais chata do que já é. É fácil ver as festas que Logan frequenta, assim como as conversas entre Grace e sua mãe, nada forçado.

A edição da Paralela está muito boa, sem erros. A história é contada sob os pontos de vista de Logan e Grace e a capa brasileira é mil vezes mais bonita que a original. E tem um detalhe nela que vi em outro blog e, sério, é tão minúsculo que não tem como ver! Só queria saber porque escolheram logo uma capa da Intrínseca hahahaha Agora, só nos resta aguardar o próximo volume, cujo título original é O Jogo e será publicado em fevereiro.


Olá!

O resenhado de hoje é um livro que, se pudesse, penduraria no pescoço e sairia por aí, levando a "palavra de Larsson" para o mundo! Não posso fazer isso, mas posso falar pra vocês minhas impressões sobre o clássico Os Homens que Não Amavam as Mulheres, do jornalista sueco Stieg Larsson. Há algum tempo, eu fiz a resenha do filme, de mesmo nome. Lá eu contei a história do filme, a história de Larsson e pincelei sobre o imbróglio que se deu após sua (tosca e prematura) morte.
Então, farei um breve resumo da história pra depois eu explicar como me senti após ler o livro. Mikael Blomkvist é um jornalista que, após denunciar um empresário, sua vida vira de cabeça pra baixo, tudo porque o tal empresário provou sua inocência e Blomkvist acabou julgado e culpado por difamação.

Então aparece o milionário Henrik Vanger na vida do nosso Mikael. Ele quer que o jornalista investigue um crime que aconteceu há quase quarenta anos: o assassinato de sua sobrinha Harriet. Como o jornalista não tinha o que fazer - estava desempregado - resolveu assumir o caso.

Enquanto isso, Lisbeth Salander tinha seus próprios problemas: sob a tutela do Estado, tinha que se submeter a um tutor que a incomodava bastante. Tirando isso, tinha uma vida até interessante: trabalhava na Milton Security, investigando pessoas - uma hacker. E foi assim que ela conheceu Mikael. Mas, o que Mikael e Lisbeth não sabiam que o crime envolvendo Harriet Vanger era só a ponta do iceberg...

O filme - o sueco, claro - foi fiel ao livro. Em vários momentos durante a leitura, me vinha na mente vários flashes do filme. Mas ao mesmo tempo, é como se o filme tivesse deixado de lado a essência da trama. A verdadeira mensagem que Larsson queria transmitir. Alguns detalhes ou foram negligenciados pelo diretor ou eu não reparei no filme, mas isso é o de menos.

A leitura não é nenhuma onda, mas me bateu forte (perdão pelo trocadilho). Quando acabei, se eu pudesse, me jogaria do ônibus - sim, eu leio no transporte coletivo, não é muito recomendado por causa do balanço, mas se você sentar na janela, a luz é boa. A escrita do autor mexe com nossa mente de tal modo que você se pergunta: como isso aconteceu? Por quê? Qual o sentido da vida?

Stieg finalmente explicou porque Lisbeth vive sob tutela do Estado, é um pouco confuso, mas é como se o governo dissesse que ela é incapaz de tomar decisões, como ter uma conta no banco, por isso é necessário que alguém faça isso por ela. Isso me intrigou no filme e o livro me tirou essa dúvida. Apesar de ter 522 páginas divididas em seis capítulos - todos com data - a leitura fluiu tranquilamente, ele escrevia de um jeito que te envolve e te ensina. Aprendi várias coisas sobre a Suécia, até.

Lisbeth é a pessoa mais antissocial que já vi na literatura mundial. Mas sabe que eu gostaria de ser amiga dela. Com ela é 8 ou 80. Ao mesmo tempo que não é compreendida pela sociedade, é um gênio da informática, mas gosta de viver à margem. Ainda não sei a motivação disso, mas com certeza tem a ver com a infância. Pela força que tem, Lisbeth Salander virou meu ideal de coragem e inteligência - eu gostaria de ser como ela, mas sem os traumas.

E o que dizer do Mikael: morro de amores! Eu não acho que o autor quisesse arrancar suspiros das leitoras ao criar o personagem - cujo apelido no livro é Micke e no filme é Kalle, vai entender... - mas mesmo assim, queria um desse pra mim. E já que não posso, pelo menos posso me espelhar profissionalmente. Ele é um bom profissional, apesar de ter cometido uma falha gravíssima - do ponto de vista investigativo, mas ainda assim é um exemplo de profissional.

Outra coisa que me chamou a atenção foi o alto número de casos de violência doméstica na Suécia: segundo o autor, em 2005, mais de 80% das mulheres sofreram algum tipo de agressão. Isso me assustou, partindo da premissa de que a Suécia é um dos países que praticamente beira a perfeição, no IDH tá ali, próximo do 1 (lembrando que o Índice de Desenvolviment Humano vai de 0 a 1). Um país de primeiro mundo não deveria ter um índice tão alto, mas, infelizmente, se nem as suecas estão livres da violência doméstica, imagine nós aqui na América ou as que vivem em regiões muito mais pobres...
Que lombadas lindas <3
Essa capa é mais bonita que a da nova edição - a nova provavelmente foi traduzida direto do sueco e tem a nova reforma ortográfica - ao passo que essa edição que tenho, que foi publicada em 2008, foi traduzida da edição francesa. Foi feito um ótimo trabalho de tradução, mas eu gosto mesmo é quando é traduzido do idioma original. Não localizei erros de ortografia, só que, se eu ler pensando na ortografia antiga, a revisão está impecável. Mas como eu li em 2016, então não posso exigir nada, mais fácil eu comprar o livro de novo, rs.

Não sei o que esperar dos demais volumes, mas, depois de ler fiquei pensando: e se a viúva de Larsson desse sequência na série? Sabe-se que o quarto volume, escrito pelo jornalista David Lagercrantz, foi escrito contra a vontade da viúva de Larsson, Eva Gabrielsson, que possui os originais de uma continuação - que foi concebida para ter 10 volumes. Não entendi muito bem os detalhes, mas de um lado da briga está a viúva, que detém os textos de Stieg e do outro estão o pai e o irmão do autor, herdeiros legais. Lembrando que Larsson não era casado legalmente, mesmo convivendo por quase três décadas com Eva, por isso a briga pela herança.

Como não saberemos se um dia a sequência deixada por Stieg Larsson verá a luz, fiquemos com o que tem: uma história de tirar o fôlego, com personagens muito inteligentes cujo objetivo é fazer tremer quem está no poder. Por ora vou dar uma pausa na série, pois tenho outras séries para encerrar hahaha

P.S.: Lá no início eu disse que a morte de Larsson foi tosca e prematura. Foi mesmo. Ele fumava cerca de três maços de cigarro por dia e adorava um McDonalds. Pois bem, no dia de sua morte, o elevador do prédio onde ficava seu escritório - no sétimo andar - não estava funcionando. Subiu os sete lances, teve um ataque cardíaco e morreu aos 50 anos, deixando uma série maravilhosa, mas um baita pepino para viúva e familiares.

Então, como nunca te pedi nada, por favor, leia essa resenha e corra pra ler os livros e ver os filmes. Foi o jeito que encontrei para disseminar a "palavra de Larsson" pelo mundo!!!