Olá!
É sempre bom sair da zona de conforto, mas e se você pudesse fazer isso sem precisar sair da sua zona de conforto? Sim, a frase ficou estranha, mas é isso mesmo. E logo abaixo eu explico, mas posso adiantar que esta experiência foi melhor que a anterior. Confira a resenha de Por Favor, Cuide da Mamãe.
SKOOB - Por Favor, Cuide da Mamãe é o romance da sul-coreana Kyung-Sook Shin e conta a história de Park So-nyo, de 69 anos e moradora de uma cidadezinha do interior da Coreia. Um certo dia, ela e o marido pegaram o trem rumo a Seul para comemorar o aniversário dele - e o dela também, já que as datas são próximas. Só que, na estação, o casal se desencontra e ela acaba desaparecendo.
No desespero de encontrar a mãe, os filhos colocam cartazes por toda a cidade. Os dias vão passando e nenhum notícia de Park So-nyo. Nesse meio tempo, os filhos começam a vasculhar a mente em busca de lembranças.
A mãe fazia de tudo para que seus cinco filhos se tornassem alguém na vida. Hyong-chol, o primogênito, sempre quis ser promotor público, por exemplo. Já a terceira filha, Chi-hon, é escritora e vive viajando pelo mundo, por isso diz não ter nada para lembrar da mãe. Mas é claro que isso não é verdade.
Li esse livro lá pelos idos de 2009 (ou 2010? Fica o questionamento...), mas a história ficou guardada no meu coração; nunca me esqueci da delicadeza com que a autora narra a trama, mesmo em terceira pessoa. Os personagens contam a história como se estivesse conversando com o leitor, tamanha intimidade na escrita.
Uma coisa que me chamou a atenção foi que todos os personagens - sem exceção - que tinham uma convivência com a Park So-nyo a tratavam por Mãe, ao passo que seus filhos a chamavam de Mamãe. Para que vocês vejam como o povo coreano é fiel às suas raízes acerca de educação e família - isso também é visto em doramas. O livro fala muito sobre arrependimento, perdão, amor e a autora delineou a obra de tal modo que você visualiza tudo, como se estivesse vendo um filme.
Outra coisa que me chamou a atenção foi na capa, o rosário de pau-rosa, encontrado somente no menor país do mundo e que foi bem representado na capa. Uma metáfora perfeita para o conceito de mãe e filha.
Quando tive a oportunidade de reler, me emocionei porque ele nos faz pensar em como tratamos nossa mãe. E muitas vezes me vi nos filhos da Park So-nyo, isso porque, assim como eles, não tenho facilidade em demonstrar meus sentimentos. Eu amo minha mãe, mas não saio anunciando por aí, deixo isso subentendido.
A obra também mostra como tem coisa boa na literatura oriental, mas que chega a conta-gotas para nós do Ocidente. Como a Coreia não vive só de dorama e k-pop (graças a Deus), foi publicado originalmente em 2008, mas só chegou no Brasil em 2012, pela Intrínseca, no mesmo ano em que foi agraciado com o prêmio Man de Literatura Asiática - foi a primeira mulher a ganhar tal honraria. Além disso, tem muita informação bacana sobre o país.
Esse livro é uma ferramenta que nos ensina sobre família, amor, perdão e poder reler foi uma grata surpresa, pois compreendi melhor a mensagem hoje do que quando li da outra vez. Ah, lembra que, no início do post eu falei sobre sair da zona de conforto sem sair dela? Pois então, isso me aconteceu quando li este livro, pois, até o momento, só li dois autores asiáticos: Kyong-Sook Shin e o Khaled Hosseini. E ela é a única autora coreana que conheço. Se você conhecer mais nomes, por favor, deixe nos comentários.