Olá!
O resenhado de hoje é um livro que deve ser saboreado, lido com calma e paciência, pelo simples motivo de ser muito lindo. Quando o Amor Bater à Sua Porta é o primeiro livro de Samanta Holtz publicado pela Arqueiro. Seu jeito de escrever me lembrou (GUARDADAS AS DEVIDAS PROPORÇÕES) Nicholas Sparks, mas com São José dos Pinhais (PR) no lugar das roças da Carolina do Norte. Sua escrita delicada (mas sem ser sonsa) é praticamente um reflexo dela, uma pessoa iluminada - tive o prazer de conhecê-la no evento de parceiros da Arqueiro, realizado durante a Bienal (inclusive foi lá que ganhei o livro).
Quando o Amor Bater à Sua Porta começa com a escritora Malu Rocha dando uma entrevista. Até aí, tudo razoavelmente bem, pois ela estava com vontade de socar a jornalista. Porém, quando a repórter fez uma determinada pergunta a Malu, ela simplesmente travou. Não tinha resposta.
O que é o amor para Malu Rocha?
Pois é, essa pergunta ficou martelando na cabeça de Malu, até que um dia, um completo estranho bateu à sua porta. E era estranho mesmo, porque o cara não sabia do próprio nome. Tudo o que a pobre alma sabia era que seu nome era Luiz Otávio Veronezzi e tinha ido até São José dos Pinhais para uma reunião com Malu.
Mas cadê Malu saber da tal reunião. Automaticamente, colocou a culpa em Rebeca, sua assessora estabanada, mas maravilhosa. O que aconteceu foi que Luiz Otávio sofreu um acidente de carro e perdeu a memória (por incrível que pareça, isso é possível). O que mais surpreendeu Malu foi que Luiz Otávio tem o mesmo nome do mocinho do livro que estava escrevendo.
Malu estava preocupada em escrever o final de seu livro, em que a mocinha Ana Clara precisa se decidir por Luiz Otávio ou o ex-namorado. E a presença do Luiz Otávio sem memória iria despertar os mais diversos sentimentos em Malu, cuja única família era seu avô, de 98 anos e que vivia num asilo. O pai é falecido e a mãe mora fora do pais e nem liga pra ela.
Sabem o chão? Pois é, ainda estou nele. Essa história é linda demais. Minha vontade era de sentar com a Malu para uma conversa séria, daquelas em que você só escuta o outro contar sua história e você nem abre a boca, apenas o abraça, o conforta. Nossa protagonista se esconde em um personagem para evitar mais sofrimentos. Ela já sofreu demais e faz papel de dura, papel esse que Luiz Otávio vai tirando pouco a pouco.
Já Luiz Otávio (será que esse é mesmo o nome dele?) tem seu próprio dilema: quem é ele? O que ele tinha a dizer para Malu? Será que algum dia suas lembranças vão voltar? Por algum motivo, que só nos será revelado no final, ele consegue ver a verdadeira Malu, aquela que está escondida sob a rocha que está em seu coração.
Sério mesmo, tento, tento e tento falar escrever, mas na verdade não tenho palavras para descrever essa obra. A forma como Samanta conduz a trama é maravilhosa, por mais que queiramos adivinhar o final (e torcer para que aconteça), ela nos prende à história de tal modo que, quando acaba, a vontade é de sentar e chorar. Mas chorar de alegria, porque a mensagem transmitida é maravilhosa.
Sobre o trabalho da Arqueiro: maravilhoso é pouco. Apesar do erro grave de português que encontrei (foi um só), a editora foi certeira ao escolher a capa, totalmente condizente com a premissa. No mais, mais um excelente trabalho de revisão/edição. Gostei também da arte que fizeram para cada início de capítulo.
No início do livro, a autora montou uma playlist com 31 músicas - uma para cada capítulo + epílogo. É boa pra ouvir enquanto lê. Como não tem quase nada que gosto cadê Laura? Cadê Céline?, então nem ouvi (eu leio no ônibus, onde tenho minhas próprias playlists), mas como sou diferentona recomendo que ouçam sim, com certeza vocês vão curtir algumas músicas. A Arqueiro disponibilizou no Spotify, então vou deixá-la no fim do post.
Sinceramente, Samanta não pode sair da Arqueiro, sua escrita combina com o estilo da editora (que publica o Sparks, olha aí), desde já aguardo seu próximo livro - e enquanto isso vou pesquisar seus títulos anteriores (todos publicados pela Novo Século).