Olá!

Quem aí gosta de um livro infantil? Eu adoro, apesar de não lê-los com tanta frequência. Mas, depois que eu descobri que Píppi Meialonga foi a inspiração de Stieg Larsson para criar Lisbeth Salander, eu precisava mesmo saber quem é essa menina de tranças espetadas e desbocada, criada pela sueca Astrid Lindgren para sua dar de presente para sua filha, em seu aniversário de 10 anos. Conheçam Píppi e saibam o que ela foi fazer nos Mares do Sul.
Píppi Meialonga é um personagem icônico na Suécia. Guardadas as devidas proporções, ela está para o país escandinavo assim como a Mônica está para nós brasileiros e a Mafalda para os argentinos. Assim como a brasileira e a argentina, ela é independente e não tem papas na língua. A diferença é que mora sozinha e tem uma mala cheia de moedas de ouro.

Ela, que é a pessoa mais famosa de sua cidade, mora na Vila Vilekula (esse é o nome da casa dela), que fica numa cidade minúscula. Seus vizinhos são Aninha e Tom, além do seu cavalo e de seu fiel escudeiro, o macaquinho Sr. Nilson. Píppi, Aninha e Tom são os melhores amigos, sempre caçando algo pra fazer, até que chegamos a este livro.

Um senhor distinto chega à cidade, cujos atrativos são apenas o túmulo Viking, o museu de arte popular... e a Vila Vilekula. E o tal homem se interessa, de repente, pela casa de Píppi, que, totalmente alheia, está pulando amarelinha. Até que eles empreendem uma conversa que, claramente, foi vencida por Píppi, que, aliás, é muito forte, tanto que jogou o senhor distinto para fora de sua propriedade - velha e mal cuidada, inclusive.
Os mares do sul, propriamente ditos, só vão aparecer quando Píppi recebe uma carta de seu pai, o capitão Efraim Meialonga, convidando-a para ir à ilha onde ele era rei, no Sul. A ilha em questão chama Currecurredutina. Tom e Aninha, a princípio, ficam muito tristes, mas quando ela avisa que os amiguinhos vão também, eles ficam eufóricos. E nessa ilha cheia de mistérios e de uma população exata de 126 habitantes, Píppi Meialonga e seus amigos aprontam altas aventuras.

Meu interesse por Píppi Meialonga surgiu enquanto lia a biografia de Stieg Larsson. Sim, ele tem uma biografia, publicada aqui pela Companhia das Letras. E o biógrafo do pai da trilogia Millennium conta que algumas características de Píppi foram importantes para a criação de Lisbeth Salander. Aliás, Lisbeth surgiu quando Stieg pensou em como seria Píppi Meialonga na idade adulta. Inclusive, nos livros Millennium é possível ver várias referências do mundo de Lindgren no mundo de Larsson, como, por exemplo, o fato de que Lisbeth odeia ser chamada de Píppi Meialonga...
Então, procurando conhecer quem é essa menina de tranças ruivas espetadas e sardas no rosto que sempre tem uma resposta na ponta da língua e não frequenta a escola, comecei a procurar os livros dela. E até o momento, dos cinco livros da Píppi que o selo Cia. das Letrinhas publicou no país (a editora publicou oito obras de Astrid no total), consegui dois. E sim, são livros voltados para as crianças, principalmente àquelas que acabaram de se alfabetizar. Mas a mensagem que Astrid mostra deve ser lida por todos, por isso que, de vez em quando, vale a pena mergulhar - ou navegar - pelos mares da literatura infantil, até porque a criança que existe em cada um de nós continua viva, só está escondida em uma grossa camada de realidade...

P.S.: pra quem reclama dos nomes esquisitos que alguns personagens literários têm, não é possível que vocês reclamem também do fato de que os amigos de Píppi se chamem Tom e Aninha. Originalmente, eles são Tommy e Annika.

P.S.: música do seriado de TV de Píppi, exibido nos anos 60. A voz é da própria Astrid Lindgren, segundo pesquisas.